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2006/09/05

Discutir a direita portuguesa, muito bem…
Mas como, se não soubermos antes o que é ser de direita? 

Os leitores que nos desculpem.

Prolongou-se algo para além do previsto a paragem de actividade do nosso blogue, para férias dos colaboradores.

Mas as realidades em que estamos mergulhados – o País e o Mundo – impuseram-se e passaram acima de tudo.

Quanto ao Mundo, as peripécias do cessar-fogo no Líbano-Israel deixaram-nos mais desassossegados que a guerra. A força militar dissuasora que está a ser criada, a sua constituição, o seu comando, o Estado mais responsabilizado por ela (a França), a indefinição grosseira e atamancada dos seus meios e das suas tarefas, tudo parece tão mal definido e tão contraditório que mais se afigura feito para preparar já a guerra seguinte e deixar as mãos livres ao Hezbollah e seus manipuladores, conhecidos mas ambíguos.

Quanto ao nosso País, nestas duas ou três semanas, também muito teria havido para comentar. Mas o silêncio para calmamente reflectir, foi igualmente aconselhável, tão precipitado e ligeiro foi tudo quanto se ouviu.

Prefiro, por isso, fixar-me agora em algo de que a direita, em geral, e os nacionalismos, em particular, fogem como diabo da Cruz.

Isto é, prefiro avançar direito aos cornos do boi e apresentar a minha concepção de direita, politica e teoricamente falando, em vez de contentar-me com um arremedo, como o da chamada direita dos interesses, por exemplo.

Mais exactamente e mais arriscadamente ainda, o que tenho de fazer é lembrar quais são os valores que, em minha opinião, a direita encarna, defende e pratica.

Darei exemplos.

A. A responsabilização pessoal de todos e cada um dos homens, em primeiro lugar, como seres que, por isso, respondem pelos seus actos.

B. Tal implica que cada homem é tendencialmente livre nas suas decisões e tem o direito de ver respeitada a sua liberdade, devendo portanto respeitar a liberdade e responsabilidade dos outros e compreender que a liberdade, o seu exercício responsável e alargado, é uma conquista permanente.

C. Direito, pois, de iniciativa responsável privada e particular de cada homem, individualmente e em grupo; ou seja, o direito em geral de empreender, com a garantia do direito à posse dos bens que daí resultem e à sua fruição e gestão.

D. Respeito pela vida em geral, como pelo ambiente e seus demais condicionalismos, mas especialmente pela vida humana, o que implica a condenação dos atentados à mesma, sobretudo o aborto que é a pena de morte para os inocentes e indefesos.

E. Respeito pela pessoa humana e igualdade fundamental de todos os homens.

…….

Fico-me por aqui, para já, porque não quero dar a impressão de estar a tentar esgotar a matéria e porque todas as gentes, sobretudo os que nos consideramos de direita, temos o dever e a obrigação de possuir e exprimir pensamento próprio sobre este tema fundador.

E se, imaginemos, todos os que escrevemos neste sector inconfundível da blogosfera, sector tão responsabilizante, fizéssemos um esforço decidido para nos definirmos e nos ajudássemos uns aos outros a definirmo-nos em matéria de direitas?

É um desafio e uma aposta.

O desafio assumo-o; a aposta não me importo de perdê-la.

Permito-me recomendar que não embarquemos nem nos percamos na chicana dos que, naquilo que vem a público, querem transformar a questão de fundo – realmente incontornável – numa especulação meramente tacticista sobre a oportunidade política de a discutirmos.

Claro que seria muito mais fácil e cómodo, e também oportunista, fugir à questão com o pretexto de que ela nos dividirá ou de que prejudicará (ou beneficiará…) este ou aquele partido.

É capaz de ser verdade, sobretudo talvez para os que temam constatar que nem eles, nem os partidos que ajudaram a construir são realmente de direita.

Finalmente, faço um convite.

Que cada um dê, no seu blogue ou blogues, a sua versão do que é ser de direita. E mais, agora apenas como voto também muito amigável: que o faça sem preocupação de recurso a citações eruditas com que muitas vezes nos desculpamos do peso e abuso do argumento de autoridade.

António da Cruz Rodrigues (A.C.R.)


N.B. – Não pretendi ditar uma definição, mesmo longe de exaustiva, dos valores da direita; tentei, simplesmente, listar alguns valores possíveis, a partir de reflexão própria e da observação de pessoas que se declaram de direita ou agem como se o fossem e nas quais fui verificando e confirmando a fé e a prática dos valores que alinhei aqui.

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