2006/09/11
“Verdade Inconveniente”
Facto curioso: é das cabeças mais relativistas que surgem as verdades mais absolutas e os dogmas mais indiscutíveis. Não a propósito de questões transcendentes, mas, imagine-se, sobre o clima. Guiados por Al Gore, que é um político.
Mas, será uma “verdade” científica ou política? Porque é que Al Gore tenta provar um suposto fenómeno científico com argumentos de cariz político?
Será que o “aquecimento global” existe mesmo desse modo catastrófico que alguns asseveram? Como saber isso? Ou serão previsões baseadas em modelos computacionais, desenhados segundo os critérios que se pretende e que, portanto, já estão à partida orientados por uma vontade ou uma conveniência política ou ideológica?
Será que os mesmos dados científicos – baseados em medições de sondas e satélites meteorológicos – se vistos com outra forma mentis não catastrofista, levam às mesmas previsões? Porque há registos de temperaturas que são rejeitados? Afinal de contas, o que se entende por “aquecimento global”, se não existe um clima global, mas vários climas?
Durante o séc. XX a temperatura média à superfície da Terra subiu de 0,5 a 0,6ºC, excepto entre 1940 e 1970, em que desceu 0,15ºC. E sempre com a concentração de CO2 a subir. Mas, a temperatura não subiu em todos os locais, e nem sempre do mesmo modo. Em alguns desceu. O clima não é global. No último milénio terrestre houve variações apreciáveis de temperatura. Aquecimentos, como na Idade Média, e arrefecimentos como na Little Ice Age, pelo séc. XVII. Daí para cá a temperatura média tem subido gradualmente, como várias vezes aconteceu nos últimos milénios.
Porque é que a tese do “aquecimento global” devido a efeito de estufa antropogénico levanta dúvidas? Porque em certos locais, como na Europa, é acompanhado por um aumento de pressão, devido ao efeito dos anticiclones móveis polares (AMP). Acontece é que o Al Gore só olha para a temperatura – e não para todas – mas esquece-se da pressão atmosférica. Ora, se a causa do tal aquecimento fosse a retenção de calor na atmosfera pelos gases de estufa, isso traduzir-se-ia numa diminuição de pressão, ao contrário do aumento que se registou nos últimos 50 anos. Porque é que isso não acontece?
Quanto, deste aumento médio de temperatura, é devido a causas naturais e a causas antropogénicas (como se o homem não fizesse parte da natureza)? Não poderá ser devido a um aumento da actividade solar, o que tende a acontecer de forma cíclica? Ou devido ao efeito dos AMP? Quanto é que “pinta” cada um destes factores? O clima é tremendo, depende de demasiados factores para o Al Gore poder afirmar com certeza a sua verdade. É quase tão difícil de prever como a economia.
Ontem berravam por uma sociedade sem classes, hoje berram por um clima sem mudanças. Mas como, se o clima não tem feito outra coisa senão variar ao longo dos milénios?
Para demonstrar aos leitores que a “verdade” do aquecimento global e suas catástrofes está longe de ser aceite por todos, sobretudo os que não são políticos, veja-se “The Skeptical Environmentalist”, Bjorn Lomborg, Cambridge University Press (2001) e “Global Warming – Myth or Reality?”, Marcel Leroux, Springer (2005).
Quem se lembra das previsões de Paul Ehrlich, nos 60 e 70, da “explosão demográfica”, da escassez de alimentos e de água, das fomes em massa no Ocidente? Onde está o tal milhão de espécies extintas que Myers previra em 1979 para os 25 anos seguintes, à razão de 40.000 por ano?
Se as previsões de Al Gore forem tão rigorosas como as dos seus camaradas Ehrlich e Myers, acerta de certeza absoluta. Daqui a dez anos cá estaremos para ver.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
Mas, será uma “verdade” científica ou política? Porque é que Al Gore tenta provar um suposto fenómeno científico com argumentos de cariz político?
Será que o “aquecimento global” existe mesmo desse modo catastrófico que alguns asseveram? Como saber isso? Ou serão previsões baseadas em modelos computacionais, desenhados segundo os critérios que se pretende e que, portanto, já estão à partida orientados por uma vontade ou uma conveniência política ou ideológica?
Será que os mesmos dados científicos – baseados em medições de sondas e satélites meteorológicos – se vistos com outra forma mentis não catastrofista, levam às mesmas previsões? Porque há registos de temperaturas que são rejeitados? Afinal de contas, o que se entende por “aquecimento global”, se não existe um clima global, mas vários climas?
Durante o séc. XX a temperatura média à superfície da Terra subiu de 0,5 a 0,6ºC, excepto entre 1940 e 1970, em que desceu 0,15ºC. E sempre com a concentração de CO2 a subir. Mas, a temperatura não subiu em todos os locais, e nem sempre do mesmo modo. Em alguns desceu. O clima não é global. No último milénio terrestre houve variações apreciáveis de temperatura. Aquecimentos, como na Idade Média, e arrefecimentos como na Little Ice Age, pelo séc. XVII. Daí para cá a temperatura média tem subido gradualmente, como várias vezes aconteceu nos últimos milénios.
Porque é que a tese do “aquecimento global” devido a efeito de estufa antropogénico levanta dúvidas? Porque em certos locais, como na Europa, é acompanhado por um aumento de pressão, devido ao efeito dos anticiclones móveis polares (AMP). Acontece é que o Al Gore só olha para a temperatura – e não para todas – mas esquece-se da pressão atmosférica. Ora, se a causa do tal aquecimento fosse a retenção de calor na atmosfera pelos gases de estufa, isso traduzir-se-ia numa diminuição de pressão, ao contrário do aumento que se registou nos últimos 50 anos. Porque é que isso não acontece?
Quanto, deste aumento médio de temperatura, é devido a causas naturais e a causas antropogénicas (como se o homem não fizesse parte da natureza)? Não poderá ser devido a um aumento da actividade solar, o que tende a acontecer de forma cíclica? Ou devido ao efeito dos AMP? Quanto é que “pinta” cada um destes factores? O clima é tremendo, depende de demasiados factores para o Al Gore poder afirmar com certeza a sua verdade. É quase tão difícil de prever como a economia.
Ontem berravam por uma sociedade sem classes, hoje berram por um clima sem mudanças. Mas como, se o clima não tem feito outra coisa senão variar ao longo dos milénios?
Para demonstrar aos leitores que a “verdade” do aquecimento global e suas catástrofes está longe de ser aceite por todos, sobretudo os que não são políticos, veja-se “The Skeptical Environmentalist”, Bjorn Lomborg, Cambridge University Press (2001) e “Global Warming – Myth or Reality?”, Marcel Leroux, Springer (2005).
Quem se lembra das previsões de Paul Ehrlich, nos 60 e 70, da “explosão demográfica”, da escassez de alimentos e de água, das fomes em massa no Ocidente? Onde está o tal milhão de espécies extintas que Myers previra em 1979 para os 25 anos seguintes, à razão de 40.000 por ano?
Se as previsões de Al Gore forem tão rigorosas como as dos seus camaradas Ehrlich e Myers, acerta de certeza absoluta. Daqui a dez anos cá estaremos para ver.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
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