2006/03/07
Permitam-me que também fale dos cartoons…
A propósito da questão dos cartoons dum jornal dinamarquês ofensivos para muitos muçulmanos, desencadeou-se entre intelectuais portugueses uma inacreditável polémica. Com os defensores da liberdade de expressão a tentarem sustentar com total desonestidade intelectual e a mais completa hipocrisia o carácter absoluto dessa liberdade dos órgãos da comunicação social.
Não nos explicam, porém, porque motivos essa liberdade deveria gozar de tal privilégio, quando todas as restantes liberdades sofrem as mais diversas limitações.
Esquecem-se aliás de que, jornalistas ou qualquer cidadão, têm a sua liberdade limitada pela lei ou pelos costumes de se exprimirem publicamente, por exemplo, a respeito do Presidente da República, do Primeiro-Ministro e de qualquer simples ministro ou secretário-de-Estado.
Penso que não é a liberdade de expressão que está em causa, tão absurdamente hipócrita e intelectualmente desonesta, repito, é a posição dos defensores do valor absoluto e intocável dessa liberdade.
Talvez aquilo que mais os enraivece seja a consciência clara ou difusa da sua própria incoerência, não apenas do tipo daquela incoerência que o parágrafo anterior exprime mas outra mais profunda e, chamar-lhe-ia, mais sangrenta e, para eles, insuportável.
A evidência disso saltou à vista, para mim, pelo menos, com o caso do ministro dos Negócios Estrangeiros.
Suponho que terei sido o primeiro a prever, logo quando da sua nomeação, que o PM não tardaria a pensar em ter de demiti-lo. Estou, portanto, à vontade.
Agora todos os defensores do jornal dinamarquês e da liberdade absoluta de expressão caem em cima do pobre homem-ministro dos N.E. e lhe exigem que se demita.
Julgo que, sobretudo, por terem descoberto que, no fundo, ele é o mais coerente e quem mais os envergonha e desmascara.
Coerente em quê?
Lembram-se, certamente, da furiosa posição anti-guerra no Iraque e contra Bush e os Americanos, exibida pelo Freitas do Amaral que então ainda não era ministro, mas esperava talvez vir a sê-lo.
Ele continua coerente, com isso.
Não queria então a guerra contra os Árabes e muçulmanos e também não a quer desta vez.
Ainda que a guerra agora não seja, imediatamente pelo menos, uma guerra de mortes, com armas na mão.
Mas os outros, os do direito absoluto de expressão, que em geral foram também, como F. do A., furiosamente contra a guerra dos Americanos, os quais haviam sofrido o terrorismo na própria carne, esses agora querem absolutamente a guerra contra os Árabes e muçulmanos.
Para já uma guerra incruenta…
Dizem eles, talvez para esconderem ou lhes desculparmos a sua incoerência profunda, que essa guerra nova, guerra para já incruenta, repito, mas feroz, é uma guerra em nome do Ideal, o aparente ideal da absoluta liberdade de expressão.
Tudo cantigas, não é?
O que querem – mesmo quando não descobriram ainda o que realmente querem – é apenas disfarçar a sua profunda incoerência, isto é, evitar que ponhamos a nu a sua total e trapalhona incoerência.
A.C.R.
Não nos explicam, porém, porque motivos essa liberdade deveria gozar de tal privilégio, quando todas as restantes liberdades sofrem as mais diversas limitações.
Esquecem-se aliás de que, jornalistas ou qualquer cidadão, têm a sua liberdade limitada pela lei ou pelos costumes de se exprimirem publicamente, por exemplo, a respeito do Presidente da República, do Primeiro-Ministro e de qualquer simples ministro ou secretário-de-Estado.
Penso que não é a liberdade de expressão que está em causa, tão absurdamente hipócrita e intelectualmente desonesta, repito, é a posição dos defensores do valor absoluto e intocável dessa liberdade.
Talvez aquilo que mais os enraivece seja a consciência clara ou difusa da sua própria incoerência, não apenas do tipo daquela incoerência que o parágrafo anterior exprime mas outra mais profunda e, chamar-lhe-ia, mais sangrenta e, para eles, insuportável.
A evidência disso saltou à vista, para mim, pelo menos, com o caso do ministro dos Negócios Estrangeiros.
Suponho que terei sido o primeiro a prever, logo quando da sua nomeação, que o PM não tardaria a pensar em ter de demiti-lo. Estou, portanto, à vontade.
Agora todos os defensores do jornal dinamarquês e da liberdade absoluta de expressão caem em cima do pobre homem-ministro dos N.E. e lhe exigem que se demita.
Julgo que, sobretudo, por terem descoberto que, no fundo, ele é o mais coerente e quem mais os envergonha e desmascara.
Coerente em quê?
Lembram-se, certamente, da furiosa posição anti-guerra no Iraque e contra Bush e os Americanos, exibida pelo Freitas do Amaral que então ainda não era ministro, mas esperava talvez vir a sê-lo.
Ele continua coerente, com isso.
Não queria então a guerra contra os Árabes e muçulmanos e também não a quer desta vez.
Ainda que a guerra agora não seja, imediatamente pelo menos, uma guerra de mortes, com armas na mão.
Mas os outros, os do direito absoluto de expressão, que em geral foram também, como F. do A., furiosamente contra a guerra dos Americanos, os quais haviam sofrido o terrorismo na própria carne, esses agora querem absolutamente a guerra contra os Árabes e muçulmanos.
Para já uma guerra incruenta…
Dizem eles, talvez para esconderem ou lhes desculparmos a sua incoerência profunda, que essa guerra nova, guerra para já incruenta, repito, mas feroz, é uma guerra em nome do Ideal, o aparente ideal da absoluta liberdade de expressão.
Tudo cantigas, não é?
O que querem – mesmo quando não descobriram ainda o que realmente querem – é apenas disfarçar a sua profunda incoerência, isto é, evitar que ponhamos a nu a sua total e trapalhona incoerência.
A.C.R.