2006/09/08
Os lados do conservadorismo
Caro Corcunda, permita-me uns esclarecimentos:
1. Os reparos que faço ao conservadorismo tradicional de falta de argumentação e de fraqueza intelectual vão inteirinhos para os políticos europeus que tradicionalmente se proclamam conservadores – aquilo que pensam, ou não pensam –, não, evidentemente, para o conservadorismo enquanto corpo de ideias e filosofia política. Talvez não tenha sido suficientemente claro, de forma a não deixar dúvidas.
2. Por isso, subscrevo tudo o que refere quanto aos fundamentos filosóficos e políticos do conservadorismo, como o realismo da condição humana, a primazia do político sobre o económico, etc. Bem sei que o conservadorismo tem argumentação própria e bem fundada. Que tem uma visão própria do Homem, da Vida, do Mundo e da História. E penso que estas características também estão presentes no chamado neoconservadorismo, que não é outro, mas o mesmo conservadorismo com um ímpeto renovado, mesmo sabendo que alguns neoconservadores vieram do socialismo e do liberalismo (no sentido americano).
3. Tenho é imensas dúvidas que “conservadores” como David Cameron, Aznar, Chirac, o PPE em peso – para já não falar de figuras cá do burgo – assumam esse corpo de ideias que bem explicitou. Mais do que esses se tem Tony Blair comportado como conservador, ainda que não tenha o rótulo colado à testa. Não se é conservador ou de direita só de fachada para fazer o frete à esquerda.
4. Quanto aos filósofos, creio que se pode considerar Strauss um filósofo do neoconservadorismo, pela sua obra e pela sua influência. Ele próprio trata da distinção entre filosofia política e ciência política.
5. Não creio que seja esse o seu caso, mas parece-me que os engulhos contra o neoconservadorismo nascem de uma suposta origem judaica do movimento, coisa para alguns inaceitável a priori.
6. Está a ver? Enquanto debatemos isto não andamos atrás da agenda da esquerda. Não deixe de dar a sua valiosa contribuição para este esclarecimento acerca do conservadorismo e da direita, que é, e continuará a ser, muito bem vinda e que sinceramente agradeço.
Os melhores cumprimentos
Manuel Brás
1. Os reparos que faço ao conservadorismo tradicional de falta de argumentação e de fraqueza intelectual vão inteirinhos para os políticos europeus que tradicionalmente se proclamam conservadores – aquilo que pensam, ou não pensam –, não, evidentemente, para o conservadorismo enquanto corpo de ideias e filosofia política. Talvez não tenha sido suficientemente claro, de forma a não deixar dúvidas.
2. Por isso, subscrevo tudo o que refere quanto aos fundamentos filosóficos e políticos do conservadorismo, como o realismo da condição humana, a primazia do político sobre o económico, etc. Bem sei que o conservadorismo tem argumentação própria e bem fundada. Que tem uma visão própria do Homem, da Vida, do Mundo e da História. E penso que estas características também estão presentes no chamado neoconservadorismo, que não é outro, mas o mesmo conservadorismo com um ímpeto renovado, mesmo sabendo que alguns neoconservadores vieram do socialismo e do liberalismo (no sentido americano).
3. Tenho é imensas dúvidas que “conservadores” como David Cameron, Aznar, Chirac, o PPE em peso – para já não falar de figuras cá do burgo – assumam esse corpo de ideias que bem explicitou. Mais do que esses se tem Tony Blair comportado como conservador, ainda que não tenha o rótulo colado à testa. Não se é conservador ou de direita só de fachada para fazer o frete à esquerda.
4. Quanto aos filósofos, creio que se pode considerar Strauss um filósofo do neoconservadorismo, pela sua obra e pela sua influência. Ele próprio trata da distinção entre filosofia política e ciência política.
5. Não creio que seja esse o seu caso, mas parece-me que os engulhos contra o neoconservadorismo nascem de uma suposta origem judaica do movimento, coisa para alguns inaceitável a priori.
6. Está a ver? Enquanto debatemos isto não andamos atrás da agenda da esquerda. Não deixe de dar a sua valiosa contribuição para este esclarecimento acerca do conservadorismo e da direita, que é, e continuará a ser, muito bem vinda e que sinceramente agradeço.
Os melhores cumprimentos
Manuel Brás
Etiquetas: Manuel Brás, socialismo