2006/03/03
Gente antiquada, ou pior, a que não compreende MRS
Marcelo Rebelo de Sousa, no Público do penúltimo domingo, comentou o seu actual programa dos domingos na RTP, para tentar explicar a quebra de audiência, que fora de 1,614 milhões de espectadores, na primeira emissão, há um ano. É que a audiência média dos primeiros doze meses do programa, que naquele Domingo se completavam, foi de 898,4 mil espectadores.
Além de que – lembra Maria Lopes, autora da reportagem – nas secções de política dos jornais de segunda-feira lá vinha quase sempre um artigo sobre as “farpas” que MRS atirara na noite anterior ao Governo, à oposição, a este ou àquele político. Até isso hoje mudou: são agora raras as alusões aos comentários do professor – diz ainda a jornalista.
E Marcelo explica: “Na TVI tinha um show meu onde podia fazer tudo o que me apetecesse. O modelo RTP é mais rígido e mais limitativo”.
Como quem diz:
“Agora não me deixam mostrar o meu talento todo para os shows. Nem me dão tempo sequer para aprofundar as minhas análises. Perdi as possibilidades de seduzir e cativar todo o meu público. Já não tenho tempo para usar toda a minha arte de arrasar os políticos dizendo bem deles, nem de dizer mal de alguns, fazendo-lhes os maiores elogios. A subtileza antes era a minha norma. Agora tenho de dizer tudo `pão, pão, queijo, queijo´, como se falasse a um público de anormais. Claro que ninguém gosta de ser tido por anormal…”
Também concordo.
Em todo o caso, talvez não seja tanto por aí que o gato vai às filhoses. Pois que, seja como for, MRS é mesmo assim ainda bastante superior a António Vitorino do programa equivalente do PS, às 2ªs feiras também na RTP 1.
Penso, de facto, que a forte razão da deserção de auditores ao programa de MRS está na desilusão de grande massa dos admiradores do seu génio, de que agora quase nem sombra se vê.
Mas haverá também um problema de carácter, carácter de MRS, que não se terá mostrado à altura das circunstâncias em que passou da TVI para a RTP.
Não teve um protesto contra os pretensos desrespeitadores da liberdade de informação e invocadores do direito à réplica, que o “expulsaram” do programa da TVI.
Encaixou perfeitamente, como depois encaixou as condições e o “modelo” que a RTP lhe “impôs” para o seu novo programa.
MRS acha que, de qualquer modo, ter o programa que tem é melhor que nada, mas os seus desertores são capazes de ter pensado e estar a pensar que houve, da parte de MRS, sobretudo falta de carácter, pouca verticalidade.
São gente antiquada que “por pouco” retira credibilidade aos seus ídolos.
Perdoe-lhes o involuntário desrespeito e os arcaísmos fora de moda.
Outros, porém, pensariam ainda pior. Que, mesmo dos… génios, sobretudo dos… génios, não se têm de passar por alto as faltas de carácter ou verticalidade.
Para esta intolerância, ilustre Professor, nenhum de nós tem cura.
A.C.R.
Além de que – lembra Maria Lopes, autora da reportagem – nas secções de política dos jornais de segunda-feira lá vinha quase sempre um artigo sobre as “farpas” que MRS atirara na noite anterior ao Governo, à oposição, a este ou àquele político. Até isso hoje mudou: são agora raras as alusões aos comentários do professor – diz ainda a jornalista.
E Marcelo explica: “Na TVI tinha um show meu onde podia fazer tudo o que me apetecesse. O modelo RTP é mais rígido e mais limitativo”.
Como quem diz:
“Agora não me deixam mostrar o meu talento todo para os shows. Nem me dão tempo sequer para aprofundar as minhas análises. Perdi as possibilidades de seduzir e cativar todo o meu público. Já não tenho tempo para usar toda a minha arte de arrasar os políticos dizendo bem deles, nem de dizer mal de alguns, fazendo-lhes os maiores elogios. A subtileza antes era a minha norma. Agora tenho de dizer tudo `pão, pão, queijo, queijo´, como se falasse a um público de anormais. Claro que ninguém gosta de ser tido por anormal…”
Também concordo.
Em todo o caso, talvez não seja tanto por aí que o gato vai às filhoses. Pois que, seja como for, MRS é mesmo assim ainda bastante superior a António Vitorino do programa equivalente do PS, às 2ªs feiras também na RTP 1.
Penso, de facto, que a forte razão da deserção de auditores ao programa de MRS está na desilusão de grande massa dos admiradores do seu génio, de que agora quase nem sombra se vê.
Mas haverá também um problema de carácter, carácter de MRS, que não se terá mostrado à altura das circunstâncias em que passou da TVI para a RTP.
Não teve um protesto contra os pretensos desrespeitadores da liberdade de informação e invocadores do direito à réplica, que o “expulsaram” do programa da TVI.
Encaixou perfeitamente, como depois encaixou as condições e o “modelo” que a RTP lhe “impôs” para o seu novo programa.
MRS acha que, de qualquer modo, ter o programa que tem é melhor que nada, mas os seus desertores são capazes de ter pensado e estar a pensar que houve, da parte de MRS, sobretudo falta de carácter, pouca verticalidade.
São gente antiquada que “por pouco” retira credibilidade aos seus ídolos.
Perdoe-lhes o involuntário desrespeito e os arcaísmos fora de moda.
Outros, porém, pensariam ainda pior. Que, mesmo dos… génios, sobretudo dos… génios, não se têm de passar por alto as faltas de carácter ou verticalidade.
Para esta intolerância, ilustre Professor, nenhum de nós tem cura.
A.C.R.