2005/12/27
Uma batalha a continuar
Tenho registado as dúvidas levantadas por camisanegra e combustões sobre se vale a pena o esforço de manter, diariamente ou quase, uma verdadeira actividade editorial na blogosfera.
Será que essa dedicação de esforço e tempo se traduz em algum efeito visível e positivo para a causa da Nação e da Pátria? A dúvida é legítima.
Tenho para mim que a resposta é afirmativa. E bastante.
Encontro quatro razões para a justificar:
1. A necessidade imperiosa de criar correntes de pensamento e de opinião, isto é, de uma escola de pensamento político. A destreza e a lucidez para tal encontram-se, mais do que em qualquer outro, no campo nacionalista. Basta ver como, no essencial, todos os partidos parlamentares e os candidatos presidenciais pensam o mesmo: é a morte térmica das ideias políticas. A mediocridade dos debates entre candidatos é o sinal inequívoco disso.
Só que, preencher um vazio de ideias políticas demora tempo e exige persistência. Oxalá não nos falte. Frequentemente, os nacionalistas dão sinais de impaciência, querem ver logo os resultados de imediato.
2. A necessidade de apurar quais são os fundamentos, os princípios e os pontos mais relevantes de uma agenda política comum à generalidade dos nacionalistas e patriotas. Por exemplo, tem sido graças a congressos e outras iniciativas de debate que se sabe o que pensam os nacionalistas sobre importantes pontos de agenda política, em concreto, que se destacam hoje dois tipos de nacionalismo em Portugal: o “minhotimorense” e o “zoológico”.
3. A necessidade de alargar o pensamento e a discussão da agenda nacionalista, de modo a envolver outras pessoas que, não se dizendo nacionalistas, têm sensibilidade para a causa da Nação e da Pátria. Tenho de reconhecer que me entristece constatar, por vezes, a incapacidade dos nacionalistas comunicarem e transmitirem com seriedade e credibilidade a sua mensagem e a capacidade de se isolarem.
4. São precisos múltiplos órgãos de difusão cultural alternativa à ditadura vigente.
Tudo isto são objectivos que camisanegra, combustões, pasquim da reacção, santos da casa, novafrente e outros que aqui temos ligados, já cumprem e/ou podem vir a cumprir exemplarmente.
Portanto, caros amigos, não desistam porque vale a pena continuar a resistir.
Aproveito a ocasião para fazer algumas observações a um certo antiamericanismo que persiste (ainda) entre boa parte dos nacionalistas portugueses.
Eu compreendo, pois reconheço que a política externa dos EUA é desastrosa desde há várias décadas. Não é só de agora. E nós, portugueses, também sofremos por causa disso.
Só que, como dizia o Prof. António José de Brito a propósito da hostilidade de Maurras em relação à Alemanha, não há nações eternamente inimigas. Os EUA não são hoje o mesmo de há 40 anos, pelo que nem a sua política interna, nem a externa, nos afectam da mesma maneira, nem com as mesmas consequências.
Hoje, o grande inimigo político das nações europeias não são os EUA, mas sim a UE e a ONU. Pelo contrário, os EUA são um aliado dessa Europa de Nações. Em particular, no que toca a Portugal, o nosso futuro como Nação soberana e independente passa muito mais pela centralidade atlântica do que pelo continentalismo de Bruxelas e do eixo Madrid-Paris-Berlim.
Por outro lado, sendo o nacionalismo uma doutrina universal, e não um mero territorialismo ou etnicismo, julgo ser relevante para a afirmação e credibilidade do nacionalismo do séc. XXI apostar no intelectual, no soldado político, e dispensar o estereótipo da farda, da milícia, enfim, do herói militar doutros tempos. Neste sentido, seria interessante e enriquecedor que os nacionalistas conhecessem – pelo menos conhecessem – o pensamento de homens como Leo Strauss, Irving Kristol, Newt Gingrich ou Francis Fukuyama, entre outros, e a importância que têm como movimento capaz de contra-argumentar, desmantelar e superar as utopias de esquerda, tão enraizadas na Europa, também entre a direita que a esquerda criou e educou.
O neoconservadorismo não é de direita ou de esquerda. Será uma anti-esquerda, na medida em que combate a utopia com o realismo da condição humana e a anti-História com a História. É, na actualidade, a única ideologia capaz de combater e superar o totalitarismo da Internacional Socialista, seja na UE, seja na ONU.
