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2004/09/13

A Incógnita Chinesa 

Surgiram agora novos dados que vale a pena examinar, apesar de rodeados de incertezas.

Escrevi aqui há dias sobre o tabu do “perigo chinês”, perigo de que finalmente se fala às claras.

A expressão “perigo chinês parece ter sido inventada por Napoleão, o qual teria dito que seria esse o grande perigo mundial no séc. XIX.

Não foi; foi, sim, a China praticamente colonizada pelo Ocidente durante esse século e ainda no princípio do séc. XX.

Só começou a reagir no séc. XX com a implantação da república; mas, com o Japão ao lado, como potência ameaçando dominá-la militarmente, só a derrota do Japão na guerra de 1939-45 e a vitória de Mao-Tse-Tung, na guerra civil, em 1947, permitiram à China configurar-se como uma ameaça mundial, tornada embora muito mais expressiva pela derrota e esmagamento da União Soviética na Guerra Fria, em 1991.

Cada vez mais, desde então, EUA e China vêm ficando sozinhos frente a frente.

Permiti-me apresentar uma previsão, nos postes anteriores sobre a China, com diversos cenários, do percurso do império chinês no controlo do Oriente: Taiwan, Japão, Austrália-Nova Zelândia.

Os dados agora surgidos a que aludi, no princípio, trazem a essa questão, penso, alguma luz, não obstante alguma obscuridade dos próprios dados.

Quem é afinal Jiang Zemin (à esquerda na fotografia)?

Quem é Hu Jintao (à direita)?

O segundo, Jintao, foi designado presidente do PCC (Partido Comunista Chinês) e da própria China, em 2002, mas, contrariamente ao que é tradição, ainda não assumiu a chefia do verdadeiro centro de poder na China, que é a comissão militar dirigente suprema das forças armadas.

O primeiro, Jiang Zemin, era o anterior presidente da China e do PCC, mas abandonou estas funções sem abandonar as de presidente da referida comissão militar, que ainda conserva. Como se as forças armadas não confiassem senão nele para chefiar o PCC ou como se o PCC não confiasse senão em Jiang Zemin para a chefia suprema das forças armadas.

Consta agora que Jiang vai deixar a presidência da comissão, onde será substituído por Jintao.

Significa isso que este passa a concentrar em si todos os poderes decisórios supremos e que deixa de haver possibilidade de divergências de orientações no que respeita ao Partido e às forças armadas.

Tanto pode querer isso dizer que o PCC reforça o seu poder sobre as forças armadas como o contrário, isto é, que as forças armadas reforçam o seu poder sobre o PCC.

Nesta hipótese e considerando as F. A. como o núcleo duro da visão e projecto imperial da China, iremos assistir ao acentuar das pressões chinesas sobre Taiwan, com grave risco para a paz mundial e os interesses ocidentais.

Se for, ao contrário, o PCC que sai reforçado, podemos assistir a uma trégua nessas pressões, mesmo que com algum “teatro” para “chinês ver”.

Há de facto indícios de hesitações ou divergências entre as políticas a seguir.

O que se regista a seguir, extraído de um documento a aprovar pelo comité central do PCC, parece indicar que o partido adoptou definitivamente uma orientação favorável à sociedade civil e seu desenvolvimento, eventualmente com menos riscos imediatos de imperialismo chinês à vista:

“As reformas da China entraram numa fase crítica, por isso o Partido Comunista deve adaptar-se à nova situação para avançar no processo de construção de uma sociedade com maior nível de vida.”

A classe burguesa e capitalista que, à sombra desta orientação, vai continuar a desenvolver-se é provavelmente menos belicista e revanchista que a classe militar/militarista desenvolvida à sombra e no seio das forças armadas chinesas.

Para conquistar mercados, terá a burguesia, durante dezenas de anos, trunfos melhores e de menos risco que as armas de forças militares expansionistas: sobretudo, o ainda muito baixo nível de remuneração do povo chinês e as suas grandes reservas demográficas.

A.C.R

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