2003/12/05
Visita de Estado?... Visita de negócios?...
De Estado não parece ter sido a visita do Presidente da República à Argélia.
De negócios — ou tentativas de negócios — foi com certeza, uma vez que uma larga comitiva de empresários o acompanhou. Dizendo-se até que grande expectativa de acordos comerciais poderia resultar da abertura franca do mercado argelino aos empreiteiros de obras públicas, nomeadamente auto-estradas; a empresas fabricantes de cerâmica industrial, na área principalmente de material refractário; enfim, a muitos outros fornecedores ou compradores portugueses, nas áreas do vidro, do petróleo, do gás, da modernização da banca argelina e das vias de comunicação naquele País, parece que actualmente o mais promissor do Magrebe.
Um El-Dorado, ao que parece.
Os olhos de todos os da comitiva presume-se que luziam, a ponto de o próprio Presidente ter perdido alguma serenidade que costuma ostentar.
Aproveitando para agradar aos dirigentes argelinos, aos quais a comitiva ia para vender o mais possível e nas melhores condições que possam arrancar-se-lhes, o Presidente exigiu a retirada rápida da Coligação do Iraque, cujas tropas, disse, “são mais um empecilho que uma vantagem para o objectivo da democratização”.
Mas logo a seguir o Presidente, caindo em si, avisou (!) que as forças ocupantes não poderiam retirar de qualquer modo.
Como quem diz: “Vão embora mas de vagar e com maneiras”.
O Presidente não sabia já bem o que queria, coisa que, naquela altura do jantar em que tudo se passava, não seria de admirar, se não se tratasse dum País muçulmano.
Mas pôde ainda, em todo o caso, esclarecer mais alguma coisa.
O espectro da retirada americana feita aceleradamente é, porém, tal que teme deixem o país “à mercê de grupos que não lhe oferecem nenhuma perspectiva para além do caos”.
Mas, para evitá-lo, e talvez segurar os Americanos de modo a retirarem ao ritmo que o nosso Presidente indicaria, ele não encontra melhor, nem pior, que fazê-lo “sob a égide das Nações Unidas”.
O Presidente só não esclarece com que forças desempenhariam as Nações Unidas missão tão horrível.
Talvez as da Coligação?...
É que parece não haver outras ao alcance de quem quer que seja.
Factos são factos, não é Senhor Presidente?
E depois, mesmo Portugueses acreditamos que eventuais erros da Coligação são nisto preferíveis aos “acertos” e congeminações sem responsabilidades do nosso Presidente.
Não queremos, aliás, um Presidente nosso ocupado em imaginar estratégias de mesa de café.
Até também porque temos lá portugueses que nos merecem o maior respeito e cuidados.
A.C.R.
De negócios — ou tentativas de negócios — foi com certeza, uma vez que uma larga comitiva de empresários o acompanhou. Dizendo-se até que grande expectativa de acordos comerciais poderia resultar da abertura franca do mercado argelino aos empreiteiros de obras públicas, nomeadamente auto-estradas; a empresas fabricantes de cerâmica industrial, na área principalmente de material refractário; enfim, a muitos outros fornecedores ou compradores portugueses, nas áreas do vidro, do petróleo, do gás, da modernização da banca argelina e das vias de comunicação naquele País, parece que actualmente o mais promissor do Magrebe.
Um El-Dorado, ao que parece.
Os olhos de todos os da comitiva presume-se que luziam, a ponto de o próprio Presidente ter perdido alguma serenidade que costuma ostentar.
Aproveitando para agradar aos dirigentes argelinos, aos quais a comitiva ia para vender o mais possível e nas melhores condições que possam arrancar-se-lhes, o Presidente exigiu a retirada rápida da Coligação do Iraque, cujas tropas, disse, “são mais um empecilho que uma vantagem para o objectivo da democratização”.
Mas logo a seguir o Presidente, caindo em si, avisou (!) que as forças ocupantes não poderiam retirar de qualquer modo.
Como quem diz: “Vão embora mas de vagar e com maneiras”.
O Presidente não sabia já bem o que queria, coisa que, naquela altura do jantar em que tudo se passava, não seria de admirar, se não se tratasse dum País muçulmano.
Mas pôde ainda, em todo o caso, esclarecer mais alguma coisa.
O espectro da retirada americana feita aceleradamente é, porém, tal que teme deixem o país “à mercê de grupos que não lhe oferecem nenhuma perspectiva para além do caos”.
Mas, para evitá-lo, e talvez segurar os Americanos de modo a retirarem ao ritmo que o nosso Presidente indicaria, ele não encontra melhor, nem pior, que fazê-lo “sob a égide das Nações Unidas”.
O Presidente só não esclarece com que forças desempenhariam as Nações Unidas missão tão horrível.
Talvez as da Coligação?...
É que parece não haver outras ao alcance de quem quer que seja.
Factos são factos, não é Senhor Presidente?
E depois, mesmo Portugueses acreditamos que eventuais erros da Coligação são nisto preferíveis aos “acertos” e congeminações sem responsabilidades do nosso Presidente.
Não queremos, aliás, um Presidente nosso ocupado em imaginar estratégias de mesa de café.
Até também porque temos lá portugueses que nos merecem o maior respeito e cuidados.
A.C.R.