2009/01/20
De Hollywood à Casa Branca
Manuel Brás
Quem quiser dispor de um excelente caso de estudo sobre o efeito dos media na percepção, que é dizer sobre a distinção entre o parecer e o ser, não pode deixar de aproveitar o jornalismo que se faz à volta da saída de George W. Bush (GWB) e da entrada de Barack H. Obama (BHO) na Casa Branca.
Ao primeiro atiram-se culpas de tudo e mais alguma coisa, até do “aquecimento global”, passando, obviamente, pela crise financeira, como se o Presidente ou a Administração tivessem nas suas mãos o controlo da gestão, dos investimentos, dos dirigentes e accionistas das empresas. Como se um Presidente tivesse que aceitar e seguir as políticas duvidosas de combate ao “aquecimento global”, centralizando e governamentalizando, com mais regulamentos e taxas, a actividade industrial e transportadora. GWB seguiu, tanto quanto possível, o princípio de liberdade económica e do governo mínimo, da ingerência mínima do Estado na sociedade civil. Ora, se as pessoas acham que o governo e o Estado devem deixar as empresas em paz quando os investimentos e os negócios correm bem, também o deve fazer quando corre menos bem. O contrário é dar mais poder ao governo e à máquina estatal, como acontece em Portugal, em que existe uma promiscuidade vergonhosa entre o Estado e certas empresas particulares, e pior, entre o dinheiro dos contribuintes, que o Estado arrecada, e dinheiros de bancos privados.
Alguém pode, honestamente, dizer que aquilo que aconteceu no sistema financeiro americano e mundial foi por culpa de GWB e que não aconteceria com qualquer outro Presidente? Pede-se verificação.
Mas não nos iludamos. A sanha dos media, especialmente europeus e “globais”, contra GWB tem a ver com o facto de ele ter contrariado a agenda política de esquerda que esses media perseguem, embora muitas vezes não o digam explicitamente. Quem quiser cair nas boas graças desse verdadeiro poder político e judicial tem que perfilhar o “aquecimento global antropogénico”, o catastrofismo climático, as pretensões gay, a ideologia do género, o aborto, a eutanásia, a destruição de embriões humanos para investigação e, – porque não? –, o controle estatal.
Ora, GWB contrariou, em nome de princípios e ideias, toda esta deriva esquerdista que tomou de assalto redacções de jornais, estações de TV, a UE e a ONU. E com toda a legitimidade, porque não há uma só forma de conceber a vida e o mundo, como pretende a esquerda que domina todas essas estruturas.
Se GWB fosse de esquerda, a invasão do Iraque estaria absolutamente justificada em nome da defesa de uns quaisquer direitos humanos, da libertação do fanatismo religioso e da autodeterminação dos povos.
Assim, com estes media, o mundo já tem um culpado para mais 50 anos.
Em flagrante contraste, a imagem messiânica e de optimismo que os media criam à volta de BHO quase faz pensar que se trata da chegada de uma estrela cadente a Hollywood – até porque foi de Hollywood que recebeu muito dinheiro para a campanha, nada mau para quem pretende ser a voz dos mais pobres – e não de um novo presidente que chega a Washington para lidar com as duras realidades da vida, política e não só.
Mas será que BHO vai ser aquele esquerdista igualitário, estatalista e anti-conservador que esses media apregoam e desejam? A julgar por algumas nomeações anunciadas para a sua Administração tal não parece. Não haverá muita ilusão e utopia à volta da figura de BHO? Será que vai pôr em prática todas as promessas que fez na campanha e no momento em que as prometeu cumprir? As dúvidas sobre a verdade da atmosfera que foi criada à sua volta são mais que razoáveis. A realidade pode surpreendê-lo e, com o tempo, gerar decepções.
Desde logo, a política em relação ao Iraque, ao Afeganistão e ao Irão não deverá, nem poderá, mudar significativamente, dado que as respectivas situações já ficam encaminhadas e condicionadas pela Administração anterior, de forma provavelmente irreversível.
E na embrulhada de tanta promessa de mundo melhor e paraíso terrestre, sempre com muita regulamentação, pode acabar por cair na política fácil e sensacionalista, como acontece hoje na Europa, de desvirtuar a essência humana, promover o aborto, os casamentos e adopções gay, a destruição de embriões para investigação, a eutanásia, etc, etc.
Será que para BHO também é esse o “mundo melhor”?
