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2005/09/09

O sucesso duma Causa começa a estar garantido, quando certas adesões afluem… 

De facto, Mário Soares, já então putativo candidato à presidência da República (que aí vem?), não falaria de Salazar nos termos em que o fez, nessa entrevista à T.V. (v. poste de ontem), se não considerasse Salazar e o salazarismo como trunfos políticos que lhe convém ter em conta.

E mais, não o faria se não tivesse a crise do País por tão grave e ameaçadora como até os menos pessimistas a julgam, a ponto de já se afigurar potenciadora “perigosa” de nostalgismos salazaristas, em via de generalização crescente.

Por mim, penso que são todos uns exagerados, tantos os que tremem de “pavor”, como os que depositam fortes esperanças na possibilidade de que um novo salazarismo, ainda que democrático, esteja já aí a rebentar.

As frases de Soares vieram atear pavores e esperanças.

Creio que Soares se terá lamentado, durante a entrevista, de a putativa candidatura já o ter obrigado a interromper o trabalho duma biografia de Salazar que estaria a escrever.

Adivinham-se os milhares de espectadores de bocas abertas e olhares arregalados!...

O supremo manipulador explicou então que Salazar era para ele uma personalidade fascinante, deixando entender que, ao estudá-lo, pretendia perceber como é que Salazar tinha conseguido durar 40 anos no poder.

E, para que não restassem dúvidas sobre a razão de ser do seu fascínio, Soares acrescentou que Salazar fora evidentemente um “ditador”, mas que isso não podia explicar tudo.

Em suma, os admiradores de Salazar ficaram a saber que Mário Soares é um deles e que, nisto da candidatura, o que lhe custa a ele, Soares, é ter tido de interromper o seu estudo sobre o estadista, talvez esperando, em compensação, que muitos salazaristas venham por isso a votar na sua candidatura à presidência da República.

É mesmo possível que Soares se veja já a si próprio no papel de De Gaulle, que aqui temos evocado, “salvador” da França através do golpe de Estado constitucional que, por referendo, lhe permitiu em 1968 derrubar a IV República e criar a quinta, ainda “felizmente” vigente.

Do que não duvidam muitíssimos de nós é que também em Portugal estamos na hora de mudar radicalmente de sistema político.

Candidato que não sinta isso, não vai conseguir impor-se credivelmente.

E julgo que Mário Soares vai aderir, até antes cedo que tarde, com o seu provado “cheiro” para certos ventos.

A dúvida está na combatividade de que ainda se sinta capaz.

Porque, para isso, tudo parece poder vir a correr-lhe de feição.

Por exemplo, não lhe seria difícil uma vez eleito, arrastar o PM Sócrates e secretário-geral do PS para a necessária revisão constitucional; e não vejo razão para que o PSD não corresse pressurosamente atrás.

Porém, a coisa que mais falta a Soares é a vocação para o papel em questão.

Lá actor é… mas, para tanto, seria preciso ter também a força, a grandeza, a capacidade de premonição dum De Gaulle.

Ou dum António de Oliveira Salazar.

É capaz de ser pedir demais.

Ele poderia iludir-se, mas as forças morais e as realidades políticas acabariam por trai-lo.

O papel que Soares sempre desempenhou é o oposto do que agora teria de desempenhar. Por muita vontade de mudar de máscara e de fatiota que agora parece começar a tentá-lo…

… é tarde para ter êxito.

Não tanto pela idade, mas porque vai ser indispensável agir depressa e bem.

Ora há muito que Soares não consegue concentrar-se mais de três a quatro horas por dia.

Seria deposto dentro de pouco tempo, ou desistia da missão de salvar Portugal e de dar um grande exemplo de renovação democrática à U.E., que bem precisa.

Seia, 29.08.2005

A.C.R.

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