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2004/03/23

Aliança dos socialistas com o Partido de Haider. Tudo virado do avesso! 




No seu artigo semanal habitual no Público desta semana, o antigo ministro de Guterres, Augusto Santos Silva, escreve sobre a demissão de Pedro Burmester de todos os seus cargos na Casa da Música, no Porto.

O artigo chama-se “Pobre Porto!...” e refere-se a uma questão de capelinhas entre socialistas e sociais-democratas, os primeiros que punham todo o seu interesse político (eles dizem que artístico) na nomeação de P. B. e os segundos todo o seu interesse político (eles dizem que mais ou menos artístico) na nomeação de outro, nomeação que efectivamente já fizeram.

Com isto, só um post-scriptum acaba por dar algum interesse ao artigo. Reza assim, sem nenhuma relação evidente com o corpo do artigo:

“P.S.: A aliança que o SPD austríaco (partido socialista da Áustria, recordo) aceitou fazer com a extrema-direita de Haider é uma vergonha para toda a esquerda democrática. Não é pela cedência e o compromisso que se combate a ameaça populista. Noutra ordem de coisas, mas pelos mesmos motivos, não me parecem aceitáveis as declarações que se vêm sucedendo, incluindo da parte de Mário Soares, sugerindo a “compreensão” do terrorismo e alguma “negociação” com ele. Naquilo que divide a civilização da barbárie não há meio-termo possível.”

Fim de citação.

Tenho de observar que o “respeito” dos socialistas (e A. Santos Silva é um dos mais constantes e eméritos PS) pelo patriarca e senador Mário Soares anda mesmo pelas ruas da amargura.

Claro que A.S.S. se refere à tese de Soares de que, por assim dizer, a Al-Qaeda e Bin Laden só podem ser amansados através do diálogo.

aqui falei ontem disso e das reacções muito claras e inequívocas de vários socialistas contra a triste ideia de Soares.

Mas A.S.S. vai mais longe.

Denuncia-o comparando-o com os que se aliam a Haider, suprema das supremas injúrias. Tudo no mesmo saco.

Só lhe faltará dizer que quem assim procede (M.S. como a Senhora dirigente socialista da Coríntia, que decidiu a “suprema vergonha” da aliança com Haider, reeleito governador dali) não passa de reles troca-tintas.

Respeito, Dr. Augusto Santos Silva!

Mais respeito pelo velho troca-tintas!

Ou quererá o Senhor dizer que, se o Dr. M.S. estivesse na Coríntia, província da antiquíssima Áustria, também o Dr. M.S. era capaz de aliar-se a Haider!

Ou quererá dizer que o Dr. M.S. está completamente zonzo?

Venha o diabo e escolha.

Sim, eles pensam todos o pior uns dos outros e não o escondem. Não querem voltar tão cedo ao Poder, pois descobriram as delícias de ser irresponsavelmente do “reviralho”, donde às vezes pensam que nunca deveriam ter saído. Ah! Mas se voltarem ao Poder um dia, sem ser preciso fazer muita força nem grande esforço, isto é, pensam alguns, se bastarem uns passes de mágica política como, por exemplo...

Ah! que sorte teve o Zapatero!

Saiu-lhes a sorte grande, aos socialistas de Madrid.

A Al-Qaeda ganhou-lhes o reino de Espanha, sem eles terem que fazer grande coisa para isso.

Apenas teve o Zapatero que engolir a sapalhada toda... E apenas está a começar.

Quanto ao resto, é preparar-se para um só cuidado: defender-se. Que, com a mesma facilidade e outro passe de mágica de sentido oposto, a Al-Qaeda é capaz de tornar a tirar-lhes o reino de Espanha. O seu domínio sobre os eleitores vai ser cada vez maior...

Enfim, coisas que os nossos socialistas pensam da sorte que os camaradas espanhóis terão tido. Cair-lhes assim do Céu o reino tão apetecido! Mas também é isso, essa facilidade, sem ser esperada, que os faz pensar.

A Al-Qaeda começa a não lhes parecer inteiramente segura.

Se muda de ambições?

Se se torna mais exigente, depois deste primeiro enorme sucesso em Espanha?

Quererá cada vez mais benesses, em troca dos seus bombardeamentos de sucesso seguro?

Um socialista português esperto exclama para alguns camaradas:

— É isso! O Dr. Mário Soares é que tem razão! Razão antes de todos, como de costume! Temos de correr à Al-Qaeda antes de quaisquer outros e rendermo-nos a tempo, antes de começarem os novos bombardeamentos!

Tinham porém de correr antes ao Dr. Soares para pô-lo ao par do seu (des)propósito.

Ele recebeu-os de braços abertos.

— Mas agora – falou ele depois de ouvi-los, com a segurança de quem já muito pensara no assunto – agora é urgente que as manifestações de depois de amanhã (20 de Março) pela Paz no Iraque sejam convincentes, verdadeiramente grandiosas, esmagadoras. Menos de 200 000 em Lisboa, é uma porcaria. Vá! Corram aos organizadores. Digam-lhes que desfilarei com a malta, mas quero lá 300 000. O governo não resistirá. Verão que convoca eleições antecipadas. Já!

Eles desataram a correr e desapareceram, mas não antes que o Dr. Soares Pai os fizesse parar ainda outra vez, para os advertir energicamente:

— Não se esqueçam de saber onde está o Bin Laden, que só com ele quero entender-me! Tragam-me os endereços dele, não esqueçam!

Ficava assim tudo esclarecido: o plano do Dr. Soares era verdadeiramente maquiavélico.

Como é que nenhum dos seus detractores o tinha adivinhado?

A.C.R.

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