2004/01/05
A esquerda doutoral

Aquilo fez mesmo mossa. Estou a ver o Prof. Rosas – que nunca se costuma irritar – marchar ao som das Walkirias e a distribuir cacetada a torto e a direito a essa corja de fabianos. Só no mesmo artigo empunhou o vocábulo “fundamentalista” oito vezes. Oito! Quando a sua causa chora, ele ergue a espada sem demora.
Porque é que a liberalização do aborto, bem como tudo o que diz respeito à transmissão da vida, desencadeia esta sanha irracional por parte destes grupos políticos, que de fanatismo não têm nada?
Talvez a pretensão de serem senhores absolutos da sua vida e – já agora – da vida dos seus descendentes. Já que não foram capazes de se criar a si mesmos, ao menos que disponham da técnica para corrigir os erros da natureza.
Será isto que eles temem: que se descubra o fio condutor entre o aborto, a contracepção (que também passa pelo aborto), a homossexualidade, a clonagem, a eugenia, a eutanásia, und so weiter.
Temem que se descubram as marcas físicas e psíquicas do aborto legal e “tecnicamente perfeito” (maior incidência de cancro na mama, depressões, etc.), os efeitos nocivos da contracepção hormonal, as taxas de falhanço dos preservativos.
Temem que se descubram estas aldrabices todas e que por trás disto há milhões em jogo.
Temem o autodomínio e a fidelidade conjugal que, pelos vistos, não dão lucro a certos “sectores”.
Eis uma das poucas vezes, desde que a esquerda – há cinquenta anos – impôs a sua ditadura cultural e ideológica sobre o País, que acontece uma coisa que não foi a reboque deles, que lança novas ideias e conceitos na opinião pública. Foi isso que mais lhes custou.
O Prof. Mário Pinto fica muito aquém quando identifica o autoritarismo da esquerda como, simplesmente, retórico. Antes fosse só isso. Daí não viria qualquer mal: palavras leva-as o vento. O problema é que é muito mais do que isso.
Carradas de razão tem o Prof. Rosas: o país é sinistro. É, sim senhor. Apesar da sinistra não estar no governo, nem por isso deixa de estar no poder. Olé!
Manuel Brás
Etiquetas: Em Defesa da Vida, Manuel Brás