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2005/10/10

Todos os argumentos são bons 

Dos vários pronunciamentos sobre o início das conversações com vista à adesão da Turquia à UE fica a sensação de que vale tudo para conseguir arranjar mais uns milhões de mão-de-obra barata, mais um espaço para a expansão de algumas marcas e empresas.

Para criar a atmosfera propícia à aceitação da Turquia na UE desvirtua-se e contrabandeia-se a História, a Cultura, a Geografia, o Islão, o Cristianismo, tudo o que for preciso.

Diz-se que se avança para uma união entre a Europa e o Islão. Mas, qual Europa? Uma Europa unida ao Islão, só se for islâmica… Será essa “Europa” uma instituição política ou algo mais? Será que os islâmicos se vão deixar enganar pelos laicistas de serviço?

É em países islâmicos, como o Egipto, a Jordânia, o Iraque, a Síria, a Argélia, Marrocos, que existe uma oposição política islâmica, que pretende chegar ao poder, identificando o poder político com o poder espiritual, tal como sucede no Irão ou na Arábia Saudita. Há quem admita que não há outra forma de conceber o poder segundo a forma mentis islâmica senão mediante esta identificação.

Há até a pretensão de conceber uma ciência islâmica e uma versão islâmica da História: ver em
http://www.missionislam.com/. Ou até quem pretenda que Jacques Cousteau se fez islâmico pouco antes de morrer. Isto dá-nos uma ideia do combate civilizacional, que é muito mais do que uma questão política ou de regime democrático, que se perfila no horizonte

Isto não significa que não possa haver uma coexistência pacífica entre a Europa real, de matriz greco-latina e judaico-cristã e o islamismo. Agora, uma união…

Não se percebe, por isso, como é que Schroeder concebe uma harmonia entre as “luzes” e o Islão. Só se não souber o que é uma coisa ou outra, ou até nenhuma delas.

Porque é que estes tipos não dizem a verdade de uma vez por todas: que o que lhes interessa é a mão-de-obra barata, a expansão de certas empresas para outros mercados, que a única união que interessa é a dos negócios e lucros, no fundo a política submetida aos interesses económicos, e se estão nas tintas para a Cultura, para a História e para a civilização ocidental?

É legítimo pretender que os negócios gerem lucro, que as empresas entrem noutros mercados. Aliás, sempre foi assim. O que não é legítimo é fazê-lo à custa da subordinação do poder político, isto é, da liberdade, da independência, da soberania, da Cultura e da História dos Povos e das Nações Europeias.

A questão dos negócios e do lucro é com empresários e economistas. A questão do poder político é com os políticos. É nesses que as pessoas votam. Não faz sentido serem economistas e empresários a estabelecerem objectivos políticos e os políticos a tratarem de questões técnicas económicas.

É possível que de início os turcos engulam alguns sapos, mas, no momento oportuno, não é de fiar que deixem o poder em mãos alheias.

Talvez alguma coisa tenha esta Europa moribunda que aprender, ou reaprender, com eles.

Se a Turquia é Europa, porque não também a Síria, o Irão, Israel, Iraque, Líbano?

Muito mais a ver com a Europa têm os EUA.

Por esse mesmo critério também deveriam pertencer à UE.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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