2005/10/03
E se Paulo Portas avançasse agora?
Na sala onde trabalho, está calor quase como se fosse Agosto.
De repente, o silêncio de Cavaco Silva mais parece uma armadilha em que quisesse fazer cair a direita.
Se for assim, estão as coisas a correr-lhe por enquanto bem, pois que, de acordo com as sondagens, terá já a vitória garantida à segunda volta e mesmo à primeira.
Digo que estão as coisas a correr-lhe pelo melhor porque nem sequer precisa ainda de anunciar quais os seus propósitos e objectivos, o que o não impede de já ter atingido um patamar tão elevado e tão consistente nas sondagens que pode até afigurar-se sem retorno.
Deveria aparecer alguém ou alguma coisa que obrigasse Cavaco silva a explicar-se, antes que se consolide irreversivelmente a atitude de cheque em branco já concedido pela direita a quem, no fundo, pode estar a querer arrastar-nos para isso mesmo, isto é, um voto favorável mas que em nada o comprometa, porque ele ainda nada disse do que vai fazer dos nossos votos.
Ora as responsabilidades pela saída do País da crise estão neste momento todas nos braços da direita, a avaliar pelas sondagens e pelo que se deduz do sentimento público palpável, como da confusão da esquerda, esmagada pela consciência da sua própria incapacidade inultrapassável.
Cavaco Silva tem de descer das nuvens.
Não é da esquerda – seja de Soares, seja de Alegre (dos outros não vale a pena falar) – que lhe desferirão golpes que o façam falar em tempo útil para conhecermos das suas intenções, isto é, do seu esquema e estratégia para o País.
Aqueles – Soares e Alegre, como aliás os outros – só querem “mais do mesmo”, porque foi isso que os elevou ao estatuto imerecido e nacionalmente infeliz a que chegaram.
Mas à direita portuguesa, por seu lado, não pode bastar saber que Cavaco seja de direita.
Não é, de modo algum, garantia que baste, ser de direita, numa conjuntura de tão alto risco como aquela em que o País vai soçobrando.
É preciso que esse alguém esteja em condições de agir e pensar verdadeiramente como militante das causas que se impõem cada vez mais às consciências dos Portugueses.
Isto é, duas ou três mudanças radicais, de que tudo o mais decorrerá.
Se Cavaco Silva cada vez mais se apresenta como renitente a dizê-lo, venha quem seja capaz de o forçar a esclarecer-nos a tempo, para não irmos votar sem saber em quê.
Imagino Paulo Portas como uma das poucas pessoas para consegui-lo.
Seria o seu renascimento político fulgurante e o único risco que poderia correr, penso, seria o de chegar à segunda volta com Cavaco Silva.
Pelo menos, entraria merecidamente para os livros de Ciência Política como um definitivo “caso de estudo” …
Mas parece claro que não poderá contar com o aparelho do seu Partido.
A.C.R.
Seia, Sábado, 17 horas de 1 de Outubro de 2005
De repente, o silêncio de Cavaco Silva mais parece uma armadilha em que quisesse fazer cair a direita.
Se for assim, estão as coisas a correr-lhe por enquanto bem, pois que, de acordo com as sondagens, terá já a vitória garantida à segunda volta e mesmo à primeira.
Digo que estão as coisas a correr-lhe pelo melhor porque nem sequer precisa ainda de anunciar quais os seus propósitos e objectivos, o que o não impede de já ter atingido um patamar tão elevado e tão consistente nas sondagens que pode até afigurar-se sem retorno.
Deveria aparecer alguém ou alguma coisa que obrigasse Cavaco silva a explicar-se, antes que se consolide irreversivelmente a atitude de cheque em branco já concedido pela direita a quem, no fundo, pode estar a querer arrastar-nos para isso mesmo, isto é, um voto favorável mas que em nada o comprometa, porque ele ainda nada disse do que vai fazer dos nossos votos.
Ora as responsabilidades pela saída do País da crise estão neste momento todas nos braços da direita, a avaliar pelas sondagens e pelo que se deduz do sentimento público palpável, como da confusão da esquerda, esmagada pela consciência da sua própria incapacidade inultrapassável.
Cavaco Silva tem de descer das nuvens.
Não é da esquerda – seja de Soares, seja de Alegre (dos outros não vale a pena falar) – que lhe desferirão golpes que o façam falar em tempo útil para conhecermos das suas intenções, isto é, do seu esquema e estratégia para o País.
Aqueles – Soares e Alegre, como aliás os outros – só querem “mais do mesmo”, porque foi isso que os elevou ao estatuto imerecido e nacionalmente infeliz a que chegaram.
Mas à direita portuguesa, por seu lado, não pode bastar saber que Cavaco seja de direita.
Não é, de modo algum, garantia que baste, ser de direita, numa conjuntura de tão alto risco como aquela em que o País vai soçobrando.
É preciso que esse alguém esteja em condições de agir e pensar verdadeiramente como militante das causas que se impõem cada vez mais às consciências dos Portugueses.
Isto é, duas ou três mudanças radicais, de que tudo o mais decorrerá.
Se Cavaco Silva cada vez mais se apresenta como renitente a dizê-lo, venha quem seja capaz de o forçar a esclarecer-nos a tempo, para não irmos votar sem saber em quê.
Imagino Paulo Portas como uma das poucas pessoas para consegui-lo.
Seria o seu renascimento político fulgurante e o único risco que poderia correr, penso, seria o de chegar à segunda volta com Cavaco Silva.
Pelo menos, entraria merecidamente para os livros de Ciência Política como um definitivo “caso de estudo” …
Mas parece claro que não poderá contar com o aparelho do seu Partido.
A.C.R.
Seia, Sábado, 17 horas de 1 de Outubro de 2005