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2003/12/26

Temos de estar à altura! Programas e tarefas dos novos nacionalistas (IV) 

O que é que se passou de essencial com Portugal para ter ido ficando cada vez mais para trás, relativamente ao resto de grande parte da Europa, em matéria de desenvolvimento sócio-económico?

Os especialistas estão de acordo em que o factor principal foi o crescente atraso que fomos deixando instalar-se em matéria de educação e formação profissional, no nosso País.

Hoje o número de licenciados, entre os 21 e os 64 anos, é em Portugal de menos de metade da média da União Europeia.

Quanto à formação profissional, de nível III — equiparada escolarmente ao diploma de Ensino Secundário (10º, 11º e 12º anos de escolaridade) — ela não existiu em Portugal, com carácter generalizado, senão entre 1947 e 1974.

Era o chamado Ensino Técnico Profissional, que foi extinto depois de Abril de 1974.

Por razões classistas criado— diziam as oposições já muito antes do “25 de Abril” — uma vez que se alegava funcionar o ETP como recurso para as classes sociais que não podiam mandar os filhos para o Ensino Superior, resignado-se a “condená-los” ao proletariado.

Como se o ETP não desse também acesso ao Ensino Superior, pelo menos a Engenharia e a Economia e Gestão.

De facto, o interesse pelo ETP cresceu de tal modo que, nos seus doze anos, a frequência era já superior à frequência dos Liceus.

Mas isto foi um parêntese apenas, por vir ao correr da pena.

Tardiamente e em termos muito limitados, os governos instauraram, bastante depois de “Abril”, duas modalidades de ensino profissional: o chamado “ensino tecnológico”, a funcionar paralelamente ao ensino secundário, a sua via profissionalizante, pois que a via de ensino continuava, tal qual antes, especialmente programada para o acesso ao Ensino Superior; e o ensino propriamente profissional, das Escolas Profissionais.

A primeira modalidade, o ensino tecnológico das Escolas Secundárias, tem tido muito pouco sucesso no mercado carente de quadros técnicos básicos e intermédios.

As Escolas Profissionais, a segunda modalidade — em geral de iniciativa privada, mas financiadas pelo Estado e UE, até agora, a mais de 90% — estão bem implantadas já, acreditaram-se rapidamente no mercado de trabalho e, atendendo à sua maior eficiência, resultam até mais baratas que o ensino tecnológico das Escolas Secundárias.

Mas são largamente insuficientes para as necessidades do nível de formação técnica que o País requer.

Em suma, estamos hoje, melhor dito, continuamos hoje largamente deficitários em matéria de preparação de técnicos de base e intermédios, quando comparados com a generalidade dos países europeus, muitos dos quais arrancaram a sério para essa formação a partir do meio do séc. XIX, como se disse.

Como fazer muito melhor do que até aqui?

A.C.R.

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