2004/11/04
A Europa existe?
Parece que não. Pelo menos como realidade política.
Em primeiro lugar não há união. O caso Buttiglione é um exemplo paradigmático de desunião política. Quando muito poderemos falar de duas europas em combate: uma de matriz cultural e históricamente cristã e outra, jacobina e antireligiosa, do “barrete frígio”.
Na prática, as raízes cristãs da Europa são um facto, independentemente de virem ou não referidas no texto da Constituição. A guerra entre a Europa cristã e a jacobina não é mais do que continuação da divisão marcada a gume de guilhotina há 200 anos.
A fraca adesão da generalidade dos europeus – cerca de 60% de abstenções – aos actos eleitorais faz pensar inequivocamente que o modelo de Bruxelas e Estrasburgo interessa sobretudo aos grandes empresários, aos políticos e funcionários que lá se sentam, às grandes ONG’s e minorias que os mainstreamam. Aos europeus não diz rigorosamente nada. O sentimento é de crise e decadência.
A Turquia vem ajudar à festa.
Alguns políticos bem podem achar que o cerco de Viena já lá vai, porque a guerra e o cerco agora são outros. É pena que não tenham percebido isso.
A base cultural e filosófica greco-romana e a mundividência judaico-cristã (não confundir com o judaísmo político ou sionismo) são os factores históricos que conferem unidade à Europa. A entrada da Turquia vai debilitar esta unidade, já de si enfraquecida por divisões internas. Aliás, essa entrada já está a dividir ainda mais a Europa.
Mas, como há males que vêm por bem, pode ser que o papel divisor da Turquia seja determinante para implodir a Constituição Europeia. Quem sabe?
Nada tenho contra a Turquia ou os turcos. Talvez até alguns europeus devam reaprender alguma coisa com os turcos e as turcas, sobretudo em matéria de género, casamento e natalidade.
Quando falamos de Europa estamos a reportar-nos a uma realidade histórica e cultural, de certa forma unitária, conhecida no tempo, da qual a Turquia nunca fez parte. Ao juntar a Turquia a essa realidade, ela deixa de existir para passar a ser outra coisa diferente, que não é possível dizer agora o quê.
Manuel Brás
Em primeiro lugar não há união. O caso Buttiglione é um exemplo paradigmático de desunião política. Quando muito poderemos falar de duas europas em combate: uma de matriz cultural e históricamente cristã e outra, jacobina e antireligiosa, do “barrete frígio”.
Na prática, as raízes cristãs da Europa são um facto, independentemente de virem ou não referidas no texto da Constituição. A guerra entre a Europa cristã e a jacobina não é mais do que continuação da divisão marcada a gume de guilhotina há 200 anos.
A fraca adesão da generalidade dos europeus – cerca de 60% de abstenções – aos actos eleitorais faz pensar inequivocamente que o modelo de Bruxelas e Estrasburgo interessa sobretudo aos grandes empresários, aos políticos e funcionários que lá se sentam, às grandes ONG’s e minorias que os mainstreamam. Aos europeus não diz rigorosamente nada. O sentimento é de crise e decadência.
A Turquia vem ajudar à festa.
Alguns políticos bem podem achar que o cerco de Viena já lá vai, porque a guerra e o cerco agora são outros. É pena que não tenham percebido isso.
A base cultural e filosófica greco-romana e a mundividência judaico-cristã (não confundir com o judaísmo político ou sionismo) são os factores históricos que conferem unidade à Europa. A entrada da Turquia vai debilitar esta unidade, já de si enfraquecida por divisões internas. Aliás, essa entrada já está a dividir ainda mais a Europa.
Mas, como há males que vêm por bem, pode ser que o papel divisor da Turquia seja determinante para implodir a Constituição Europeia. Quem sabe?
Nada tenho contra a Turquia ou os turcos. Talvez até alguns europeus devam reaprender alguma coisa com os turcos e as turcas, sobretudo em matéria de género, casamento e natalidade.
Quando falamos de Europa estamos a reportar-nos a uma realidade histórica e cultural, de certa forma unitária, conhecida no tempo, da qual a Turquia nunca fez parte. Ao juntar a Turquia a essa realidade, ela deixa de existir para passar a ser outra coisa diferente, que não é possível dizer agora o quê.
Manuel Brás
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