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2005/06/29

Para um salazarismo democrático (VIII) 

(continuação)

Vários bloguistas me escreveram, sobretudo por e-mail, aplaudindo o lançamento do tema salazarismo.

Não posso dizer que ficasse surpreendido por aí além, mas alegrou-me, sobretudo, que todos tenham achado oportuna a iniciativa e que ninguém tenha estranhado ver unido o qualificativo democrático ao termo salazarismo.

Quer isso dizer, penso, que, como eu, nenhum dos meus interlocutores vê grande dificuldade em imaginar o salazarismo funcionando em pleno regime de sufrágio universal e sujeitando-se a passar-lhe periodicamente pelo veredicto, com a mais completa lisura e transparência.

Devo acrescentar mais isto, para não restar dúvida alguma.

Como qualquer outro programa político, um futuro salazarismo democrático terá de aceitar e defender que não voltará a ser Poder se o não conquistar pelo sufrágio universal; e que, perdendo o Poder pelo veredicto deste, só voltará a aspirar de novo ao Poder, através do mesmo sufrágio universal.

O novo salazarismo, como o concebo, é um programa e estilo de governo testado por uma longa experiência de sucesso, que por isso merece novas oportunidades.

Na minha opinião e na dos que me escrevem, pressinto, o salazarismo é um singularíssimo repositório de doutrina e praxis políticas que, no conjunto, constituem a melhor expressão da única grande tradição e escola portuguesa de governo destes duzentos anos, simultaneamente testada como projecto e como prática.

Essa formidável Arte de Governar é um património adquirido que não deve e não pode ser desperdiçado ou desprezado.

Entendo, pelo que alguns me escrevem, que, no caso de a experiência de governo em curso falhar, não haverá outra saída senão recorrer-se a uma solução de salazarismo democrático – uma solução de rigor na gestão, de fidelidade a Portugal, de poder patriótico criativo e de reivindicação para cada País europeu de parcelas perdidas de soberania que se revelam supérfluas e até embaraçosas para a sua actual depositária, a União Europeia.

No momento próprio deverá pois surgir o movimento político supra-partidário, capaz de formular e prosseguir um ideário e um programa de salazarismo democrático, capaz de redimir-nos de todos os falhanços, incompetências e despropósitos que, em três dezenas de anos, reduziram Portugal ao estado em que está?

É uma possibilidade que nos ultrapassa completamente, aos mais velhos.

Tem de aparecer muita gente nova e sem vícios para encabeçar o movimento e realizá-lo.

Realizá-lo com muito ideal e equivalente grau de pragmatismo, acreditando que Portugal continua a ser viável ou que tem de voltar a sê-lo.

António da cruz Rodrigues (A.C.R.)

(continua)

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