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2004/05/19

A Ordem atlântica numa Nova Ordem mundial 

Europa e EUA temos de entender-nos no reforço da aliança mantida durante os últimos cinquenta anos.

Deveria inclusivamente dizer-se que isto é mesmo uma condição para que a construção da Europa possa e deva avançar, com o seu espírito de origem.

São interesses geo-estratégicos comuns que estão em jogo e que não podemos senão considerar como imprescritíveis por força da História, da Civilização comum, dos valores que todos aceitamos ou fomos construindo e por força dos laços e do quadro de actuação com que a Geografia nos condicionou.

Mas quem fala neste quadro de actuação não pode esquecer que ele tem de compreender todo o Atlântico — de que o Mediterrâneo é um mar — e as terras todas que o cercam: Europa, África e Américas.

É caso de dizer que, nesta matéria, ilusório e irrealista seria restringir, isto é, excluir algum destes espaços e suas populações; em vez de os alargar até aos limites, a fim de que a unidade atlântica fique realmente completa e seja efectiva.

Para que todo o espaço lusófono fique incluído, faltaria apenas estender a Moçambique e a Timor.

Mas Timor faz parte de outro contexto geo-estratégico, ao passo que Moçambique é África ocidentalizada que não deve em qualquer caso ser excluída da zona de influência atlântica.

Este conjunto lusófono, como sub-zona da unidade geo-estratégica atlântica, daria aos Países lusófonos uma especial importância dentro dela, e a sua própria grandeza, garantindo-lhes peso nesse espaço, reforçaria o seu interesse em manterem-se fortemente unidos e solidários com os outros centros de atracção e poder atlânticos.

Digamos que o Brasil, Portugal e os demais Estados lusófonos do Mundo terão, nesta nova ordem mundial, uma influência seguramente maior do que actualmente.

É, além do mais, uma ambição coerente com a nossa História e não contrária a ela, como há outras.

Claro que o Brasil tem manifestações de grande incógnita: balança actualmente entre o atlantismo e a tentação dum mundialismo próprio, compartilhado especialmente com a Índia e a China.

Tudo pode aceitar-se se não atentar contra a solidariedade ocidental e se, nas horas da verdade, não houver hipóteses de escolhas erráticas.

O Mundo tornou-se muito pequeno para permitir escolhas desastradas.

A.C.R

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