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2005/07/14

Um salazarismo democrático (IX) 

(continuação)

Num País completamente desorientado como este parece, que fazer? Impor talvez, em primeiro lugar, a muitos dos que supostamente têm responsabilidades, que parem, que fiquem quietos.

Ao governador do Banco de Portugal é mais difícil pedi-lo, porque é mais grave, por aquilo que representa.

Ele anunciou ontem, em nome do BP, que a previsão do aumento do PIB para 2005, que era de 1,6%, tem de baixar agora para 0,5%, isto é, menos de 1/3.

Afirmou, porém, que mesmo este valor pode não ser atingido, admitindo até que o crescimento pode vir a ser negativo, entrando o País tecnicamente em recessão, isto é, em empobrecimento geral, nacional efectivo.

Em 77 anos de vida económico-financeira portuguesa é a 1ª vez que tal acontece!

Para se chegar a este estado houve com certeza erros gravíssimos.

aqui registámos o que disse Miguel Cadilhe, o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva, da política deste quanto ao desencadear dos salários e privilégios da função pública, que acabariam nas loucuras de Guterres, completamente desaustinadas.

Mas já ninguém fala do começo de tudo, o processo revolucionário concomitante do PREC, da autogestão das empresas, largamente consentida e louvada, culminado nas nacionalizações.

Os dois maiores responsáveis por esses crimes foram há dias enterrados no meio dos maiores encómios do povo-vítima e dumas dezenas de “intelectuais” completamente tontos ou cegos pelo facciosismo.

Com as reprivatizações desencadeadas a partir de 1985 por Cavaco Silva, tudo poderia ter voltado a carrilar pelo melhor.

A verdade, porém, é que tínhamos vivido durante onze anos ou mais – onze anos! – como se fôssemos em economia, estruturalmente, pior ainda que qualquer república comunista da Cortina de Ferro.

Perdemos mercados.

Perdemos os hábitos e lições antigas da vida e luta em mercados livres.

Desvalorizámos os quadros que sabiam como fazê-lo.

Perdemos competitividade e os hábitos e práticas da competitividade.

Os dirigentes sindicais sem outra visão que a da simples demagogia impuseram a dirigentes políticos tão demagogos como eles, leis laborais completamente irrealistas, que agravaram irreversivelmente o estado de coisas.

Hoje, perante os resultados destes 31 anos para a economia portuguesa, não podemos ter dúvidas de que estamos a deixar submergir o País.

O Estado tem de gastar menos, todos os analistas sérios estão de acordo com isso.

Os Portugueses, sérios ou não, de qualquer classe profissional, vamos todos ter de passar por um período doloroso de adaptação e de reforço de um modelo económico mais criativo e mais agressivo.

Não temos uma classe empresarial perfeita, mas é a que temos, e é a única de que pode esperar-se a recuperação relativamente rápida do País.

O Governo, por seu lado, não pode aumentar mais nem as despesas nem as taxas dos impostos, porque seria muito de temer que maiores impostos só sirvam para gastar mais em desperdícios despesistas.

Em suma, terminaria dizendo que se for necessário gastar temporariamente menos alguma coisa em serviços públicos inúteis, em saúde, em educação, em cultura, em rotundas, em novas grande estradas, no TGV, na OTA e na concorrência entre municípios pelos “bonitinhos” das suas sedes, e concentrar essas economias numa profunda e larga política de defesa e qualificação das empresas e estímulo à competitividade, devemos fazê-lo, teremos de fazê-lo.

Mas dar directamente às empresas, nem um só tostão!

Seria muito bom que os que se dizem nacionalistas se debruçassem nestas questões da economia nacional – nem uma palavra, em tantos dos textos “nacionalistas” que proliferam por aí! – em lugar de teimarem quase sempre em questões meramente ideológicas repetitivas, que não apontam para qualquer caminho novo ou, pior ainda, que não esteja já amplamente desacreditado.

A.C.R.

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