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2011/07/25

Um castigo libertador 

A União Europeia (UE) anda às aranhas com as agências de rating. É verdade que a UE está sob fogo cerrado das agências de rating e que, principalmente, os países mais visados, como Portugal e a Grécia, se devem defender desse fogo. Resta saber é se a forma como o têm feito é eficaz e se essas agências têm ou não razões, por muito desconfortáveis que sejam, para UE, para proceder dessa maneira.

Até melhor explicação, com a classificação de países endividados, como Portugal e a Grécia, na categoria de “lixo” as agências estão a dizer o seguinte: não comprem a dívida desses países porque eles não vão ser capazes de a pagar. É uma afirmação de desconfiança nesses países e, por tabela, na UE. Mas a verdade é que a situação económica e financeira de Portugal e da Grécia, sem serem iguais, são catastróficas e o risco de não cumprir os compromissos decorrentes dos empréstimos da UE/FMI é real, como aliás, já começou a acontecer com a Grécia. Tudo isto são pontos fracos a somar contra a UE e o euro.

Mesmo com a descida dos juros da dívida de 5,7 para 3,5% e 4,5% e o alargamento dos prazos, é difícil garantir que Portugal irá honrar os seus compromissos. Podemos acreditar que um País com um crescimento económico, digamos de 1%, e é se for, consegue pagar juros de dívida de 3,5% e 4,5%? Eis a questão.

Mas o problema europeu, ao contrário do que querem fazer acreditar os aparatchiks da UE, não é meramente financeiro. Eles tentam esconder as verdadeiras dimensões do problema e as verdadeiras razões do declínio da Europa. A Europa perdeu poder e capacidade normativa, de fazer valer a sua visão, no concerto das Nações e nas instituições internacionais. A Europa, com as suas instituições, já não vale o que valia há 20 ou 30 anos atrás. A Europa está muito mais enfraquecida. E pode agradecer à UE.

E isso deve-se essencialmente a duas ordens de razões:

a) a Europa encontra-se num declínio demográfico imparável, com o consequente declínio económico, já em curso, e, por outro lado, dá constantemente sinais de declínio político-militar. Resumindo: declínio demográfico, económico e militar. É assim que a Europa é percepcionada pelas potências mundiais e nas instituições internacionais. E, não obstante, os senhores da UE continuam a pensar que estão nos anos 80 ou 90 do séc XX.

b) a UE não tem legitimidade política. É um simulacro de democracia, ou melhor, uma fraude encenada pelos aparelhos partidários e burocráticos que povoam Bruxelas e Estrasburgo. A UE é uma construção política que não tem base na realidade das Nações Europeias, apenas nos aparelhos partidários e em certas ONG’s com interesses específicos. Fora e dentro da Europa toda a gente sabe que a UE não diz nada aos povos europeus, apenas aos políticos e partidos comprometidos com o sistema. Toda a gente sabe que essa aparente coesão institucional europeia é mantida à custa de distribuir subsídios e quadros comunitários de modo a contentar as partes para evitar que estale o verniz. A UE é a coisa mais artificial e opaca que existe na Europa: basta olhar para a política de referendos.

E porque falta legitimidade política à UE? Por uma razão muito simples: quem elegeu Durão Barroso, os elementos do “Conselho Europeu” e demais comissários? Pois é... é assim que a UE é percepcionada dentro e fora da Europa.

Em Portugal, o lixo oferecido pela Moody’s e os comentários de Barack Obama foram, compreensivelmente, recebidos com desagrado. Mas, uma e outra coisa, reflectem uma realidade a que não devemos fechar os olhos: hoje e agora estamos muito fragilizados. Todos nós gostaríamos de poder olhar o mundo como sendo aquilo que fomos há 50, 300 ou 500 anos. Mas a verdade é que hoje e agora já não somos isso. O peso que Portugal tem hoje no mundo é simbólico e histórico, não é real. E o poder que conta na política é o real, não o histórico nem o simbólico.

De nada serve dizer mal das agências de rating e dos americanos quando nos apontam as fraquezas, que, no fundo, são reais. Sobretudo quando se sabe que o grande inimigo da Europa e das suas nações está dentro, não está fora: essa super-estrutura sinistra e opaca, cheia de comissários não eleitos, que dá pelo nome de “União Europeia”. Ora se a UE deitou abaixo a Europa, a Europa tem que deitar abaixo a UE. Enquanto é tempo.

Talvez não seja descabido, pelo menos para alguns países, pensar em abandonar o euro e, eventualmente, a UE. Há mais vida para além da UE e do euro. Talvez seja esse o caminho que alguns países europeus precisam de percorrer para se encontrarem a si próprios e se libertarem desse monstro que dá pelo nome de UE.

Talvez as agências de rating sejam o castigo libertador que a Europa precisa para voltar a fazer brilhar as suas Nações.

manuelbras@portugalmail.pt

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