Veremos.
manuelbras@portugalmail.pt
Quem quiser dispor de um excelente caso de estudo sobre o efeito dos media na percepção, que é dizer sobre a distinção entre o parecer e o ser, não pode deixar de aproveitar o jornalismo que se faz à volta da saída de George W. Bush (GWB) e da entrada de Barack H. Obama (BHO) na Casa Branca.
Ao primeiro atiram-se culpas de tudo e mais alguma coisa, até do “aquecimento global”, passando, obviamente, pela crise financeira, como se o Presidente ou a Administração tivessem nas suas mãos o controlo da gestão, dos investimentos, dos dirigentes e accionistas das empresas. Como se um Presidente tivesse que aceitar e seguir as políticas duvidosas de combate ao “aquecimento global”, centralizando e governamentalizando, com mais regulamentos e taxas, a actividade industrial e transportadora. GWB seguiu, tanto quanto possível, o princípio de liberdade económica e do governo mínimo, da ingerência mínima do Estado na sociedade civil. Ora, se as pessoas acham que o governo e o Estado devem deixar as empresas em paz quando os investimentos e os negócios correm bem, também o deve fazer quando corre menos bem. O contrário é dar mais poder ao governo e à máquina estatal, como acontece em Portugal, em que existe uma promiscuidade vergonhosa entre o Estado e certas empresas particulares, e pior, entre o dinheiro dos contribuintes, que o Estado arrecada, e dinheiros de bancos privados.
Alguém pode, honestamente, dizer que aquilo que aconteceu no sistema financeiro americano e mundial foi por culpa de GWB e que não aconteceria com qualquer outro Presidente? Pede-se verificação.
Mas não nos iludamos. A sanha dos media, especialmente europeus e “globais”, contra GWB tem a ver com o facto de ele ter contrariado a agenda política de esquerda que esses media perseguem, embora muitas vezes não o digam explicitamente. Quem quiser cair nas boas graças desse verdadeiro poder político e judicial tem que perfilhar o “aquecimento global antropogénico”, o catastrofismo climático, as pretensões gay, a ideologia do género, o aborto, a eutanásia, a destruição de embriões humanos para investigação e, – porque não? –, o controle estatal.
Ora, GWB contrariou, em nome de princípios e ideias, toda esta deriva esquerdista que tomou de assalto redacções de jornais, estações de TV, a UE e a ONU. E com toda a legitimidade, porque não há uma só forma de conceber a vida e o mundo, como pretende a esquerda que domina todas essas estruturas.
Se GWB fosse de esquerda, a invasão do Iraque estaria absolutamente justificada em nome da defesa de uns quaisquer direitos humanos, da libertação do fanatismo religioso e da autodeterminação dos povos.
Assim, com estes media, o mundo já tem um culpado para mais 50 anos.
Em flagrante contraste, a imagem messiânica e de optimismo que os media criam à volta de BHO quase faz pensar que se trata da chegada de uma estrela cadente a Hollywood – até porque foi de Hollywood que recebeu muito dinheiro para a campanha, nada mau para quem pretende ser a voz dos mais pobres – e não de um novo presidente que chega a Washington para lidar com as duras realidades da vida, política e não só.
Mas será que BHO vai ser aquele esquerdista igualitário, estatalista e anti-conservador que esses media apregoam e desejam? A julgar por algumas nomeações anunciadas para a sua Administração tal não parece. Não haverá muita ilusão e utopia à volta da figura de BHO? Será que vai pôr em prática todas as promessas que fez na campanha e no momento em que as prometeu cumprir? As dúvidas sobre a verdade da atmosfera que foi criada à sua volta são mais que razoáveis. A realidade pode surpreendê-lo e, com o tempo, gerar decepções.
Desde logo, a política em relação ao Iraque, ao Afeganistão e ao Irão não deverá, nem poderá, mudar significativamente, dado que as respectivas situações já ficam encaminhadas e condicionadas pela Administração anterior, de forma provavelmente irreversível.
E na embrulhada de tanta promessa de mundo melhor e paraíso terrestre, sempre com muita regulamentação, pode acabar por cair na política fácil e sensacionalista, como acontece hoje na Europa, de desvirtuar a essência humana, promover o aborto, os casamentos e adopções gay, a destruição de embriões para investigação, a eutanásia, etc, etc.
Será que para BHO também é esse o “mundo melhor”?
Veremos.
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Eleições Americanas, Manuel Brás