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2005/07/29

Economia e Nação 

Num postal deste blogue de 22 de Julho o Dr. António da Cruz Rodrigues convidava a blogosfera nacionalista a reflectir sobre o bicho-de-sete-cabeças que é a economia para muitos nacionalistas.

Existe de facto um certo divórcio entre a conceptologia do nacionalismo e a economia enquanto ciência teórica. Talvez tenha que ser assim, dada a natureza de uma e de outra coisa.

Reconheço que o diagnóstico é verdadeiro e que me incluo no grupo dos que não esperam demasiado da economia para a afirmação e o futuro da Nação. Erradamente, admito-o.

Sem prejuízo da validade das razões apontadas então para as candeias às avessas entre nacionalismo e economia, vou procurar dar mais alguma achega com base na experiência pessoal.

Tenho como princípio que é o fenómeno político que configura a essência da Nação e não o económico, daí que não tenha dúvidas em afirmar a primazia do político sobre o económico e o financeiro. A Nação não é uma sociedade comercial.

Tenho a certeza de que não é o Estado que vai dinamizar a economia. Se tal acontecer, só será possível graças ao sector privado. Mas, o que me faz desconfiar dessa dinamização da economia?

Três razões:

1. A acção asfixiante do Estado contra a iniciativa privada, sobretudo pequena e média. Em vez de definir objectivos exaltantes para a economia, o Estado dedicou-se a praticar a primazia do económico sobre o político. Precisamente o contrário daquilo que seria uma intervenção inteligente. É o Estado contra a Nação.

2. A dúvida e o cepticismo de que se o mercado livre funcionar isto vai tudo correr bem, rumo ao paraíso terrestre. Trata-se, portanto, de uma motivação antropológica de cariz pessimista, bem ao contrário do que asseverava Adam Smith e os liberais utópicos.


3. Nas últimas décadas tivemos como ministros da Economia e Finanças as maiores sumidades. E olhem como está a economia. Talvez a solução esteja em alguém que não perceba nada do assunto.

O Estado tudo tem feito para prejudicar o sector privado e, em particular, as pequenas e médias empresas, quando estas necessitaram, e continuam a necessitar, de orientações do Estado para se conduzirem com eficácia.

Infelizmente, muitos da chamada direita têm identificado política com economia, sem perceber que uma coisa é produzir riqueza e ter dinheiro e outra é saber utilizar a riqueza para chegar ao poder e manter-se no poder, enfim, para dominar. A esquerda domina com mestria a arte de utilizar o dinheiro e a riqueza para dominar.

Não devemos confundir economia com política.

Caberá à política afirmar a primazia dos interesses gerais – da comunidade – sobre os interesses particulares, ainda que legítimos, garantindo que tal primazia nunca se afirmará à custa do esmagamento arbitrário da pessoa pelo colectivo ou pelo aparelho do Estado, conforme pretendem e praticam os socialismos.

Caberá à economia assumir-se como um meio, não como um fim em si mesmo.

“A economia é uma ciência teórica, e como tal abstém-se de juízos de valor. A sua função não é a de dizer às pessoas quais devem ser os seus objectivos. É uma ciência dos meios a pôr em prática no sentido de atingir os fins almejados, não é... uma ciência para a escolha desses fins”, afirma Ludwig von Mises. A política parece ser a ciência capaz de apontar esses fins, esses objectivos.

Aí está a diferença.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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