2004/07/19
Porquê contra-atacaram os Anglo-Americanos no Iraque?
Os taliban tinham sido vencidos no Afeganistão, e a Al-Qaeda, por isso expulsa aí também das suas bases, tinha à escolha talvez entre vários destinos. Mas um destino parecia o mais certo e seguro: o território e protecção do Iraque, cujo regime rigorosamente ditatorial mostrava sentir-se cada vez mais forte para afrontar o Ocidente.
Ora o objectivo, nesse caso, podia nem ser, senão indirectamente, o próprio Ocidente: seria, antes de mais, a Arábia Saudita, e há hoje peritos ou estudiosos que o crêem muito seriamente.
Diz John Gray, em "Pax Americana", acabado de publicar, em tradução" pela Editora Relógio d'Água:
"Se a Al-Qaeda conseguisse atingir o seu objectivo de deitar abaixo o regime saudita, poderia estrangular a economia americana."
"È certo - continua - que os EUA poderiam ser capazes de reduzir a sua dependência do petróleo saudita; mas nas próximas décadas, a curto ou a médio prazo, só poderão fazer isso se intensificarem o seu envolvimento com outras regiões produtoras de petróleo."
O que leva tempo - comentamos nós - e, pelo menos temporariamente, iria agravar ainda mais o preço do "crude".
O controlo do petróleo é uma exigência de primeiríssima ordem para o Ocidente, não pode por isso ser tratada superficialmente e displicentemente, como tantos o fazem, quase como se, no meio de lucubrações muitíssimo espirituais, fosse uma vergonha, mesmo uma indignidade ou um enorme pecado, tratar das questões vis do materialíssimo e repugnante petróleo.
Aqui não se brinca, nestas coisas.
Era, pois, indispensável aos E.U.A. (e ao Ocidente, acrescento) assegurar o controlo do Iraque, donde a Al-Qaeda podia dar cabo de todo o futuro do Ocidente, como superpotência necessária, indispensável à nova ordem mundial de que o mesmo Ocidente é responsável, fiador e justo beneficiário.
Está esse controlo assegurado?
Não está; nem nunca estará completamente.
Estaria, porém, seguramente muito pior se a Coligação não tivesse avançado ao ataque.
Tem a Coligação outros problemas, claro: mas está no terreno (e daí não deve sair, tanto quanto se alcança, como concordam até os que foram e são inimigos, críticos ou contrários à intervenção); isto é, daí não vai nem pode a Coligação sair, senão nas condições que ela própria fixar.
Foi um progresso enorme, até porque, apesar das contrariedades e faltas de solidariedade dos Estados do ainda actual eixo franco-alemão, a Coligação vai conquistando ou domando, lentamente, apoios e aliados internos, locais.
É preciso que a persistência e a inteligência continuem a não lhe faltar, como não faltaram até agora.
O resto são ilusões.
A.C.R.
Ora o objectivo, nesse caso, podia nem ser, senão indirectamente, o próprio Ocidente: seria, antes de mais, a Arábia Saudita, e há hoje peritos ou estudiosos que o crêem muito seriamente.
Diz John Gray, em "Pax Americana", acabado de publicar, em tradução" pela Editora Relógio d'Água:
"Se a Al-Qaeda conseguisse atingir o seu objectivo de deitar abaixo o regime saudita, poderia estrangular a economia americana."
"È certo - continua - que os EUA poderiam ser capazes de reduzir a sua dependência do petróleo saudita; mas nas próximas décadas, a curto ou a médio prazo, só poderão fazer isso se intensificarem o seu envolvimento com outras regiões produtoras de petróleo."
O que leva tempo - comentamos nós - e, pelo menos temporariamente, iria agravar ainda mais o preço do "crude".
O controlo do petróleo é uma exigência de primeiríssima ordem para o Ocidente, não pode por isso ser tratada superficialmente e displicentemente, como tantos o fazem, quase como se, no meio de lucubrações muitíssimo espirituais, fosse uma vergonha, mesmo uma indignidade ou um enorme pecado, tratar das questões vis do materialíssimo e repugnante petróleo.
Aqui não se brinca, nestas coisas.
Era, pois, indispensável aos E.U.A. (e ao Ocidente, acrescento) assegurar o controlo do Iraque, donde a Al-Qaeda podia dar cabo de todo o futuro do Ocidente, como superpotência necessária, indispensável à nova ordem mundial de que o mesmo Ocidente é responsável, fiador e justo beneficiário.
Está esse controlo assegurado?
Não está; nem nunca estará completamente.
Estaria, porém, seguramente muito pior se a Coligação não tivesse avançado ao ataque.
Tem a Coligação outros problemas, claro: mas está no terreno (e daí não deve sair, tanto quanto se alcança, como concordam até os que foram e são inimigos, críticos ou contrários à intervenção); isto é, daí não vai nem pode a Coligação sair, senão nas condições que ela própria fixar.
Foi um progresso enorme, até porque, apesar das contrariedades e faltas de solidariedade dos Estados do ainda actual eixo franco-alemão, a Coligação vai conquistando ou domando, lentamente, apoios e aliados internos, locais.
É preciso que a persistência e a inteligência continuem a não lhe faltar, como não faltaram até agora.
O resto são ilusões.
A.C.R.