2005/10/07
Para a Turquia “O verdadeiro trabalho só agora começou”
Tayyp Erdogan dixit
O nome acima é o do primeiro-ministro turco, que falou em Ancara sobre o desfecho das negociações para a adesão à UE, que tiveram lugar Domingo e Segunda no Luxemburgo. E acrescentou: “O nosso ideal é uma Turquia capaz de assumir o seu lugar entre os países democráticos, livres e desenvolvidos, e a UE é o melhor caminho para o atingir.”
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco Abdullah Gul, no encerramento da cerimónia simbólica do arranque das negociações de adesão, terá tentado ver ainda mais longe.
“O mundo viu um novo dia em que o Oriente e o Ocidente, a Europa e o Islão vão avançar para uma união em vez de um confronto. É um grande presente que damos ao mundo”, explicou.
Muito menos optimista - não se garante que o mais clarividente, mas acredito que sim - foi o português Durão Barroso, presidente da C.E.
“(A adesão da Turquia) não está nem garantida nem é automática” – observou Durão, para logo lembrar que, além disso, Ancara “terá de ganhar os espíritos e os corações dos cidadãos europeus. São eles que, no fim do percurso, decidirão sobre a adesão”, disse, eventualmente a pensar nos referendos já prometidos aos eleitores em França e na Áustria.
O ainda chanceler Schroeder permitiu-se afirmar no momento que…
“Uma Turquia que mostra que o Islão e os valores das “luzes” podem estar em harmonia representa um enorme progresso em matéria de estabilidade e de segurança, para a Europa e fora dela”.
Não creio que isso seja particularmente tranquilizador para os cidadãos em geral, não predispostos a mostrar-se … visionários.
Eles pensarão que, felizmente, têm ainda dez anos para decidir e que muito possivelmente, nesse tempo todo, imensas coisas virão reforçar os argumentos contrários à adesão pura e simples da Turquia.
A invasão crescente de vários países da U.E. por muçulmanos irredentistas originários de Africa, uns, e da Turquia, muitos outros…
O crescimento demográfico da Turquia ao lado da tendência inversa dos nascimentos na UE, do que resultará – apesar da imigração – tornar-se a Turquia o país com maior população da União, sensivelmente mais que a Alemanha actual…
Os reformados viverão em todos os países da EU bastante pior que ontem…
O natural desenvolvimento económico da Turquia com a sua mão-de-obra barata, ainda que globalmente menos qualificada, passará a ameaçar mais que hoje as actividades económicas europeias concorrentes…
Em suma, o “monstro” ameaçador, que para muitos europeus já hoje é a Turquia, será seguramente muito mais ameaçador daqui a dez anos.
Até porque tudo indica que o PIB comunitário duvidosamente crescerá e porque o desemprego entre os residentes europeus dificilmente será menor que hoje.
Não se vê o que é que a Turquia possa entretanto oferecer aos povos da UE, para compensar este panorama pessimista.
Não será, pode pensar-se, “o grande presente – diz o ministro turco dos Negócios Estrangeiros – que damos (Europa e Islão) ao mundo”, ao “ avançarmos para uma união em vez de um confronto”.
Os Turcos talvez venham a ser, nalguma altura, os maiores interessados numa “parceria privilegiada” em vez da adesão pura e simples.
Uma vitória à Maquiavel?
De quem?
De todos, talvez.
A.C.R.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco Abdullah Gul, no encerramento da cerimónia simbólica do arranque das negociações de adesão, terá tentado ver ainda mais longe.
“O mundo viu um novo dia em que o Oriente e o Ocidente, a Europa e o Islão vão avançar para uma união em vez de um confronto. É um grande presente que damos ao mundo”, explicou.
Muito menos optimista - não se garante que o mais clarividente, mas acredito que sim - foi o português Durão Barroso, presidente da C.E.
“(A adesão da Turquia) não está nem garantida nem é automática” – observou Durão, para logo lembrar que, além disso, Ancara “terá de ganhar os espíritos e os corações dos cidadãos europeus. São eles que, no fim do percurso, decidirão sobre a adesão”, disse, eventualmente a pensar nos referendos já prometidos aos eleitores em França e na Áustria.
O ainda chanceler Schroeder permitiu-se afirmar no momento que…
“Uma Turquia que mostra que o Islão e os valores das “luzes” podem estar em harmonia representa um enorme progresso em matéria de estabilidade e de segurança, para a Europa e fora dela”.
Não creio que isso seja particularmente tranquilizador para os cidadãos em geral, não predispostos a mostrar-se … visionários.
Eles pensarão que, felizmente, têm ainda dez anos para decidir e que muito possivelmente, nesse tempo todo, imensas coisas virão reforçar os argumentos contrários à adesão pura e simples da Turquia.
A invasão crescente de vários países da U.E. por muçulmanos irredentistas originários de Africa, uns, e da Turquia, muitos outros…
O crescimento demográfico da Turquia ao lado da tendência inversa dos nascimentos na UE, do que resultará – apesar da imigração – tornar-se a Turquia o país com maior população da União, sensivelmente mais que a Alemanha actual…
Os reformados viverão em todos os países da EU bastante pior que ontem…
O natural desenvolvimento económico da Turquia com a sua mão-de-obra barata, ainda que globalmente menos qualificada, passará a ameaçar mais que hoje as actividades económicas europeias concorrentes…
Em suma, o “monstro” ameaçador, que para muitos europeus já hoje é a Turquia, será seguramente muito mais ameaçador daqui a dez anos.
Até porque tudo indica que o PIB comunitário duvidosamente crescerá e porque o desemprego entre os residentes europeus dificilmente será menor que hoje.
Não se vê o que é que a Turquia possa entretanto oferecer aos povos da UE, para compensar este panorama pessimista.
Não será, pode pensar-se, “o grande presente – diz o ministro turco dos Negócios Estrangeiros – que damos (Europa e Islão) ao mundo”, ao “ avançarmos para uma união em vez de um confronto”.
Os Turcos talvez venham a ser, nalguma altura, os maiores interessados numa “parceria privilegiada” em vez da adesão pura e simples.
Uma vitória à Maquiavel?
De quem?
De todos, talvez.
A.C.R.
Etiquetas: Imigração