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2005/10/06

Dividir a direita?! 


Houve quem atribuísse esse propósito ou efeito ao convite aqui expresso para a entrada do Paulo Portas, na corrida das eleições presidenciais de Janeiro/2007 (V. poste de 3 do corrente).

Talvez não me tenha feito compreender, julgando embora que era perfeitamente clara a minha intenção, a qual visava, na verdade, o contrário, isto é, o reforço e maior consciencialização da direita.

Pode ser esta uma oportunidade única, sob variados aspectos.

A vantagem da direita parece ser já tão grande, nas intenções de voto dos eleitores, que Cavaco Silva só terá a perder se não clarificar os seus propósitos.

Sabemos por muitas maneiras e muitos indícios que os Portugueses em geral querem mudanças profundas.

Estão convencidos de que Cavaco Silva lhas proporcionará, se necessário forçando todos os mecanismos políticos constitucionais disponíveis para o efeito.

E acreditam que Cavaco Silva terá a coragem necessária de ir avante.

Grandes males virão ao País se o candidato da direita não anunciar essas mudanças profundas com determinação e clareza, antes levando os Portugueses a votar em expectativas que depois não cumpra, porque de facto não estavam nos projectos dele, embora, deixando a direita pensar que sim.

É por isso que a direita precisa de ser esclarecida a tempo, para não ir ao engano.

Paulo Portas é talvez, na cena nacional, aquele que, concorrendo também às eleições, melhor poderá desempenhar o papel de detonador dos silêncios e cautelas de Cavaco Silva.

E, com isso, os votos da direita aumentarão ainda, porque o centro-esquerda e alguma esquerda também anseiam por objectivos fortes e claros, que os candidatos de esquerda não têm para dar-lhes.

Definitivamente, Cavaco Silva terá de ser impelido ou ajudado a mostrar-se como um grande estadista e não apenas como o grande gestor económico do Estado que a maioria o considera.

Um gestor poderia fugir da segunda vez.

Um estadista, nem por sombras, porque estaríamos sempre certos de que não nos teria escondido nada.


António da Cruz Rodrigues (A.C.R.)

P.S. Para Paulo Portas, ou outro no seu lugar – mesmo derrotado nos seus propósitos – candidatar-se será a garantia de vir a tornar-se uma reserva incontornável da República.


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