Manuel Brás
Será que essa dedicação de esforço e tempo se traduz em algum efeito visível e positivo para a causa da Nação e da Pátria? A dúvida é legítima.
Tenho para mim que a resposta é afirmativa. E bastante.
Encontro quatro razões para a justificar:
1. A necessidade imperiosa de criar correntes de pensamento e de opinião, isto é, de uma escola de pensamento político. A destreza e a lucidez para tal encontram-se, mais do que em qualquer outro, no campo nacionalista. Basta ver como, no essencial, todos os partidos parlamentares e os candidatos presidenciais pensam o mesmo: é a morte térmica das ideias políticas. A mediocridade dos debates entre candidatos é o sinal inequívoco disso.
Só que, preencher um vazio de ideias políticas demora tempo e exige persistência. Oxalá não nos falte. Frequentemente, os nacionalistas dão sinais de impaciência, querem ver logo os resultados de imediato.
2. A necessidade de apurar quais são os fundamentos, os princípios e os pontos mais relevantes de uma agenda política comum à generalidade dos nacionalistas e patriotas. Por exemplo, tem sido graças a congressos e outras iniciativas de debate que se sabe o que pensam os nacionalistas sobre importantes pontos de agenda política, em concreto, que se destacam hoje dois tipos de nacionalismo em Portugal: o “minhotimorense” e o “zoológico”.
3. A necessidade de alargar o pensamento e a discussão da agenda nacionalista, de modo a envolver outras pessoas que, não se dizendo nacionalistas, têm sensibilidade para a causa da Nação e da Pátria. Tenho de reconhecer que me entristece constatar, por vezes, a incapacidade dos nacionalistas comunicarem e transmitirem com seriedade e credibilidade a sua mensagem e a capacidade de se isolarem.
4. São precisos múltiplos órgãos de difusão cultural alternativa à ditadura vigente.
Tudo isto são objectivos que camisanegra, combustões, pasquim da reacção, santos da casa, novafrente e outros que aqui temos ligados, já cumprem e/ou podem vir a cumprir exemplarmente.
Portanto, caros amigos, não desistam porque vale a pena continuar a resistir.
Aproveito a ocasião para fazer algumas observações a um certo antiamericanismo que persiste (ainda) entre boa parte dos nacionalistas portugueses.
Eu compreendo, pois reconheço que a política externa dos EUA é desastrosa desde há várias décadas. Não é só de agora. E nós, portugueses, também sofremos por causa disso.
Só que, como dizia o Prof. António José de Brito a propósito da hostilidade de Maurras em relação à Alemanha, não há nações eternamente inimigas. Os EUA não são hoje o mesmo de há 40 anos, pelo que nem a sua política interna, nem a externa, nos afectam da mesma maneira, nem com as mesmas consequências.
Hoje, o grande inimigo político das nações europeias não são os EUA, mas sim a UE e a ONU. Pelo contrário, os EUA são um aliado dessa Europa de Nações. Em particular, no que toca a Portugal, o nosso futuro como Nação soberana e independente passa muito mais pela centralidade atlântica do que pelo continentalismo de Bruxelas e do eixo Madrid-Paris-Berlim.
Por outro lado, sendo o nacionalismo uma doutrina universal, e não um mero territorialismo ou etnicismo, julgo ser relevante para a afirmação e credibilidade do nacionalismo do séc. XXI apostar no intelectual, no soldado político, e dispensar o estereótipo da farda, da milícia, enfim, do herói militar doutros tempos. Neste sentido, seria interessante e enriquecedor que os nacionalistas conhecessem – pelo menos conhecessem – o pensamento de homens como Leo Strauss, Irving Kristol, Newt Gingrich ou Francis Fukuyama, entre outros, e a importância que têm como movimento capaz de contra-argumentar, desmantelar e superar as utopias de esquerda, tão enraizadas na Europa, também entre a direita que a esquerda criou e educou.
O neoconservadorismo não é de direita ou de esquerda. Será uma anti-esquerda, na medida em que combate a utopia com o realismo da condição humana e a anti-História com a História. É, na actualidade, a única ideologia capaz de combater e superar o totalitarismo da Internacional Socialista, seja na UE, seja na ONU.
Manuel Brás
Etiquetas: A ideologia onusiana, Manuel Brás
