2010/06/23
Contemplário
Manuel Brás
Homenagem a António Manuel Couto Viana, recentemente falecido. Um Poeta que, contra a corrente e os ventos da cultura hoje dominante não se deixou dominar e sempre cantou Portugal.
Da sua autoria, recolhido em “Ultra – edições do reyno”, nº 2, pág. 9, MCMLXXXV.
I
Nasce a ogiva da pedra quando a mão
Obedece ao destino de uma ideia.
O mar é nau se houver navegação.
O vinho e o pão sagraram-se na ceia.
Quando a espada me abriu o coração,
Fortaleceu-me de aço veia a veia.
Ultrapassei, em riste, o Cabo Não,
Para haver horizonte na epopeia.
Sigo solene como um ritual,
A caminho da pátria prometida
(Sempre dentro de mim, de Portugal),
Pedaços a pedaços reunida,
Do sangue celebrado no Graal,
Da vida gloriosa além da vida.
II
Ao crescer a raiz entrou na água,
Engrossou, alastrou, deu volta ao mundo
E a seiva se fez lírica pla mágoa
De não ir mais além e ao mais profundo.
Esta queixa fatal, da origem, trago-a
No ser condicional em que me afundo.
E forjo arados no fervor da frágua
Para sulcar um cântico fecundo:
Cristo das Cinco Chagas da Vitória,
Destrói toda a palavra transitória,
Ergue em nosso futuro o teu sinal.
Traze da ilha, onde se oculta, a nave.
E, nela, o Mestre esclarecido e grave.
E, nele, um só e imenso Portugal.
III
Quem ouve alto o apelo seu e o segue
Achou em si o prosseguir do apelo
Que o integre na alma e após o entregue
Unido à alma ao íntegro castelo.
E quem subir mais alto nunca negue
A conhecer-se para conhecê-lo.
E em navio ou naveta ao ser navegue
Içando o pavilhão branco e amarelo.
Pla nave, ou aeronave ou astronave,
Avé, o meu Senhor em forma de ave,
Sempre mais perto quanto mais distante.
Ó início sacral, guia do mundo,
Verbo sobre a cabeça do profundo,
É Portugal a língua flamejante!
Homenagem a António Manuel Couto Viana, recentemente falecido. Um Poeta que, contra a corrente e os ventos da cultura hoje dominante não se deixou dominar e sempre cantou Portugal.
Da sua autoria, recolhido em “Ultra – edições do reyno”, nº 2, pág. 9, MCMLXXXV.
I
Nasce a ogiva da pedra quando a mão
Obedece ao destino de uma ideia.
O mar é nau se houver navegação.
O vinho e o pão sagraram-se na ceia.
Quando a espada me abriu o coração,
Fortaleceu-me de aço veia a veia.
Ultrapassei, em riste, o Cabo Não,
Para haver horizonte na epopeia.
Sigo solene como um ritual,
A caminho da pátria prometida
(Sempre dentro de mim, de Portugal),
Pedaços a pedaços reunida,
Do sangue celebrado no Graal,
Da vida gloriosa além da vida.
II
Ao crescer a raiz entrou na água,
Engrossou, alastrou, deu volta ao mundo
E a seiva se fez lírica pla mágoa
De não ir mais além e ao mais profundo.
Esta queixa fatal, da origem, trago-a
No ser condicional em que me afundo.
E forjo arados no fervor da frágua
Para sulcar um cântico fecundo:
Cristo das Cinco Chagas da Vitória,
Destrói toda a palavra transitória,
Ergue em nosso futuro o teu sinal.
Traze da ilha, onde se oculta, a nave.
E, nela, o Mestre esclarecido e grave.
E, nele, um só e imenso Portugal.
III
Quem ouve alto o apelo seu e o segue
Achou em si o prosseguir do apelo
Que o integre na alma e após o entregue
Unido à alma ao íntegro castelo.
E quem subir mais alto nunca negue
A conhecer-se para conhecê-lo.
E em navio ou naveta ao ser navegue
Içando o pavilhão branco e amarelo.
Pla nave, ou aeronave ou astronave,
Avé, o meu Senhor em forma de ave,
Sempre mais perto quanto mais distante.
Ó início sacral, guia do mundo,
Verbo sobre a cabeça do profundo,
É Portugal a língua flamejante!
Etiquetas: António Manuel Couto Viana