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2011/07/05

Momento Energético: Entrevista ao autor do blogue Ecotretas 

Apresentamos uma entrevista, gentilmente concedida pelo autor do blogue Ecotretas, sobre o actual momento energético. Ao autor do blogue http://www.ecotretas.blogspot.com/ os nossos sinceros agradecimentos.

AN: As energias renováveis, especialmente, eólica e solar, têm sido apresentadas pelos media como a grande alternativa à combustão. Qual o grau de realismo desta pretensão? Em que medida é que o podem ser? Quais as suas limitações técnicas na actualidade, como fontes de energia?

Ecotretas: A energia solar tem potencial para suprir todas as necessidades de energia à face da Terra. Afinal, todos sabemos que sem o Sol a vida não seria obviamente possível na Terra. Infelizmente, a energia solar não é competitiva, porque o custo da sua produção é enorme, muitas vezes superior ao das restantes fontes de energia. Para o ser teria que aumentar drasticamente a sua eficiência, ou baixar significativamente os seus custos. A energia eólica já é minimamente competitiva, mas os produtores estão interessados em Retornos de Investimento (ROI) demasiado rápidos. Todavia, a quantidade de energia que produzem é ainda pequena, comparada com outras fontes de energia, pelo que nunca será a solução. E rapidamente veremos a população a levantar-se contra esta fonte de energia, como já aconteceu inclusive em tribunais portugueses...


AN: Ao que parece, estas energias renováveis são mais caras que a combustão e a fissão nuclear. Confirma? Nesse caso, temos mais uma limitação económica, ou melhor, anti-económica. Porquê a insistência de certos políticos em fontes de energia mais caras? Quem ganha e quem perde com isso?

E: Sim, a energia solar é muito mais cara, e a eólica um pouco mais cara. Se não se contassem os direitos de emissão de CO2, seriam ainda bastante mais caras. Os políticos têm dificuldades com as contas, e vão ao sabor da onda. Neste momento, tentam surfar a onda Verde. Quem ganha, ganha de uma forma efémera. Quem perde é toda esta geração, e pelo menos a próxima, que irão pagar por estas más decisões!


AN: Apesar das limitações das renováveis, elas terão a sua quota de utilização no mercado. Quais são os limites dessa quota? Como pensa que vai evoluir a implantação de energias renováveis em Portugal?

E: Portugal terá atingido o limite possível da quota das renováveis. 2010 foi um excelente ano em termos de precipitação, pelo que o contributo da electricidade hídrica foi enorme. Apesar da maior capacidade instalada, a produção de energia eólica tem vindo a diminuir. Especula-se sobre a sua diminuição, mas há ainda poucas certezas... Neste momento, só poderá evoluir pela quota do solar, mas por aí seria um suicídio, como se verifica aqui ao lado em Espanha.


AN: Qualquer leitor assíduo do blogue já reparou que, apesar de considerar a energia nuclear como uma contribuição válida e necessária, em geral, defende que não faz sentido haver centrais nucleares em Portugal. Porquê?

E: Sou contra o nuclear em Portugal, porque não tem quaisquer vantagens! Não temos know-how, pelo que seria tudo importado. Limitar-nos-íamos a contribuir na vertente do cimento. Depois somos um país pequeno, pelo que uma central seria suficiente, e daí não surgiriam sinergias possíveis. Não temo excessivamente a questão da segurança, até porque temos um pequeno reactor em Sacavém, e uma central nuclear a sério em Almaraz, que dista pouco mais de 300 Km em linha recta desde Lisboa. Felizmente, é já uma central de segunda geração, mas funcionará durante pelo menos mais dez anos... Insistir no nuclear não nos traz nenhum benefício!


AN: O tsunami deu-se no Japão, mas onde mais se fez sentir o medo foi na Alemanha, ao ponto do governo alemão decidir encerrar todas as centrais nucleares dentro de 10 anos, aproximadamente. Acha que Angela Merckel foi empurrada pelo medo de perder eleições ou a decisão tem sentido e fundamento?

E: Os Verdes têm uma implantação muito forte na Alemanha. E tem vindo a ganhar popularidade. Merckel limitou-se a ajoelhar perante a Religião Verde! Merckel tem estado a enterrar a Alemanha a longo prazo, tentando esconder o elefante debaixo do tapete. São exemplos disso os problemas da E-coli, que adquiriu notoriedade mundial, mas também do botulismo, que anda escondido. Tudo isto resulta das políticas verdes...


AN: Com o fecho das centrais nucleares dificilmente a Alemanha reduzirá emissões de CO2. É mais um paradoxo do alarmismo ambiental e climático, que incide agora na equação nuclear vs CO2. Quer comentar?

E: Sim, as emissões na Alemanha vão aumentar significativamente, seja por via do carvão, ou do gás natural. Mas as emissões não são necessariamente más!


