2004/03/22
Um P.M. em plena forma. Um espectáculo de inteligência e serenidade.
Penso que inteligência e serenidade foram as qualidades que melhor caracterizam a entrevista do P.M. de 5ª Feira, 18, na RTP.
Os seus interlocutores Francisco Sarsfield Cabral, José Manuel Fernandes, Judite de Sousa e Mário Bettencourt Resende permitiram a Durão Barroso — sem nenhuma nota forçada ou esforço — desenvolver o seu pensamento sobre a actualidade política e o futuro da sua acção governamental, que era aquilo que mais importava.
Ele soube, por seu lado, aproveitar em cheio a oportunidade, que aliás bem se justificava lhe fosse proporcionada.
Eram os dois anos do seu governo, o mais reformista dos últimos 30 anos, como já alguém escreveu.
Eram dois anos do primeiro governo em coligação, de sucesso, desde Abril 74.
Eram dois anos de luta contra uma “pesada herança” incontestável e não fabricada para slogan publicitário.
Eram dois anos do governo objecto das mais ferozes e deslocadas críticas que se podem imaginar.
Por contraste paradoxal eram também os dois anos de um governo ao qual tem sido mais fácil passar adiante das críticas, em geral apenas facciosas e com pouco a ver com aquilo que está em causa, por falta de soluções alternativas sensatas, por ignorância pura e simples das oposições ou por mera demagogia.
Eram dois anos, não obstante, em que frequentemente a opinião pública, traduzida em sondagens, tem sido desfavorável ao governo.
Eram, enfim, dois anos em que o governo foi obrigado a tomar decisões das mais difíceis de política externa e das mais dolorosas e exigentes no domínio orçamental e do saneamento das contas públicas, para não falar da “derrota” acabada de sofrer pelo seu íntimo aliado Aznar.
E, não obstante, na sua entrevista Durão Barroso revelou durante todo o tempo um tal auto domínio, sem nenhuma crispação; uma tal segurança e um tal controlo de todos os aspectos do seu projecto; uma certeza tão grande de estar nos caminhos certos; uma tão poderosa confiança nos seus colaboradores e na capacidade da sua equipa para levar a termo feliz aquilo que razoavelmente tem para realizar neste mandato, que não pode o P.M. deixar de ter exercido uma profunda impressão positiva e, talvez, altamente mobilizadora da opinião dos cidadãos a seu favor.
Nenhum obstáculo, nenhum insucesso estes dois anos parecem ter abatido ou deixado marcas de desencanto, temores ou dúvidas no Dr. Durão Barroso.
Creio que podemos, sem receio de grandes erros, dizer que o País conta finalmente com um grande e formidável resistente chefe de equipa governativa, dominando sem reservas a Arte de governar Portugal. Sem displicência nem arrogância mas com o exacto sentido da sua missão e dos meios efectivos que tem para realizá-la. Também nada disposto a facilitar o trabalho dos adversários — que não parecem impressioná-lo minimamente — nem a ceder às fraquezas de amigos e colaboradores, que sabe como disciplinar, estimular, conduzir e manter unidos.
É tanto, que pode parecer excessivo, mesmo desumano.
A.C.R.
Os seus interlocutores Francisco Sarsfield Cabral, José Manuel Fernandes, Judite de Sousa e Mário Bettencourt Resende permitiram a Durão Barroso — sem nenhuma nota forçada ou esforço — desenvolver o seu pensamento sobre a actualidade política e o futuro da sua acção governamental, que era aquilo que mais importava.
Ele soube, por seu lado, aproveitar em cheio a oportunidade, que aliás bem se justificava lhe fosse proporcionada.
Eram os dois anos do seu governo, o mais reformista dos últimos 30 anos, como já alguém escreveu.
Eram dois anos do primeiro governo em coligação, de sucesso, desde Abril 74.
Eram dois anos de luta contra uma “pesada herança” incontestável e não fabricada para slogan publicitário.
Eram dois anos do governo objecto das mais ferozes e deslocadas críticas que se podem imaginar.
Por contraste paradoxal eram também os dois anos de um governo ao qual tem sido mais fácil passar adiante das críticas, em geral apenas facciosas e com pouco a ver com aquilo que está em causa, por falta de soluções alternativas sensatas, por ignorância pura e simples das oposições ou por mera demagogia.
Eram dois anos, não obstante, em que frequentemente a opinião pública, traduzida em sondagens, tem sido desfavorável ao governo.
Eram, enfim, dois anos em que o governo foi obrigado a tomar decisões das mais difíceis de política externa e das mais dolorosas e exigentes no domínio orçamental e do saneamento das contas públicas, para não falar da “derrota” acabada de sofrer pelo seu íntimo aliado Aznar.
E, não obstante, na sua entrevista Durão Barroso revelou durante todo o tempo um tal auto domínio, sem nenhuma crispação; uma tal segurança e um tal controlo de todos os aspectos do seu projecto; uma certeza tão grande de estar nos caminhos certos; uma tão poderosa confiança nos seus colaboradores e na capacidade da sua equipa para levar a termo feliz aquilo que razoavelmente tem para realizar neste mandato, que não pode o P.M. deixar de ter exercido uma profunda impressão positiva e, talvez, altamente mobilizadora da opinião dos cidadãos a seu favor.
Nenhum obstáculo, nenhum insucesso estes dois anos parecem ter abatido ou deixado marcas de desencanto, temores ou dúvidas no Dr. Durão Barroso.
Creio que podemos, sem receio de grandes erros, dizer que o País conta finalmente com um grande e formidável resistente chefe de equipa governativa, dominando sem reservas a Arte de governar Portugal. Sem displicência nem arrogância mas com o exacto sentido da sua missão e dos meios efectivos que tem para realizá-la. Também nada disposto a facilitar o trabalho dos adversários — que não parecem impressioná-lo minimamente — nem a ceder às fraquezas de amigos e colaboradores, que sabe como disciplinar, estimular, conduzir e manter unidos.
É tanto, que pode parecer excessivo, mesmo desumano.
A.C.R.