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2010/06/01

Abstenção é solução 

Manuel Brás

A aberração lógica com que Cavaco Silva justificou a “passagem” do diploma que confere o título de casamento às uniões homossexuais, juntamente com outras aberrações semelhantes a propósito dos diplomas sobre a facilitação do aborto, do divórcio e da utilização de embriões humanos como cobaias, faz pensar na inutilidade do voto neste senhor. Neste e nos outros candidatos, que teriam feito exactamente o mesmo: deixado passar todos estes diplomas. Mas este – Cavaco Silva – tem uma particularidade especialmente aberrante: procede exactamente ao contrário daquilo que diz ser o seu pensamento e a sua convicção. E, com certeza, fará o mesmo em relação à eutanásia, se para tal tiver hipótese.

No fundo, este senhor representa a negação da política enquanto combate por convicções. Não existe política neutra. Há sempre afirmação e/ou negação de valores por trás de qualquer atitude política. Ou será que ele ainda não percebeu isso?

O que tem piada é que ele assume que as suas convicções valem menos que as convicções contrárias: “Há momentos na vida de um País em que a ética da responsabilidade tem de ser colocada acima das convicções pessoais de cada um”, excepto se essas convicções pessoais forem da esquerda.

Mas será que ele não percebe que do outro lado também há convicções pessoais, contrárias e interessadas? Mais difícil ainda é perceber como é que a crise económica impede vetar este diploma. Então os proponentes do diploma são tão irresponsáveis que não estão preocupados com a crise económica e com a instabilidade que daí possa vir?

É certo que as leis sobre o divórcio, o “casamento” gay, e outras do estilo, não dizem nada a uma boa parte dos portugueses, talvez a maioria, que se estão “nas tintas”, de ombros encolhidos em relação a tudo isso. Muitos portugueses são hoje gente de ombros encolhidos...

Mas, também para esses, Cavaco Silva não acrescenta nada. Aliás, os candidatos não acrescentam nada uns em relação aos outros, seja nas políticas sociais, seja na economia, impostos e poderes do Estado.

No entanto, é errado pensar que a legislação em matéria de costumes não tem importância, algo a que se pode encolher os ombros. Se não tivesse importância, certos poderes e forças políticas não legislavam sobre esses assuntos. Porque é que para uns tem importância suprema e para outros não tem importância? Dizer que não tem importância é a desculpa cobarde daqueles que não sabem ou não podem combater por instituições e valores que garantem a nossa sobrevivência enquanto sociedade e civilização. E hoje há muitos desses na política: gente que acha que não vale a pena chatear-se por causas destas. Então vale a pena chatear-se por quê? Curiosamente, a esquerda acha que por essas causas vale sempre a pena chatear-se... e chatear os outros.

É por isso que, não havendo alternativas entre os que, como Alegre e Nobre, apoiam activamente a destruição da coesão social, e os que, como Cavaco Silva, dizem uma coisa, mas na hora da verdade fazem o contrário, o melhor é a abstenção.

Uma forte abstenção é a lição que eles merecem. As palavras são inúteis. Só a abstenção lhes ensinará que não prestam.

Vamos dar-lhes uma lição. Eles não merecem a estafa. Eles precisam mais de nós do que nós precisamos deles.

Com a abstenção derrotam-se todos duma assentada, sem ter que sair de casa.

Neste caso concreto, a abstenção é um dever cívico e patriótico, porque ajuda a correr com a má moeda da política portuguesa.

Mas, se o leitor é daqueles que acha esta gente não merece assim tanta indiferença, que até nem são maus rapazes, então tem uma solução igualitária, como eles gostam: vote em todos eles.

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