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2010/07/12

Vítimas e reféns do medo 

Manuel Brás

A recente utilização da posição privilegiada do Estado português na PT para impedir a Telefónica de concretizar o seu negócio em nome dos interesses estratégicos nacionais desencadeou a possibilidade de um debate necessário na política portuguesa, susceptível de ser dirigido contra a esquerda, mas que, curiosamente, ou não, a esquerda se apoderou de forma unilateral, dado que o PSD e o CDS resolveram, mais uma vez, acobardar-se e não entrar na luta ideológica.

Em vez de ser o CDS e o PSD a acusar o PS e a esquerda de se comportarem como donos do Estado, que efectivamente são, e de pretenderem utilizar esse poder para controlar a economia, com o álibi dos interesses nacionais – então, e os interesses nacionais das empresas portuguesas que faliram ou que foram compradas por operadores estrangeiros, desde as pescas aos têxteis e à agricultura, desde a distribuição alimentar à indústria, durante os anos de consulado socialista? – é o PS que vem acusar o PSD de perfilhar a ideologia “neoliberal”. Mas como, se o PSD está calado que nem um rato? Certamente com medo que lhes chamem fascistas.

Teve piada ver o PS e Sócrates acusarem o PSD, referindo-se à ida de Passos Coelho a Madrid, de se ajoelhar diante dos interesses espanhóis. Esqueceram-se rapidamente do TGV para Madrid… Se o Passos Coelho fosse ter com o Zapatero, a conversa era outra…

Mas as contradições de Sócrates não ficam por aqui: ao accionar a golden share para impedir o negócio com a Telefónica contrariou o espírito do Tratado de Lisboa pelo qual tanto se bateu. Que autoridade tem ele para dizer que a Comissão Europeia é ultraliberal, quando foi ele um dos principais partidários do Tratado de Lisboa? Mais: se a PT é estratégica para os interesses nacionais, porque não o são também a GALP, a EDP, a REN, em que o Estado vai prescindir de golden shares? Isto é absolutamente irracional e incoerente.

Seria bom que o PSD não tivesse medo de acusar o PS de querer continuar a alimentar um Estado cada vez mais deficitário e falido, totalitário e parasita, eufemisticamente designado por “social” e “providência”, que sorve os recursos de quem trabalha e produz, esse sim, para pôr ao serviço de uma ideologia que deifica o Estado, ou seja, da esquerda.

Mas não. Em vez do PSD fazer um combate político e ideológico pela limitação dos poderes do Estado e pela redução do seu dirigismo na economia, na educação e na saúde, permitindo que a sociedade civil progressivamente assuma essas funções com liberdade e responsabilidade, limitou-se, pela voz do seu líder em Madrid, a dizer que era um partido social-democrata, que não era nada neoliberal. Como se ser neoliberal fosse algum crime e o Estado social, que tem empobrecido o País e enfrenta um défice galopante pela sua própria sede totalitária de poder, tivesse alguma moral ou autoridade para acusar a economia de mercado, que tem as suas inegáveis limitações, dado que não existem sistemas económicos perfeitos.

A esquerda explora cinicamente no povo português o medo de mudar do Estado social para um Estado mínimo, menos controlador, não socialista. Assim, Portugal vai permanecer dependente do Estado que o empobrece e parasita com impostos e taxas cada vez mais elevados.

Enquanto o Estado social existir, ainda por cima cada vez mais deficitário, não vale a pena pensar em prosperidade e melhores rendimentos, porque isso, simplesmente, não é possível. Nesta altura do campeonato, Estado social significa cada vez mais pobreza.

Nenhum país prospera com uma barbaridade de taxas e impostos, nem enriquece com subsídios. Talvez alguns possam enriquecer, mas não será certamente a trabalhar.

Um Estado que promete tudo, é um Estado que pode tirar tudo. É precisamente em defesa de Portugal e dos portugueses que Passos Coelho não devia ter medo do rótulo de “neoliberal”.

Qual é o mal?

Um Estado mínimo, ou neoliberal, como eles dizem, só pode meter medo aqueles que se perpetuam no poder graças aos votos comprados pela ilusão e dependência de subsídios a uma faixa significativa da população portuguesa, que julga que é assim que prospera e se aproxima de melhores níveis de vida. Puro engano. É o medo de mudar a situação que não os deixa sair da “cepa torta”.

O Estado “social” ou “providência” está cada vez mais insustentável e não vai durar sempre, por muito que a esquerda berre. Cairá, com certeza, como caiu o Estado soviético, que também era “social” ou “providência”, quando os seus partidários garantiam que era inexpugnável.

Podem berrar contra o capitalismo e a economia de mercado, que, por ser um sistema mais flexível e versátil, é o que melhor se adapta às inevitáveis crises e as supera.

Muito pior é um Estado, ou seja um punhado de homens que lá estão metidos na organização, ter tudo nas suas mãos. Porque aí o selvagem é o Estado.

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