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2006/09/18

Guerra Total 

Vivemos, no Ocidente, em regime de rendição preventiva. À mínima ameaça verbal, vinda do mundo islâmico – para já não falar do combate que tem vindo a ser feito ao terrorismo – muitos ocidentais metem logo “a viola no saco”, para não dizer “o rabo entre as pernas”. É espantosa a debilidade do Ocidente, paticularmente na Europa, que faz com que, rapidamente, à primeira dificuldade, nos voltemos contra nós próprios, acusando-nos e guerreando-nos estupidamente.

É particularmente chamativa a campanha mediática em curso contra os Estados Unidos e os seus aliados civilizacionais, sejam eles Nações, governantes, forças políticas ou simples cidadãos, dentro do mundo ocidental. – seguramente, não é alheia às intercalares americanas de Novembro próximo.

Os media vomitam americanismo primário num uníssono que só tem paralelo nos tempos áureos da União Soviética. Ele é a baixa popularidade de Bush, os astronautas americanos que nunca foram à Lua, a administração americana que preparou os atentados de 11/9... Tudo serve para dizer que os americanos – entenda-se os judeus – são os culpados do terrorismo e de tudo quanto de mal há no mundo. A sua grande culpa é existirem.

Curiosamente, desconfia-se e acusa-se os americanos de farsas e conspirações, mas ninguém desconfia do Al Gore. Será que não é americano?

Os maus estão, assim, claramente identificados: americanos, judeus, e aliados, enfim tudo aquilo que seja susceptível de encarnar o “american way of life”, o “sionismo” ou, até, o atlantismo. Do outro lado existe uma fabulosa máquina de propaganda orquestrada não se sabe por quem, mas funciona bem. Quem está do outro lado? Quem são os bons? O que representam? O que pretendem? Será o Irão? A Internacional Socialista? Organizações islâmicas?

É que, se o Ocidente não se une em torno das suas raízes civilizacionais e, pelo contrário, se volta, em bloco, contra o seu pulmão mais forte, em termos militares e civilizacionais, fica seriamente debilitado ao não perceber que está a ser manipulado em direcção à sua auto-destruição.

Satisfeito, e até espantado, deve estar Ahmadinejad com o sucesso com que os media ocidentais semeiam a confusão entre os seus próprios consumidores, ao fim e ao cabo, contra eles próprios. É um caso – patológico – digno de estudo. Ele, Ahmadinejad, nunca pensou que seria tão fácil convencer os ocidentais de que o seu grande inimigo é Israel e os EUA, e não ele próprio, que pretende riscar Israel do mapa, e ainda o mais que lhe der na veneta.

Este débil Ocidente europeu tem os reflexos muito condicionados: se o agridem, logo se convence que fez algum mal e que o agressor tem razão; não consegue identificar e distinguir aliados e inimigos, em consequência do vazio civilizacional que padece; julga que recuando perante ameaças o inimigo se detém, esquecendo que a sua lógica – a do inimigo – é: quanto mais te agachas, mais levas no “focinho”.

Para além do confronto interno no Ocidente entre ateísmo e religião, a não distinção, por parte de alguns líderes muçulmanos, entre uns cartoons insultuosos – e condenáveis – e a citação de um diálogo inter-religioso sério acerca do recurso à violência como veículo de propagação da fé, alastrou o choque civilizacional com o mundo islâmico do campo político para o campo religioso. Paciência. Assim se vê quem tem capacidade para falar, ou não falar, seriamente sobre questões mais transcendentes. As reacções de certos líderes e grupos islâmicos – não todos, de que é exemplo a Comunidade Islâmica de Lisboa – acabam, paradoxalmente, por confirmar a justeza e a pertinência da citação feita por Bento XVI no diálogo entre religiões.

Disto, bem nos avisou Oriana Fallaci, com um sentido verdadeiramente profético, apurado nos últimos anos da sua vida, que há bem pouco terminaram.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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