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2008/06/24

Inesperado Surto do “Proto-Fascismo” Camionista (2) 

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Alguns camionistas subiram às nuvens com a sucessão de descobertas e as revelações do jornal.

Comparados ao Mussolini e à “Marcha sobre Roma”, não era para menos!

Decidiram, na véspera do maior dos bloqueios de estradas previstos e não se sabe por que fantástica coincidência, ir festejar jantando no Restaurante do Hotel da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, cidade ideal para arranque de qualquer marcha com futuro, neste País duma criatividade política sem igual, como todos os meus leitores sabem e não contestarão, pela certa.

Garanto que nem por sombras sabiam eles ou podiam adivinhar que o proprietário do célebre restaurante era o mesmo feliz autor da análise visionária sobre o proto-fascismo dos camionistas, que tanta fama e aura na Comunicação Social e forças políticas do País haveria de render-lhes.

Haviam-se inscrito para participar no jantar uns cinquenta ou sessenta camionistas e seus empregados, mas apareceram mais de cento e cinquenta ao todo.

O gerente de serviço não se limitou a deitar as mãos à cabeça; apressou-se a gritar telefonicamente por socorro ao patrão, na capital, que, como de costume, lhe respondeu irritado que se desenrascasse.

Aquelas celebrações de fascismo crónico e anacrónico pareciam começar tortas, mas o tempo estava já uma maravilha de luz, serenidade e encanto tais que tudo correu pelo melhor, com o pessoal jantante alegremente instalado, num abrir e fechar de olhos, em dezenas de mesas dispostas, de um instante para o outro, nos jardins de sonho da Quinta, por um pessoal expeditíssimo, largamente treinado naqueles desarricanços.

O já então feliz gerente de serviço sabia que era assim que o amo queria, para não se perder aquela oportunidade inesperada de uma grande receita, de que, segundo a eterna teima do excelente economista que era o amo, a “Casa” tanto carecia.

Bastaram aliás umas dezenas de lagostas para estabelecer o mais convincente dos cenários.

Mas tudo sempre com uma enorme dignidade e absoluta fidelidade às tradições de superior apresentação e um tanto discreto exibicionismo, timbre sempre indesmentido daquela aparatosa organização hoteleira, com pergaminhos desde pelo menos a Senhora Dona Inês de Castro e o respectivo Senhor Dom Pedro.

Essa primeira e espontânea celebração dos camionistas deixou a todos um sabor, como que reverencial.

Num longo papel todos puseram sem hesitar os seus nomes, endereços e o mais fácil contacto, para futuros encontros, embora nem tanto fosse preciso, porque o entendimento comum foi logo de que novos apelos à mobilização geral seriam lançados sempre por notícias e comunicados na Imprensa, sem necessidade de recurso a convocatórias pelos CTT, que não passavam já de arcaica burocracia que se impunha superar desde os começos. Como os mais ousados exigiam, porque, diziam eles, aquele “movimento” tinha de começar por ser diferente de tudo o resto. E, acrescentavam os mentores mais atentos à direcção dos ventos, sem parentesco algum fosse com que fosse, no passado.

(A.C.R.)

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