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2004/06/07

Outra campanha eleitoral. Mário Soares na Campanha de Cavaco Silva para a Presidência. 

Soares, com o seu faro político, não perde uma oportunidade de se fazer justiça.

Dizem-me que em declarações à TV, pronunciando-se sobre Reagan, terá dito que é sua regra fazer justiça aos vivos e aos mortos.

E daí carrilou direito a Cavaco.

Que isto e aquilo...

Que também mais tal e que tal...

Mas que Cavaco, por exemplo, era o grande homem da nossa adesão à União Europeia.

Que sem ele e o seu governo nunca Portugal teria tirado da adesão os colossais benefícios que efectivamente tirámos.

É certo, lembrou, que a adesão fora obra do anterior governo, por sinal presidido por ele próprio Mário Soares.

"Puro acaso", disse.

"E apenas sorte! — acrescentou — A sorte de estar na hora certa, no lugar certo, para o acto de assinar a simples adesão. Em si mesma mero acto burocrático..." — finalizou, para quem ainda tivesse dúvidas.

Os que ouviram, pensaram que M. S. não precisava de ter ido tão longe na depreciação dos seus próprios méritos, para garantir a futura eleição de Cavaco à Presidência.

Mas gostaram de tanta modéstia, não obstante bem conhecida.

Mesmo assim, muitos são os que não acreditaram no que ouviram.

Eu também continuo a não acreditar.

A.C.R.

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