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2005/09/29

Na Morte do Prof. Doutor Antunes Varela 

Como lembra Manuel Azinhal, nos seus dois postes de ontem sobre o Professor Antunes Varela (aqui e aqui), este tomou posse como ministro da Justiça, em Agosto de 1954. Nesse caso, foi ministro de Salazar durante catorze anos, pois que o seu sucessor terá sido o Prof. Mário Júlio de Almeida e Costa, empossado nos finais de Setembro de 1968, já no primeiro Governo de Marcelo Caetano*.

Foi Antunes Varela com certeza dos mais longevos ministros de Salazar, talvez só excedido pelo ministro das Obras Públicas, Eng. Arantes e Oliveira.

Desde alguns anos antes da morte política do doutor Salazar, era corrente falar-se dos seus eventuais sucessores, um dia que ele se afastasse, por doença ou vontade própria.

Durante a década de sessenta, não me lembro de ter ouvido falar noutros, senão Marcelo Caetano, Adriano Moreira e Antunes Varela, aliás geralmente referidos em conjunto.

Também não me lembro de qualquer gesto público que indiciasse da parte de Antunes Varela a mais pequena ambição de vir um dia a substituir Salazar, ainda que constasse o forte relacionamento dele com o Presidente Américo Tomás, de quem mais tarde ou mais cedo, muito provavelmente, viria a depender a indigitação do sucessor de Salazar, como de facto aconteceu em Setembro de 1968, depois de ouvido pelo Presidente o Conselho de Estado.

Não sei se, nesse Conselho de Estado, o nome do Prof. João de Matos Antunes Varela chegou sequer a ser proposto por qualquer ou quaisquer dos Conselheiros para o lugar deixado vago por Salazar.

Durante a década de sessenta, tanto Adriano Moreira como Marcelo Caetano, aliás conhecidos na altura como inimigos de peito, foram intensamente cultivando grupos de apoiantes para as suas muito notórias ambições.

Não sei se terá sido positivo para o País, mas de Antunes Varela é que jamais se viu ou suspeitou a mais pequena manifestação em igual sentido.

É esse quase seguro desapego do poder que, na hora da sua morte, me leva a recordá-lo aqui, convicto de que muito possivelmente não lutou por alcançar poder mais alto, por ter entendido, em consciência, que não devia fazê-lo.

A.C.R.


*Rectifico só uma data. De facto Antunes Varela abandonou o Governo em Setembro de 1967, portanto ao fim de treze anos como ministro.

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