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2008/11/12

O descontentamento militar 

Miguel Lima

Acabo de ler no sítio "PortugalClube", o artigo do Sr. Maj. General Paula Vicente, sobre a actual situação militar e o seu compreensivo descontentamento.

A análise que faz é lúcida, merece os nossos parabéns e apoio, nomeadamente por referir algo que é importante numa Nação (há uns anos atrás, por dizer este palavra, seria apelidado de fascista!):

as forças armadas colaboraram de forma vergonhosa na descolonização e na instalação de reviralhistas nas cadeiras do Poder;

estes, não tendo valores, não tendo os necessários conhecimentos técnicos, éticos e sociológicos (da Nação Portuguesa), nem tendo sido educados para o exercício do Poder, tudo o que fizeram, foi levar a ruína, a destruição, a morte, a guerra onde não havia,... entretanto, encheram os bolsos à nossa custa!

Recordo a este propósito que em 1976, já estávamos a contrair empréstimos no estrangeiro (FMI, BM, EUA, etc...), o País estava estagnado, só recuperando parcialmente, depois de 1986, com os governos de Cavaco Silva e as esmolas comunitárias, que nos retiraram do marasmo em que estávamos, mas também foram a nossa perdição e uma das causas directas da ruína económica em que estamos!

O que nunca compreenderei, é como uma maioria de oficiais, se deixaram levar numa louca aventura, mais a mais sendo contemporâneos de algumas das trágicas independências em África e na Ásia, bem como da guerra do Biafra, não tendo pensado que a consequência seria a construção de novos "Biafras".

Seja como for, "não vale a pena chorar sobre o leite derramado" e agora, há que corrigir o mal feito, extirpando do corpo da Nação, o cancro existente (e com muitas ramificações) constituído por estes políticos (será que algum se salva?); acção que deveria contar com as Forças Armadas, assim como a criação de novas associações políticas, limpas e descomprometidas com as tacanhas mentalidades dos que nos governam, independentes dos lobis e outras obscuras forças anti-Nação.

Vamos criar um novo movimento político!

A Bem da Nação.

M. Lima

miguel.martel@gmail.com

2008/11/11 Alô PORTUGAL <
noticias@portugalnoticias.com>



O descontentamento militar


Fernando Paula Vicente Maj-General da FAP


O descontentamento das Forças Armadas, traduzido essencialmente em manifestações de rua e intervenções de carácter diverso na comunicação social, a que o País tem vindo a assistir nestes anos mais recentes, é um assunto demasiado complexo para poder ser tratado, de uma forma inteligente, num mero comentário de jornal que me é pedido, o qual não pode visar outra coisa que não seja o esclarecimento da Nação sobre o que está realmente em causa. Ele traduz muito mais que uma reivindicação de direitos e de subsídios, e radica profundamente no sistemático atentado à condição militar. E, nesse sentido, para ser justo, tenho que começar por afirmar que ambas as partes Forças Armadas (FA) e sucessivos Governos constitucionais têm, nesta matéria, grossas culpas no cartório.


Começando pelas FA, é preciso que se diga sem rodeios que elas tudo fizeram para que uma significativa parte da Nação lhes tenha perdido o respeito que tradicionalmente lhes era devotado. Ao executarem, por razões corporativas, um golpe de Estado, permitiram que ele se transformasse numa das mais anárquicas revoluções do século passado.


Liderada por comunistas, socialistas e toda a gama de oportunistas, nestes se incluindo muitíssimos militares — recorde-se aqui o sinistro Conselho da Revolução — tudo aquilo que a revolução conseguiu foi destruir as estruturas do Estado, por em prática um plano de nacionalizações cujo verdadeiro impacto está ainda por quantificar e conceder, ilegitimamente até do ponto de vista constitucional, a prematura independência às Províncias Ultramarinas, com as consequências que todos conhecemos e que, lá, se cifraram pela destruição quase completa das muitas infra-estruturas existentes e por centenas de milhares de mortos.


Qualquer país digno desse nome, já teria nesta altura investigado essa página negra da nossa História e atribuído responsabilidades a muitos — militares e civis — que ainda por aí abundam armados em heróis. Portugal não precisava de um 25 de Abril para se democratizar: a sua incontornável entrada para a CEE teria obrigado o País a democratizar-se, da mesma forma que, para tentar ser aceite na União Europeia, a Turquia procede actualmente à sua democratização interna.


