2004/05/24
Brevíssimo resumo histórico do anti-semitismo: I. Os Factos.
(continuação)
O povo de Israel, desde o começo, viveu mais em terra estranha do que no seu território. Daí que a sua história seja tão marcada pela animosidade dos outros povos.
Israel, nascido de Abraão (2000 a. C.), surge no Egipto dos faraós (1400? a. C.) como povo escravizado e perseguido. Amã projectou o extermínio dos Judeus de Susa em tempo de Assuero, identificado com Dario (m. 485 a. C.). Um poderoso movimento de anti-semitismo produziu-se em Elefantíase, no Alto Egipto (412 a 404 a. C.) com o morticínio da colónia hebraica. Os escritores latinos Horácio e Juvenal satirizam-nos. Flávio Josefo, em "Contra Apionem", mostra-nos a hostilidade de gregos e romanos diferente da tributada pelos outros "bárbaros". Em Alexandria, no Governo de Flacco, sofreram pilhagens e morticínios (32-38 d. C.).
O ódio dos Judeus aos Cristãos (1 Tes. 2,15-16) provocou a natural reacção destes, fortalecida com a persuasão do repúdio divino de Israel. Tertuliano, no "Adversus iudaeos", taxa de herética a lei judaica. Olhando-os sempre como suspeitos e molestos, pois não só os Judeus odeiam os cristãos mas aplaudem e concorrem para as perseguições e heresias, a Igreja, durante muitos séculos (313 a 1100), formulou e aplicou benignamente a legislação que, defendendo os Judeus da animosidade exaltada, os impedia de influir na sociedade cristã.
De 1100 a 1500 foi a época das violências e prescrições gerais: extorsões financeiras, limitações de direitos civis, massacres nas Cruzadas, perseguições e expulsões em massa — da Inglaterra (1290), da França (1306,1322, 1394), da Espanha (1492), de Portugal (1496), da Áustria (1670), da Boémia e Morávia (1745). Fruto do anti-semitismo é a instituição do ghetto: bairro de residência coactiva para os Judeus, a "judiaria". Já os imperadores bizantinos adoptaram esta medida segregacionista. Em Paris, no séc. XIII, havia três judiarias na periferia da cidade. Mas o ghetto é sobretudo instituição italiana, existindo nas grandes cidades como Veneza (1516), Roma (1555), Florença, Pádua e outras. Em nossos dias, o ghetto de Varsóvia durante a ocupação nazi (1939-45), contava 500 000 judeus.
Em todo o caso, havia começado no séc. XVIII um movimento de emancipação progressiva do povo hebreu que, iniciada com o édito de tolerância do imperador da Áustria José II (1782), foi consagrada pela Revolução Francesa a 27.9.1791. Apesar, porém, do liberalismo do séc. XVIII, recrudesceu logo a seguir a vaga de ódio e violência contra os judeus. O anti-semitismo ganhou proporções nunca atingidas, com os "pogroms" na Rússia czarista, com a campanha de Edouard Drummont na França (1890), mas sobretudo com o nazismo, a partir de 1933, que vitimou milhões de judeus (campos de concentração) e com as perseguições do regime soviético.
A.C.R.
(continua)
O povo de Israel, desde o começo, viveu mais em terra estranha do que no seu território. Daí que a sua história seja tão marcada pela animosidade dos outros povos.
Israel, nascido de Abraão (2000 a. C.), surge no Egipto dos faraós (1400? a. C.) como povo escravizado e perseguido. Amã projectou o extermínio dos Judeus de Susa em tempo de Assuero, identificado com Dario (m. 485 a. C.). Um poderoso movimento de anti-semitismo produziu-se em Elefantíase, no Alto Egipto (412 a 404 a. C.) com o morticínio da colónia hebraica. Os escritores latinos Horácio e Juvenal satirizam-nos. Flávio Josefo, em "Contra Apionem", mostra-nos a hostilidade de gregos e romanos diferente da tributada pelos outros "bárbaros". Em Alexandria, no Governo de Flacco, sofreram pilhagens e morticínios (32-38 d. C.).
O ódio dos Judeus aos Cristãos (1 Tes. 2,15-16) provocou a natural reacção destes, fortalecida com a persuasão do repúdio divino de Israel. Tertuliano, no "Adversus iudaeos", taxa de herética a lei judaica. Olhando-os sempre como suspeitos e molestos, pois não só os Judeus odeiam os cristãos mas aplaudem e concorrem para as perseguições e heresias, a Igreja, durante muitos séculos (313 a 1100), formulou e aplicou benignamente a legislação que, defendendo os Judeus da animosidade exaltada, os impedia de influir na sociedade cristã.
De 1100 a 1500 foi a época das violências e prescrições gerais: extorsões financeiras, limitações de direitos civis, massacres nas Cruzadas, perseguições e expulsões em massa — da Inglaterra (1290), da França (1306,1322, 1394), da Espanha (1492), de Portugal (1496), da Áustria (1670), da Boémia e Morávia (1745). Fruto do anti-semitismo é a instituição do ghetto: bairro de residência coactiva para os Judeus, a "judiaria". Já os imperadores bizantinos adoptaram esta medida segregacionista. Em Paris, no séc. XIII, havia três judiarias na periferia da cidade. Mas o ghetto é sobretudo instituição italiana, existindo nas grandes cidades como Veneza (1516), Roma (1555), Florença, Pádua e outras. Em nossos dias, o ghetto de Varsóvia durante a ocupação nazi (1939-45), contava 500 000 judeus.
Em todo o caso, havia começado no séc. XVIII um movimento de emancipação progressiva do povo hebreu que, iniciada com o édito de tolerância do imperador da Áustria José II (1782), foi consagrada pela Revolução Francesa a 27.9.1791. Apesar, porém, do liberalismo do séc. XVIII, recrudesceu logo a seguir a vaga de ódio e violência contra os judeus. O anti-semitismo ganhou proporções nunca atingidas, com os "pogroms" na Rússia czarista, com a campanha de Edouard Drummont na França (1890), mas sobretudo com o nazismo, a partir de 1933, que vitimou milhões de judeus (campos de concentração) e com as perseguições do regime soviético.
A.C.R.
(continua)