2004/03/23
Boa Sorte ao PND! E a todos os Partidos onde nacionalistas se sintam bem.
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Se é a primeira vez que a opção pelo PND é oferecida aos sondados, e francamente não sei se é, talvez 0,7% não seja muitíssimo mau.
Mas para quem chegou a arrancar uns 14% dos votos nas últimas legislativas em que foi responsável pelo CDS/PP...
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Eu sei que Manuel Monteiro rejeita apresentar-se como nacionalista ou que possam tomá-lo por tal.
É dos que opõem nacionalismo a democracia, considerada regime por excelência a traduzir-se no sufrágio universal.
Ignora, é claro, julgo eu, o que é o novo nacionalismo ou nacionalismo pós-moderno, neste blogue largamente desenvolvido, para darmos conta do que é um nacionalismo limpo de todos os restauracionismos e monolitismos que terão manchado uns tantos nacionalismos do passado.
Foi isso que respondi a um interessado destas coisas e convicto nacionalista, quase, quase sem teias de aranha e nenhum bafio na mente, que me perguntou, quando o PND apareceu no “palco” político nacional, se eu não achava que o PND poderia vir a atrair muitos nacionalistas portugueses.
Não expliquei muito, porque não era necessário, e disse-lhe apenas:
— Não sabe que o Dr. Manuel Monteiro não quer nada com nacionalistas?
Mas acrescentei:
— Estou mesmo convencido que, se algum nacionalista, conhecido como tal, quisesse inscrever-se no PND, seria vetado por Manuel Monteiro pessoalmente. Ele não quer compreender sequer o que é o novo nacionalismo, parece-me...
— E daí? – retorquiu o meu amigo – Você não costuma dizer que todo o nacionalista de hoje tem de saber que só à maneira nova de ser-se nacionalista, pode o nacionalismo ter crédito e perspectivas de futuro?
— Sim, eu sei e acredito firmemente, mas o Dr. Manuel Monteiro parece-me irredutível, se bem o conheço.
Mas o meu amigo não desistiu:
— E o Manuel Monteiro não será capaz de perceber – disse ele, com ar finório – que os velhos nacionalistas portugueses mas nacionalistas à maneira nova, ou capazes de assimilar a maneira nova, representam, sei lá bem, talvez mais de 20% do eleitorado?... Contando monárquicos, integralistas, demo-cristãos, corporativistas do Corporativismo de Estado, salazaristas, estadonovistas, católicos nacionalistas, gente formada politicamente na velha Acção Católica, incluindo a JUC, gente do VECTOR/Resistência/Universidade Livre, bem como defensores do Portugal pluricontinental e plurirracial, etc., etc.
— Bem – respondi-lhe, julgo eu, um tanto enfadado. – Não quer perceber que esse pessoal todo não é já (talvez nunca tenha sido) gente disponível para a nova aventura do PND?...
— Porquê? – teimou ele, meio a irritar-se.
— Ora!... Porque já estão no CDS/PP e no PSD, talvez no PS! São tudo partidos onde os novos nacionalistas, sobretudo no primeiro, mas também no segundo e no terceiro, são bem aceites sem terem que renegar-se, creio.
— Mas há a gente nova! – gritou-me – Gente que aspira a uma nova ideia forte de Portugal e ainda não se rotinou nas suas opções partidárias. Só precisam que lhes aceitem a sua paixão por Portugal e eles se convençam de que a sua paixão é partilhada, em defesa de Portugal e de uma ideia altamente positiva de Portugal.
— Talvez – disse-lhe eu, para acalmá-lo. – Convença o Manuel Monteiro disso. Eu, por mim, já falhei experiências partidárias que chegam, não quero mais.
Respondeu-me com um encolher de ombros político. E a conversa ficou por ali, que tínhamos ambos ainda muito que fazer essa tarde.
A.C.R.