Para além disso e mais importante ainda, a revolução destruiu os padrões morais em que funcionava a sociedade portuguesa, criando as condições para tornar Portugal no mais corrupto e mais atrasado país da Europa comunitária neste início do século XXI. Tudo isso, ainda que indirectamente, graças às Forças Armadas.


Ainda sobre os militares, com excepção da Força Aérea que, imediatamente após a independência do nosso Ultramar, reduziu os seus efectivos de 20 mil para cerca de 10 mil homens (a sua dimensão normal para o território do continente), modernizou a sua gestão e, tanto quanto possível, também o seu dispositivo, as FA, sem liderança política competente, foram deixadas absorver milhares de milhões de contos em programas que pouco tinham a ver com o quadro estratégico em que presumivelmente elas poderiam vir a actuar, isto porque os respectivos chefes de Estado-Maior, defendendo cada um os interesses corporativos do seu Ramo, foram incapazes de se por de acordo sobre aquilo que era verdadeiramente o interesse nacional.


Cabe aqui dizer que têm também graves culpas nesta matéria todos os Ministros da Defesa e todos os deputados que integraram as sucessivas Comissões Parlamentares de Defesa, que permitiram tudo isso sem oposição que tenha sido visível.


Faltou aos militares a honestidade da visão do interesse nacional e a Nação pagou por isso um altíssimo preço.


O desgaste da imagem das FA foi-se acentuando até que, de há uns anos a esta parte e seguros de que, finalmente, não há mais espaço para golpes militares — a insinuação, por outras palavras, feita pelo Gen. Loureiro dos Santos, de que a democracia portuguesa está em risco é leviana — os políticos têm estado a fazer às FA aquilo que bem lhes apetece, nomeadamente, retirando aos chefes militares quase todas as competências administrativas e outras; não actualizando as grelhas salariais em correspondência com aquilo que eram os tradicionalmente equivalentes níveis de remuneração da função pública; legislando sobre outras remunerações a militares e, em completo desrespeito pela lei, recusando o respectivo pagamento (neste momento, a dívida é gigantesca); destruindo os subsistemas de saúde militares e substituindo-os por um novo (ADM) que há mais de um ano não paga aos respectivos utentes qualquer comparticipação; destruindo os fundamentos da justiça militar e da condição militar e querendo transformar os militares em meros funcionários públicos.


Os militares, porque estatutariamente não têm poder reivindicativo, têm estado a pagar, mais do que qualquer outra classe, o preço da crise.


Por tudo o que antecede, constata-se que, actualmente, os militares têm vergonha de andar fardados na rua e isso, num país democrático, é um péssimo indicador social, que faz ricochete na imagem dos Governos e da própria Nação. Claro que, como recentemente aconteceu, quando Portugal admite que um desertor se candidate à Presidência da República, sabendo-se que, se ele for eleito, será também o Comandante Supremo das Forças Armadas, está tudo dito, vale tudo!


Os políticos perderam finalmente o medo — e, como tal, também o respeito — pelos militares e estes estão cheios de razões para trazer ao conhecimento da Nação o seu descontentamento. Uma entidade insuspeita, o Senhor D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas, não se coibiu de, muito recentemente, fazer publicamente eco desse descontentamento em termos que não deixaram margem para dúvida sobre a sua legitimidade.


As FA não são um corpo de funcionários públicos. Não têm horário de trabalho das 9 às 18: se necessário, trabalham 24 horas por dia, nas condições mais adversas, inaceitáveis para os funcionários públicos, sem direito a receber horas extraordinárias. Servem a Nação e juram solenemente por ela dar a vida, onde necessário, se necessário.


Não têm sindicatos. Abdicam, enquanto em serviço activo, do direito à liberdade de expressão. A Instituição Militar é um dos pilares da segurança nacional e da sobrevivência da Nação e um dos mais importantes vectores da política externa do Estado.


Quando é hostilizada pelo Governo da Nação, fatalmente o que está errado não são as FA com os seus defeitos e virtudes, o que ressalta é que ao Governo falta noção de Estado.


E isso tem um preço político, nacional e internacional. O Governo, os Chefes Militares e o próprio Presidente da República na sua função de Comandante Supremo, que tão calado tem estado no quadro da «cooperação estratégica» que pauta o seu desempenho, deviam todos ter vergonha!

Fernando Paula Vicente Maj-General da FAP (Reformado)

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