2011/06/06
Socialismo a Diesel
Postos a escolher entre o mal maior e o mal menor, os portugueses, condenados a nunca ter a coragem de escolher um bem maior, lá deram a vitória ao mal menor.
Algo de positivo aconteceu: correram com o mal maior. Cumpriu-se o refrão:
Sei que gostas de correr
Eu também, e já te digo
Que tenho todo o prazer
Um dia destes, correr contigo
Porém, isto não é garantia de que o novo governo tenha a força, a moral e as convicções suficientes para cumprir as promessas eleitorais e os compromissos decorrentes da ajuda externa. Porque não tem. É bom perceber desde já que se os portugueses correram com o mal maior foi por estarem fartos de aldrabices, de truques e de esquemas manhosos, não porque o mal menor lhes tenha mudado a mentalidade política. A cabeça dos portugueses é, politicamente, a mesma de há 6 e 2 anos atrás: nada mudou. Os portugueses ainda não perceberam que o “Estado social” que lhes aviaram há trinta e tal anos é nefasto para o País e não é sustentável durante muito mais tempo. Resta saber quem são os desgraçados que vão ter coragem para quebrar este ciclo vicioso. Não será seguramente o governo de Passos Coelho. E não será porque não vai aguentar a pressão dos sindicatos, em Portugal com poderes a mais, na hora de pôr em prática os compromissos da ajuda externa, nem as prerrogativas do “Estado social”, nem o cerco da esquerda. Terá dificuldade em lidar com uma Europa divergente em que a União Europeia está cada vez mais desunida entre os seus partidários e os seus opositores, bem como com uma série de assuntos cujo enfrentamento exige uma percepção e uma coragem que não existe na elite política portuguesa actual. Terá dificuldade em atacar o grande problema do presente e do futuro de Portugal: o declínio demográfico, com todas as suas consequências. Só para dar alguns exemplos.
Nada de relevante em termos de poder vai mudar em Portugal. Os compromissos da ajuda externa vão, provavelmente, falhar. O PSD e Passos Coelho podem ir para o governo, até com o CDS, que nada de substancial vai mudar. Como já se viu de 2002 a 2005, estar no governo é muito diferente do que estar no poder. Este último é bem mais importante e cai bastante mais para a esquerda.
PSD e CDS não têm qualquer pretensão ideológica de mudar a mentalidade política dos portugueses, talvez porque não são assim tão diferentes do esquerdismo que vimos em acção nos últimos 6 anos, pautando-se por um mero pragmatismo.
É legítimo questionar se um governo liderado por Passos Coelho consegue fazer uma legislatura completa. Quem sabe se em Junho de 2014, Passos Coelho não é chamado para a Presidência da Comissão Europeia e tem que abandonar o governo português, passando a deixa ao António Costa, ao Seguro, ao Francisco Assis ou ao Sousa Pinto?
Por último: quando é que José Sócrates é nomeado para a ONU? Ou será que se vai atirar à Presidência em 2016?
Onde é que já ouvi isto?
manuelbras@portugalmail.pt
Algo de positivo aconteceu: correram com o mal maior. Cumpriu-se o refrão:
Sei que gostas de correr
Eu também, e já te digo
Que tenho todo o prazer
Um dia destes, correr contigo
Porém, isto não é garantia de que o novo governo tenha a força, a moral e as convicções suficientes para cumprir as promessas eleitorais e os compromissos decorrentes da ajuda externa. Porque não tem. É bom perceber desde já que se os portugueses correram com o mal maior foi por estarem fartos de aldrabices, de truques e de esquemas manhosos, não porque o mal menor lhes tenha mudado a mentalidade política. A cabeça dos portugueses é, politicamente, a mesma de há 6 e 2 anos atrás: nada mudou. Os portugueses ainda não perceberam que o “Estado social” que lhes aviaram há trinta e tal anos é nefasto para o País e não é sustentável durante muito mais tempo. Resta saber quem são os desgraçados que vão ter coragem para quebrar este ciclo vicioso. Não será seguramente o governo de Passos Coelho. E não será porque não vai aguentar a pressão dos sindicatos, em Portugal com poderes a mais, na hora de pôr em prática os compromissos da ajuda externa, nem as prerrogativas do “Estado social”, nem o cerco da esquerda. Terá dificuldade em lidar com uma Europa divergente em que a União Europeia está cada vez mais desunida entre os seus partidários e os seus opositores, bem como com uma série de assuntos cujo enfrentamento exige uma percepção e uma coragem que não existe na elite política portuguesa actual. Terá dificuldade em atacar o grande problema do presente e do futuro de Portugal: o declínio demográfico, com todas as suas consequências. Só para dar alguns exemplos.
Nada de relevante em termos de poder vai mudar em Portugal. Os compromissos da ajuda externa vão, provavelmente, falhar. O PSD e Passos Coelho podem ir para o governo, até com o CDS, que nada de substancial vai mudar. Como já se viu de 2002 a 2005, estar no governo é muito diferente do que estar no poder. Este último é bem mais importante e cai bastante mais para a esquerda.
PSD e CDS não têm qualquer pretensão ideológica de mudar a mentalidade política dos portugueses, talvez porque não são assim tão diferentes do esquerdismo que vimos em acção nos últimos 6 anos, pautando-se por um mero pragmatismo.
É legítimo questionar se um governo liderado por Passos Coelho consegue fazer uma legislatura completa. Quem sabe se em Junho de 2014, Passos Coelho não é chamado para a Presidência da Comissão Europeia e tem que abandonar o governo português, passando a deixa ao António Costa, ao Seguro, ao Francisco Assis ou ao Sousa Pinto?
Por último: quando é que José Sócrates é nomeado para a ONU? Ou será que se vai atirar à Presidência em 2016?
Onde é que já ouvi isto?
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Eleições legislativas, FMI, União Europeia