AN: Como avalia os planos para construir mais barragens em Portugal? Acha que a construção é necessária e acertada?

E: As barragens que estão a ser construídas em Portugal só fazem sentido por causa das eólicas. Há excesso de eólicas, e as barragens são absolutamente necessárias depois de terminarem as tarifas feed-in, que espero que terminem mais cedo do que mais tarde. Quem está contra as barragens, tem que ser contra as eólicas... Mas não é isso que está a acontecer, pelo que elas vão ser construídas.


AN: Alguns pequenos investidores e produtores de energia eléctrica por microgeração solar queixam-se de ter feito um mau negócio: produzem excedente de energia para a rede e perdem dinheiro. Isto é mesmo verdade? Porquê?

E: A micro-geração, tal como existe, é um grande barrete! Quando a esmola é grande, o pobre deveria desconfiar... É mau para quase todos: empreendedores/produtores, porque foram enganados; consumidores/Economia, porque tornam o custo da energia insuportável. No meio disto tudo, são os Chineses que se estão a rir, mais meia dúzia de intermediários oportunistas.


AN: Há 40 anos que se ouve dizer que só há petróleo para mais 40 anos. Hoje continua a dizer-se o mesmo. Como acha que vai evoluir a utilização/combustão de fósseis nas próximas décadas perante a emergência das energias renováveis?

E: O petróleo continua a ser descoberto, como é o exemplo do Brasil. Mas irá acabar, mais cedo ou mais tarde! O gás natural é diferente; segundo cálculos da IEA, haverá reservas até 250 anos. Mas descuramos a inteligência humana; depois deste devaneio, acredito que as atenções se voltarão a focar no hidrogénio, o combustível, por excelência, do Universo...


AN: Quando confrontamos as energias alternativas com os combustíveis fósseis, encontramos coisas tão bizarras quanto paradoxais, pelo menos aparentemente, como a Fundação Gulbenkian, que vive da extracção e comércio de petróleo, ter em Portugal um Programa de Ambiente extremamente empenhado na substituição dos fósseis por energias renováveis, para já não falar em algumas companhias petrolíferas aparentemente interessadas na redução do consumo de fósseis e na sua substituição. Isto é fingimento táctico ou é realidade? Os combustíveis fósseis e as renováveis excluem-se mutuamente ou são complementares? Puxam em sentidos contrários ou, afinal, puxam no mesmo sentido?

E: Uma das críticas mais habituais aos cépticos do Aquecimento Global Antropogénico, é o seu financiamento pelas petrolíferas! O Ecotretas nunca recebeu nada de ninguém! Quanto aos alarmistas nacionais, todos eles andam a banquetear-se nessas mesas... E a Fundação Gulbenkian é apenas uma delas. Para mim, puxam na mesma direcção, que é o do negócio! Como as empresas associadas à comercialização dos combustíveis fósseis estão habituadas a lucros fabulosos, para elas as novas investidas têm que ser semelhantes. É por isso que as rentabilidades associadas às renováveis são vergonhosas!


AN: Já se pronunciou sobre a nova ministra da Agricultura e Ambiente, como a mulher errada no lugar errado, vulnerável aos ambientalistas, bem como sobre o programa do governo em matéria de energia e ambiente, que parece vai ser mais do mesmo. Acha que este governo vai cumprir o programa em matéria de energia e ambiente? Quais são as suas expectativas quanto aos novos Secretários da Energia, Henrique Gomes, e do Ambiente, Pedro Afonso de Paulo?

E: Sim, não acredito que a Ministra consiga resistir às pressões alarmistas! Quanto ao programa do Governo, na área do Ambiente ele só peca pelas referências ao dióxido de carbono! Na área da Energia é ainda melhor! Acredito que vem aí muitas surpresas, e pela troca de correspondência passada com o actual Ministro da Economia, bem como pelas referências que ele faz no seu mais recente livro, as surpresas serão muitas. Se ele conseguir impor as suas ideias, claro está! O secretário de estado de Energia percebe do assunto; vamos ver se consegue lançar a exploração de gás natural no Algarve. O Pedro Afonso de Paulo é político, está mais relacionado com as águas, o que em princípio é bom... Estou mais preocupado com o endoutrinamento de Diogo Santiago Albuquerque, o novo Secretário de Estado da Agricultura, que frequenta um doutoramento sobre Alterações Climáticas, dado pelos piores alarmistas nacionais...


AN: Se estivesse no lugar de Assunção Cristas, quais seriam as suas prioridades para o País em matéria de energia e ambiente?

E: Bem, ela não tutela a área da energia. No domínio do seu Ministério, seria atacar o maior problema Ambiental deste país, que são os fogos florestais. Felizmente, tem na Secretaria de Estado das Florestas uma pessoa que conheço muito bem, e que certamente surpreenderá.

manuelbras@portugalmail.pt

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