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2009/01/05

A Individualidade de Portugal 


Manuel Brás

A que se deve a individualidade e a independência de Portugal? Eis a pergunta que provoca confusão e perplexidade em tantos espanhóis e, infelizmente, não só.

A causas políticas, sem dúvida, alicerçadas numa vontade contínua e determinada de independência, sublimada em momentos críticos como os anos que antecederam 1140, 1383-1385, e 1640 e anos seguintes, e encarnada por figuras ilustres como D. Afonso Henriques, D. João I, D. Nuno Álvares Pereira, D. João IV...

Mas, e a geografia, teve algum papel relevante na conquista e na afirmação da independência de Portugal ao longo dos tempos?

É a isto que Dan Stanislavski, procura responder e demonstrar que sim, no seu livro “The Individuality of Portugal”, publicado em 1959, que a geografia teve um papel muito favorável no desenrolar da independência, recorrendo ao trabalho de investigação de historiadores e geógrafos de grande prestígio, portugueses e espanhóis, como Leite Vasconcellos, Orlando Ribeiro, Amorim Girão, Caro Baroja, Bosch Gimpera, entre outros.

Eis as principais razões que levam este estudioso e professor universitário americano a considerar que a independência portuguesa teve uma relevante base geográfica associada:~

1. As imemoriais diferenças culturais entre a periferia húmida da península e a meseta, baseadas nas diferenças físicas das áreas envolvidas. As diferenças climáticas – periferia próxima do Atlântico muito húmida e a meseta muito seca e árida – diferenças de exploração do solo e de actividade económica – periferia muito dedicada à agricultura e a meseta muito dedicada à pastorícia e criação de gado.

2. Grande parte das zonas fronteiriças actuais estendem-se por zonas com pouco interesse, imposto por condições físicas do território: no norte as montanhas, no sul a aridez da planície e sempre a existência de cursos de água a separar. Estas zonas isolaram Portugal, promeiro no norte, a área pioneira da independência. Referenciam-se como factores de isolamento as escarpas inóspitas ao longo do Douro internacional, difíceis de transpor como factor de isolamento do norte em relação à meseta, a orientação das serras do norte de Portugal segundo a direcção nordeste-sudoeste, a deslocação dos cursos naturais de água para ocidente. Não é por acaso que 75% da linha de fronteira entre Portugal e Espanha são cursos fluviais.

3. O isolamento do noroeste de Portugal (entre os rios Douro e Minho) durante períodos dos séc. VIII e IX, em relação a Leão, criando-se as terras desertas, uma estratégia adoptada por Alfonso I para defesa dos mouros, que consistiu principalmente no despovoamento e abandono das cidades, mais do que os campos. Este despovoamento citadino criou uma zona de segurança entre Leão e os territórios ocupados pelos mouros, tornando improcedentes e inúteis os ataques destes últimos. Neste período acentuou-se a separação entre Portugal e a Galiza.

4. As divisões e tumultos entre os reinos da meseta, anteriores e coevos a D. Afonso Henriques, deram, primeiro, ao Condado Portucalense e, depois, a Portugal uma liberdade de acção que teria sido impossível se o rei de Leão não tivesse o seu poder militar envolvido nas contendas da meseta.

5. Outros factores de menor importância se podem juntar, como a continuidade das dificuldades e tumultos entre os reinos da meseta após D. Afonso Henriques, que lhes polarizaram as atenções, bem como a preocupação desses mesmos reinos com os mouros, até fins do sec. XV, o que permitiu a Portugal conquistar território e afirmar a sua independência sem pressões da meseta.

http://libro.uca.edu/stanislawski/portugal.htm

manuelbras@portugalmail.pt

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