2005/10/18
O CDS parece disposto a bater-se pela candidatura presidencial de Paulo Portas?
A questão pode interessar, principalmente como caso exemplar de desorientação dos partidos portugueses de direita quanto à definição dos seus próprios interesses e das suas linhas de rumo.O presidente do partido parece não querer ouvir falar de candidatura de quem quer que seja, em nome do CDS, às presidenciais de Janeiro, pois que já terá comprometido o apoio do seu Partido à candidatura de Cavaco Silva.
Note-se, parece que antes de este ter sequer declarado, mesmo informalmente, a sua candidatura.
Os seus críticos internos exigem agora que Ribeiro e Castro ponha a questão do comprometimento com Cavaco Silva ao Partido, em Conselho Nacional extraordinário, “como sempre aconteceu no passado”, dizem eles.
A não vitória do CDS nas Autárquicas anima os críticos à luta, temerosos de que a derrota – os críticos não têm papas na língua – juntamente com outros sintomas mais, indiciem a entrada do CDS num “processo de anulação face ao PSD, semelhante ao que o partido viveu durante o período do cavaquismo.”
Não imagino Ribeiro e Castro a fazer marcha-atrás e a abrir caminho a Paulo Portas, aceitando ir negociar agora com Cavaco Silva as condições de apoio do CDS, quando esse apoio parece ter-lhe já sido garantido incondicionalmente.
A verdade é que, por trás de uma tal negociação, não poderia deixar de configurar-se a ameaça de uma candidatura do CDS às presidenciais, em particular através de Paulo Portas.
Nem Cavaco Silva nem Ribeiro e Castro poderiam afrontar-se em tais termos.
Resta a Paulo Portas arriscar pessoalmente a sua candidatura à margem do Partido.
Há exemplos recentes de grande sucesso deste tipo de atitudes, que nem tiveram as justificações que Paulo Portas facilmente poderia apresentar…
Mas não parece ele a muitos capaz já de apostar em grande.
Ribeiro e Castro vai continuar a presidir, sem sombras, ao seu Partido em queda…
E a direita portuguesa toda talvez saia do processo como a única perdedora, em vez de ganhar desde já em todos os tabuleiros, como estaria ao seu alcance…
Remeto o leitor para os postes anteriores sobre o tema (ver aqui, aqui, aqui e aqui).
Se quiser ter essa paciência, porque o caso vale a pena; é dos temas mais compensadores da actualidade política portuguesa.
A.C.R.









