2004/05/25
Brevíssimo resumo histórico do anti-semitismo: II. As doutrinas.
(continuação)
Como doutrina, o anti-semitismo data da 2ª metade do séc. XIX.
Seria mais exacto chamar anti-judaísmo ou anti-sionismo ao anti-semitismo, pois que, significando este a aversão aos Judeus, povo semita, a verdade é que Semitas também são os Árabes e que estes são até dos mais ferozes "anti-Semitas" (anti-Judeus) que há.
O ponto de partida doutrinal do anti-semitismo esteve na suposta oposição étnica entre os Judeus (identificados aos Semitas) e os Arianos ou Indo-Europeus.
Este preconceito racial foi posto a correr por Christian Lassen (1800-1876), num seu livro de 1844, publicado em Bona, e por Ernest Renan (1823-1892), na "Histoire Génerale et système des langages sémitiques" (Paris 1855) e em "Le Judaïsme comme race et comme réligion" (Paris, 1833).
Este anti-semitismo pretensamente científico (racismo) passou ao campo político através dum célebre panfleto de Wilhelm Marr, publicado em Hamburgo em 1873.
Mas a semente encontrou terreno fértil na juventude imbuída do conceito racista elaborado por Fichte (1762-1814) e das ideias nacionalistas filiadas na filosofia política de Hegel (1770-1831). Nasceu assim o racismo, auxiliar de certo tipo de nacionalismo que se fez sentir em toda a Europa no último quartel do séc. XIX e teve o seu apogeu no pangermanismo e no nacional-socialismo.
Em França o anti-semitismo doutrinal surgiu com Edouard Drummont que publicou, em 1886, "La France Juive", onde atribuía aos Judeus a culpa da corrupção que grassava no País, e fundou o diário "La Libre Parole", a fim de pôr a descoberto os escândalos judaicos. Culminou o anti-semitismo francês no caso Dreyfus.
O anti-semitismo doutrinal foi a bandeira que agitou o ódio contra os Judeus na Alemanha nazi. Dois livros se notabilizaram: o de Adolf Hitler (1889-1945), "Mein Kampf", e o de Alfred Rosenberg (1889-1946), "Der Mythus des XX Jahrhunderts". A Igreja, por um decreto do Santo ofício de 25.03.1928 condenou "odium illud quod vulgo antisemitismi nomine nunc significari solet". Pio XI, na encíclica "Mit brennender Sorge" de 1938, condenou o racismo.
Um véu de mistério envolve a história do povo judaico. Quando os impérios antigos soçobraram, jazendo nas ruínas que os sepultam e identificam, o povo de Israel, de exíguo influxo político, perseguido ao longo da sua história quatro vezes milenária, disperso pelas diáspora, continua indestrutível, desafiando a traição do tempo e a memória dos homens.
__________ x __________
Prezados leitores, a brevíssima história do anti-semitismo que acabam de ler, continuação do poste de ontem, é substancialmente, palavra por palavra, a transcrição da entrada "anti-semitismo" da "Enciclopédia Verbo - Edição Século XXI" subscrita por M. Alves de Oliveira, vol. 2.
E são tudo dados inteiramente novos relativamente ao que já neste blogue se tenha escrito de Judeus e de semitismo ou anti-semitismo, desde os nossos primeiros postes.
Com excepção do que no poste de 21, 6ª feira, escrevemos "Sobre o povo Judeu", que parece inspirado no último parágrafo da transcrição de hoje.
Em ambos os textos, o mesmo apelo ao sentido do mistério histórico do Povo judeu. Mas é simples coincidência.
A.C.R.
Como doutrina, o anti-semitismo data da 2ª metade do séc. XIX.
Seria mais exacto chamar anti-judaísmo ou anti-sionismo ao anti-semitismo, pois que, significando este a aversão aos Judeus, povo semita, a verdade é que Semitas também são os Árabes e que estes são até dos mais ferozes "anti-Semitas" (anti-Judeus) que há.
O ponto de partida doutrinal do anti-semitismo esteve na suposta oposição étnica entre os Judeus (identificados aos Semitas) e os Arianos ou Indo-Europeus.
Este preconceito racial foi posto a correr por Christian Lassen (1800-1876), num seu livro de 1844, publicado em Bona, e por Ernest Renan (1823-1892), na "Histoire Génerale et système des langages sémitiques" (Paris 1855) e em "Le Judaïsme comme race et comme réligion" (Paris, 1833).
Este anti-semitismo pretensamente científico (racismo) passou ao campo político através dum célebre panfleto de Wilhelm Marr, publicado em Hamburgo em 1873.
Mas a semente encontrou terreno fértil na juventude imbuída do conceito racista elaborado por Fichte (1762-1814) e das ideias nacionalistas filiadas na filosofia política de Hegel (1770-1831). Nasceu assim o racismo, auxiliar de certo tipo de nacionalismo que se fez sentir em toda a Europa no último quartel do séc. XIX e teve o seu apogeu no pangermanismo e no nacional-socialismo.
Em França o anti-semitismo doutrinal surgiu com Edouard Drummont que publicou, em 1886, "La France Juive", onde atribuía aos Judeus a culpa da corrupção que grassava no País, e fundou o diário "La Libre Parole", a fim de pôr a descoberto os escândalos judaicos. Culminou o anti-semitismo francês no caso Dreyfus.
O anti-semitismo doutrinal foi a bandeira que agitou o ódio contra os Judeus na Alemanha nazi. Dois livros se notabilizaram: o de Adolf Hitler (1889-1945), "Mein Kampf", e o de Alfred Rosenberg (1889-1946), "Der Mythus des XX Jahrhunderts". A Igreja, por um decreto do Santo ofício de 25.03.1928 condenou "odium illud quod vulgo antisemitismi nomine nunc significari solet". Pio XI, na encíclica "Mit brennender Sorge" de 1938, condenou o racismo.
Um véu de mistério envolve a história do povo judaico. Quando os impérios antigos soçobraram, jazendo nas ruínas que os sepultam e identificam, o povo de Israel, de exíguo influxo político, perseguido ao longo da sua história quatro vezes milenária, disperso pelas diáspora, continua indestrutível, desafiando a traição do tempo e a memória dos homens.
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Prezados leitores, a brevíssima história do anti-semitismo que acabam de ler, continuação do poste de ontem, é substancialmente, palavra por palavra, a transcrição da entrada "anti-semitismo" da "Enciclopédia Verbo - Edição Século XXI" subscrita por M. Alves de Oliveira, vol. 2.
E são tudo dados inteiramente novos relativamente ao que já neste blogue se tenha escrito de Judeus e de semitismo ou anti-semitismo, desde os nossos primeiros postes.
Com excepção do que no poste de 21, 6ª feira, escrevemos "Sobre o povo Judeu", que parece inspirado no último parágrafo da transcrição de hoje.
Em ambos os textos, o mesmo apelo ao sentido do mistério histórico do Povo judeu. Mas é simples coincidência.
A.C.R.
Etiquetas: racismo e racialismo, socialismo