<$BlogRSDUrl$>

2006/09/10

Vamos aos tralhões! 

Estava há bocado com um dos meus netos mais novos, o Manuel de cinco anos.

“Pareces um passarito!” – disse-lhe.

E de repente…

“Pareces um tralhão!” – insisti.

“O que é isso?! – perguntou, com os olhos muito abertos.

“Um passarito, lindo como tu” – respondi.

Como é que subitamente me lembrou aquela palavra – tralhão ou taralhão – que há tantos anos não dizia nem ouvia dizer… que há tanto, tanto tempo nem sequer me ocorria?

Fui confirmar ao prontuário. Lá estava nas duas formas. Um termo normal, nem popular nem erudito, que tinha esquecido.

Pelos meus nove – dez anos fui muitas vezes aos tralhões com alguns garotos desse tempo, mais de metade dos quais já morreram homens maduros ou velhos.

Com frequência, nos meses próprios, íamos todos juntos “aos tralhões”, armar-lhes os costilos quase invisíveis, em cada um deles um grilito quase invisível também a servir de isco, costilos que deixávamos espalhados pelos campos em roda e que voltávamos buscar pela manhã fora, para recolher os tralhõezitos apanhados nas nossas armadilhas.

Porque me lembrou tudo isto, todos estes nadas sem relevância?

A verdade é que – não sei também por que misteriosa ligação – me achei logo, inesperadamente, a desenvolver dentro de mim a mais suspeita das características da direita que no
poste de há cinco dias vos apresentei: a do “respeito pela pessoa humana e igualdade fundamental de todos os homens.”

Porque é que, ao fim de milénios, isto continua a ser inquietante, incompreensível e chocante?

Amanhã dir-vos-ei as minhas reflexões sobre este ponto.

Hoje já não tenho tempo, preciso de “ir aos tralhões”, outros tralhões.

A.C.R.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional