2003/07/18
Nacionalismo, Imigração e Igreja
Oitava clarificação — Agora trata-se da Igreja, absolutamente fundamental em tudo que se relaciona com Portugal, que se pode dizer ser essencialmente uma criação da Igreja e da monarquia visionária que tivemos.
Comecemos por um simples fait divers.
Em declarações para os MCS, creio que em Junho ou princípio de Julho,* o Bispo-Chefe dos capelães militares, nas Forças Armadas Portuguesas, teve a ousadia de vir tomar posição pública sobre as reduções das verbas para as FA, no novo orçamento rectificativo, apoiando expressamente a reacção generalizada das chefias militares e acompanhando-as no alerta que haviam lançado contra a inevitabilidade da redução do número de recrutas daí necessariamente decorrente.
Não é, evidentemente, pelo alerta contra a redução das verbas em si que nos devemos revoltar, mas com a consequência apontada que também consideramos altamente perigosa.
O que deve revoltar-nos é o desplante do Senhor Bispo que, ele mesmo poucos dias antes, tinha em entrevista ao “Público” explicado a função que entende ser a dos capelães militares no seio das F. A..
Para ele, o mal da redução do número dos recrutas não é o que todos poderíamos pensar, mas totalmente outro. De facto, para o Senhor Bispo, entendia-se claramente do seu arrazoado no “Público”, o papel dos capelães
não é o da assistência religiosa aos militares, como sempre foi e não pode deixar de ser, mas pura e simplesmente o papel de levarem o pacifismo ao espírito do pessoal e convencê-los, educá-los para a ideia de que a guerra é um mal sempre, que os militares têm de evitar, contra a própria natureza e funções das F.A. e das chefias.
Pode imaginar-se infiltração mais subversiva que a dos capelães militares, no próprio cerne das F.A., se todos agirem nelas com o espírito do seu Bispo?
O seu receio, quanto às reduções das verbas para as F.A., não será afinal senão o de não vir a ter recrutas a “catequizar” para a subversão?
Como é que as F.A. não correm com um tal infiltrado?
Penso que o Senhor Bispo se terá descuidado a denunciar tão imbecilmente o seu pensamento secreto. Já sabíamos que é um irresponsável. Mas continua dentro das F.A. E estas não têm, que se conheça, um gesto decidido para neutralizá-lo?
Acreditamos, até prova em contrário, que ele não exprimiu o pensamento da Igreja Católica Portuguesa, para a qual uma estúpida e irrealista mundialização, subjacente ao pensamento (?) do Senhor Bispo, não pode ser doutrinariamente aceitável.
Só por isso, e provisoriamente, consideremos o caso um mero “fait divers”, como comecei por dizer. O que o Bispo expressou não pode ser senão a ideia dele, malevolamente destrutiva.
Alerto, em qualquer caso, os nacionalistas para mais este dislate dum Bispo que já nos habituou a eles, mas nem por isso é menos perigoso, antes pelo contrário, porque desta vez feriu os interesses nacionais no mais vivo deles, as Forças Armadas.
Tudo aponta para que as tarefas e intervenções delas, ao longo do séc. XXI, venham a ser sempre mais delicadas e decisivas e sempre mais frequentes e mais exigentes do moral combatente empenhado dos seus elementos.
E vem-nos um Bispo-Capelão, aparentemente revestido da autoridade da Santa Igreja, denunciar e depreciar, no fundo, as virtudes militares que, em vez e ao contrário disso, é urgente e imperativo recuperar e ao máximo valorizar e prestigiar?
Percebem as chefias das F.A. os problemas que um tal Bispo pode vir a criar-lhes e criar a Portugal?
Desceram e descemos assim tanto?
Pois então, fora com Sua Exa Rev. ma! E já, que se faz tarde!
O problema mais sério que nos pode vir com a Igreja é porém outro na actualidade — a crer que aquilo que acabo de referir é um simples dislate, não merecedor, por isso, da atenção da Igreja nem das F.A. E esse problema mais sério parece-me ser o seguinte.
A respeito da imigração e dos imigrantes, têm as Autoridades da Igreja e, em especial, o próprio Santo Padre, defendido ultimamente posições que, levadas à letra, se afiguram corresponder à condenação de quaisquer restrições à imigração.
Levadas à letra, repito, isso significaria, parece, a exigência de se suprimirem todas as fronteiras, bem como a condenação, nesse aspecto pelo menos, dos nacionalismos potenciais limitadores da imigração.
Tudo em nome de uma fraternidade incondicional que nos obrigaria a todos a não pôr limites à entrada nos nossos Países de quaisquer seres humanos, nossos irmãos em Cristo, vindos de outros Países, fosse em que condições fosse.
Quer dizer que a Igreja nos negaria até mesmo o direito de legítima defesa contra a invasão de hordas indiscriminadas de imigrantes?
Julgo que a Igreja tem sentido a necessidade, ultimamente, de sublinhar os princípios de modo absoluto e idealista, esquecendo aspectos práticos e existenciais que não deixou, noutros documentos menos recentes, de considerar com equilíbrio.
Será para não provocar descontentamentos e críticas das Igrejas Ortodoxas, a que estão com certeza ligados muitos dos novos imigrantes da Europa de Leste?
A verdade é que a Igreja Católica já tem problemas de sobra com as Igrejas Ortodoxas, especialmente a russa e a ucraniana. Desejará a todo o custo evitar mais um?
Será, também, para evitar censuras da Igreja uniata, ucraniana, de obediência ao Papa, à qual pertencerão muitos dos Ucranianos que imigram para o Ocidente?
Será, simultaneamente, porque uma posição diferente, em relação ao problema, poria em risco a sua capacidade de apostolado e catequização entre os Africanos, dessa África que se tem dito representar a grande esperança de crescimento do Catolicismo no séc. XXI?
Poderá ser ainda que, com a imigração, mesmo clandestina, mas contínua e massiça para os EUA de latino-americanos das Américas, supostamente de maioria católica, a Igreja também não queira prejudicar o seu futuro neste grande País, os EUA, onde o crescimento demográfico relativo das populações de origem hispano-americanas pode tender a beneficiar o prestígio e força da própria Igreja?
Enfim, tenho razões para crer que não devemos ser pessimistas. Quero dizer que a Igreja não pode ter abandonado efectivamente a sua posição prudencial de sempre nesta matéria.
Ou seja, que os princípios invocados não são aqui de efeitos absolutos mas relativos, na medida em que se confrontam interesses e direitos igualmente legítimos, que podem mesmo ser opostos. Pelo que serão as circunstâncias que devem aconselhar políticas e regulamentações específicas que, nas suas ”casas”, só os respectivos governantes poderão em consciência decidir e aplicar, para evitar aos seus Países os males que entendam dever evitar, como legitimamente lhes compete, inteiramente responsáveis que são perante os Povos que os elegeram e perante Deus e as suas próprias consciências.
Isso, mesmo sem falar, repito, do direito de legítima defesa que estaria em causa, sempre que um País não pudesse fixar limites às hordas invasoras de imigrantes que o ameacem.
Ponto final nesta matéria que diz respeito, não esqueçamos, à soberania de cada Estado, a qual só admite as restrições que o Estado negoceie.
Ou a rendição sem luta.
Ou a guerra, em legítima defesa, não esqueçamos.
* De 2001
Comecemos por um simples fait divers.
Em declarações para os MCS, creio que em Junho ou princípio de Julho,* o Bispo-Chefe dos capelães militares, nas Forças Armadas Portuguesas, teve a ousadia de vir tomar posição pública sobre as reduções das verbas para as FA, no novo orçamento rectificativo, apoiando expressamente a reacção generalizada das chefias militares e acompanhando-as no alerta que haviam lançado contra a inevitabilidade da redução do número de recrutas daí necessariamente decorrente.
Não é, evidentemente, pelo alerta contra a redução das verbas em si que nos devemos revoltar, mas com a consequência apontada que também consideramos altamente perigosa.
O que deve revoltar-nos é o desplante do Senhor Bispo que, ele mesmo poucos dias antes, tinha em entrevista ao “Público” explicado a função que entende ser a dos capelães militares no seio das F. A..
Para ele, o mal da redução do número dos recrutas não é o que todos poderíamos pensar, mas totalmente outro. De facto, para o Senhor Bispo, entendia-se claramente do seu arrazoado no “Público”, o papel dos capelães
não é o da assistência religiosa aos militares, como sempre foi e não pode deixar de ser, mas pura e simplesmente o papel de levarem o pacifismo ao espírito do pessoal e convencê-los, educá-los para a ideia de que a guerra é um mal sempre, que os militares têm de evitar, contra a própria natureza e funções das F.A. e das chefias.
Pode imaginar-se infiltração mais subversiva que a dos capelães militares, no próprio cerne das F.A., se todos agirem nelas com o espírito do seu Bispo?
O seu receio, quanto às reduções das verbas para as F.A., não será afinal senão o de não vir a ter recrutas a “catequizar” para a subversão?
Como é que as F.A. não correm com um tal infiltrado?
Penso que o Senhor Bispo se terá descuidado a denunciar tão imbecilmente o seu pensamento secreto. Já sabíamos que é um irresponsável. Mas continua dentro das F.A. E estas não têm, que se conheça, um gesto decidido para neutralizá-lo?
Acreditamos, até prova em contrário, que ele não exprimiu o pensamento da Igreja Católica Portuguesa, para a qual uma estúpida e irrealista mundialização, subjacente ao pensamento (?) do Senhor Bispo, não pode ser doutrinariamente aceitável.
Só por isso, e provisoriamente, consideremos o caso um mero “fait divers”, como comecei por dizer. O que o Bispo expressou não pode ser senão a ideia dele, malevolamente destrutiva.
Alerto, em qualquer caso, os nacionalistas para mais este dislate dum Bispo que já nos habituou a eles, mas nem por isso é menos perigoso, antes pelo contrário, porque desta vez feriu os interesses nacionais no mais vivo deles, as Forças Armadas.
Tudo aponta para que as tarefas e intervenções delas, ao longo do séc. XXI, venham a ser sempre mais delicadas e decisivas e sempre mais frequentes e mais exigentes do moral combatente empenhado dos seus elementos.
E vem-nos um Bispo-Capelão, aparentemente revestido da autoridade da Santa Igreja, denunciar e depreciar, no fundo, as virtudes militares que, em vez e ao contrário disso, é urgente e imperativo recuperar e ao máximo valorizar e prestigiar?
Percebem as chefias das F.A. os problemas que um tal Bispo pode vir a criar-lhes e criar a Portugal?
Desceram e descemos assim tanto?
Pois então, fora com Sua Exa Rev. ma! E já, que se faz tarde!
O problema mais sério que nos pode vir com a Igreja é porém outro na actualidade — a crer que aquilo que acabo de referir é um simples dislate, não merecedor, por isso, da atenção da Igreja nem das F.A. E esse problema mais sério parece-me ser o seguinte.
A respeito da imigração e dos imigrantes, têm as Autoridades da Igreja e, em especial, o próprio Santo Padre, defendido ultimamente posições que, levadas à letra, se afiguram corresponder à condenação de quaisquer restrições à imigração.
Levadas à letra, repito, isso significaria, parece, a exigência de se suprimirem todas as fronteiras, bem como a condenação, nesse aspecto pelo menos, dos nacionalismos potenciais limitadores da imigração.
Tudo em nome de uma fraternidade incondicional que nos obrigaria a todos a não pôr limites à entrada nos nossos Países de quaisquer seres humanos, nossos irmãos em Cristo, vindos de outros Países, fosse em que condições fosse.
Quer dizer que a Igreja nos negaria até mesmo o direito de legítima defesa contra a invasão de hordas indiscriminadas de imigrantes?
Julgo que a Igreja tem sentido a necessidade, ultimamente, de sublinhar os princípios de modo absoluto e idealista, esquecendo aspectos práticos e existenciais que não deixou, noutros documentos menos recentes, de considerar com equilíbrio.
Será para não provocar descontentamentos e críticas das Igrejas Ortodoxas, a que estão com certeza ligados muitos dos novos imigrantes da Europa de Leste?
A verdade é que a Igreja Católica já tem problemas de sobra com as Igrejas Ortodoxas, especialmente a russa e a ucraniana. Desejará a todo o custo evitar mais um?
Será, também, para evitar censuras da Igreja uniata, ucraniana, de obediência ao Papa, à qual pertencerão muitos dos Ucranianos que imigram para o Ocidente?
Será, simultaneamente, porque uma posição diferente, em relação ao problema, poria em risco a sua capacidade de apostolado e catequização entre os Africanos, dessa África que se tem dito representar a grande esperança de crescimento do Catolicismo no séc. XXI?
Poderá ser ainda que, com a imigração, mesmo clandestina, mas contínua e massiça para os EUA de latino-americanos das Américas, supostamente de maioria católica, a Igreja também não queira prejudicar o seu futuro neste grande País, os EUA, onde o crescimento demográfico relativo das populações de origem hispano-americanas pode tender a beneficiar o prestígio e força da própria Igreja?
Enfim, tenho razões para crer que não devemos ser pessimistas. Quero dizer que a Igreja não pode ter abandonado efectivamente a sua posição prudencial de sempre nesta matéria.
Ou seja, que os princípios invocados não são aqui de efeitos absolutos mas relativos, na medida em que se confrontam interesses e direitos igualmente legítimos, que podem mesmo ser opostos. Pelo que serão as circunstâncias que devem aconselhar políticas e regulamentações específicas que, nas suas ”casas”, só os respectivos governantes poderão em consciência decidir e aplicar, para evitar aos seus Países os males que entendam dever evitar, como legitimamente lhes compete, inteiramente responsáveis que são perante os Povos que os elegeram e perante Deus e as suas próprias consciências.
Isso, mesmo sem falar, repito, do direito de legítima defesa que estaria em causa, sempre que um País não pudesse fixar limites às hordas invasoras de imigrantes que o ameacem.
Ponto final nesta matéria que diz respeito, não esqueçamos, à soberania de cada Estado, a qual só admite as restrições que o Estado negoceie.
Ou a rendição sem luta.
Ou a guerra, em legítima defesa, não esqueçamos.
* De 2001
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Imigração, Um Nacionalismo Novo
2003/07/16
Nacionalismo e Israel
Sétima clarificação — Nacionalismo novo para resolver problemas novos e para resolver problemas velhos. Este último aspecto obriga-me a apresentar e discutir já uma questão que é candente, como exemplo cimeiro das tarefas e dificuldades que o novo nacionalismo virá a enfrentar internacionalmente.
É a questão judaica com os seus recentes desenvolvimentos e fundamentalmente em consequência da criação do Estado de Israel, há quase 55 anos.
Pela primeira vez desde há mais de cinquenta anos, o judaísmo mundial apresenta-se, perante a opinião pública universal, numa posição defensiva muito difícil.
Como sempre, também agora a questão judaica não deve ser tratada de âmbito leve. Nem pode, aliás.
Quer queiramos ou gostemos, quer não, o judaísmo mundial está tão poderosa e intimamente imbricado no mundo ocidental, a que pertencemos, que aquilo que lhe fosse fatal poderia ser-nos igualmente fatal e a todo esse mundo.
Os Judeus podem não ter sido os primeiros agentes principais do desencadear da Revolução Francesa. Aliás, só depois de profundas fracturas internas uma importante facção do judaísmo aderiu plenamente aos ideais da revolução, de resto não sem grandes lutas e traumas que ainda sobrevivem. Mas do que não há dúvidas é de terem estado eles entre os principais beneficiários da Revolução Francesa, uma vez que o antigo Regime, por toda a Europa continental, com a excepção da Holanda, e creio que do Estado Vaticano, lhes condicionava fortemente a liberdade de movimentos e os direitos religiosos, sociais e políticos. Com as sucessivas revoluções liberais, filhas da Revolução Francesa, nos diversos Estados europeus, vai-se de modo geral estendendo e alargando o clima de tolerância que por toda a parte consolida o poderio que os Judeus já antes tinham, devido à sua explosão demográfica e pelo seu poder económico, como pelas posições conquistadas nos domínios do saber e das profissões liberais ou da administração pública.
Digamos que, com a Revolução Francesa e suas derivadas, os Judeus passaram a considerar-se à solta.
O poderio crescente daí derivado, com as leis liberais que logo aprendem a largamente usar em seu proveito, cria-lhes porém muitos novos inimigos, entre as populações dominantemente burguesas e populares dos países onde vivem, que se sentem vítimas supostas da tirania económica e social de que acusam os Judeus.
Não admira, por isso, que o séc. XIX venha a assistir à multiplicação das perseguições aos Judeus, com “progroms” sistemáticos mesmo, e até ao acirrar e generalização, em muitos casos, do anti-semitismo militante.
Tal se verifica, por exemplo, em França, mas especialmente nos Impérios e Países da Europa Central e Oriental. A tal ponto que é francamente aceitável considerar o peso que a questão judaica presumivelmente terá tido no desencadear da I Guerra Mundial, a de 1914-18.
A ponto de o Judaísmo mundial se poder considerar um dos grandes vencedores se não mesmo o grande vencedor da Grande Guerra.
Em primeiro lugar porque os grandes Impérios onde os sentimentos populares anti-judaicos eram mais acirrados (o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro) saíram do rescaldo da Guerra derrotados e desmembrados; e, em segundo lugar, derrotada também a Turquia na Grande Guerra, os Ingleses abriram caminho à invasão pelos Judeus da Palestina que herdaram do Império Otomano.
Ficou assim possibilitada a concretização dos compromissos da Declaração Balfour assinada em 2 de Novembro de 1917, onde a Grã-Bretanha — logo apoiada pelos EUA — prometia aos sionistas todos os esforços para “o estabelecimento na Palestina do Lar Nacional para o povo judaico”.
Sob protectorado da Palestina, estabelecido pela Sociedade das Nações a favor da Grã-Bretanha, depois da vitória dos Aliados em 1918, os Judeus vão passar a instalar-se livremente como colonos na Palestina, em grande quantidade e ao ritmo dum verdadeiro delírio nacionalista. Preparavam-se assim, a partir do estádio de colónia de facto inglesa, mas povoada de judeus, para verem reconhecido mais tarde, à Palestina, quase completamente judaizada, o estatuto de estado independente. Mas só em 15.11.48, três anos e meio depois de finda a II Guerra Mundial (1939-45) e com a sabida violência que se seguiu contra os naturais palestinianos do território, expulsos do novo Estado de Israel sem dó nem piedade, pela força das armas.
Saiu deste modo bastante frustrada a tentativa de fazer passar a independência da Palestina, a favor dos Judeus, como o primeiro ou um dos primeiros actos do movimento de descolonização que se seguiria à nova vitória dos Aliados numa Guerra Mundial, a 2ª do séc. XX.
Não obstante esse precalço, pode também dizer-se, como da I Guerra Mundial, que os grandes vencedores ou um dos grandes vencedores da Segunda foram igualmente os Judeus.
Certo é que só essa vitória permitiu aos Aliados coroar com êxito e sem oposição no Mundo — senão a dos Árabes e a dos Palestinianos, algo imprevista — trinta e um anos depois da Declaração de Balfour, o processo inteiramente artificioso e altamente violento da criação do Estado de Israel, objectivo perseguido desde havia 50 anos.
Na verdade, mais que artificioso. Pois que se pretendeu insinuar como de descolonização um acto que foi um puro acto do mais meridiano colonialismo, bem à maneira do séc. XIX em África, até com o esmagamento do povo autóctone, os Palestinianos.
A ponto de o modelo inspirador da diplomacia aplicada poder perfeitamente ter sido a criação em 1891 (Conferência de Berlim) do Estado Livre do Congo, fruto exclusivo, ou quase, de pura estratégia de chancelarias convertidas, por altos interesses próprios de todos os participantes, mesmo Portugal, ao genial projecto de Leopoldo II da Bélgica.
No caso de Israel, o génio pessoal que tudo desencadeou modernamente foi o do Judeu Teodoro Herzl, criador pouco tempo a seguir à fundação do Estado Livre do Congo, com o Congresso de Basileia, em 1897, do Movimento Sionista Mundial cujo objectivo era precisamente a criação dum Estado Livre para os Judeus, em Sião ou Palestina, exactamente.
Agora Israel, acossado pelos Palestinianos e pelas forças árabes vindas do Líbano fronteiriço, começa a desesperar, sem encontrar saída para a situação criada ao longo destes anos.
É o Estado de Israel um Estado nacionalista?
Talvez mais que nenhum outro na actualidade.
Mas sofre o seu nacionalismo do pecado original da sua formação, ao surgir do abuso da violência imerecida contra uma nação — a palestiniana —tão legítima como Israel.
E, talvez antes de tudo, por precisamente a sua origem e a violência da sua criação poderem torná-lo um Estado para sempre minado, para sempre em perigo e para sempre fonte de perigos graves para outros Estados — seus vizinhos e não só —, pondo de facto ele próprio a sua própria viabilidade em questão, até ao fim dos tempos.
Pode, com realismo, admitir-se a viabilidade dum Estado que não tem outra saída senão a guerra, permanentemente ameaçando fazer perecer os Estados seus vizinhos?
Trata-se, mais que de um Estado, de um estado patológico que a qualquer momento pode pegar fogo ao mundo.
Podemos nós, os novos nacionalistas, considerar como um dos nossos um Estado agressor assim?
Israel teria, para tanto, de começar por fazer com os Palestinianos e Árabes seus vizinhos regionais um tratado de paz convincente e definitivo.
Sem isso, repito, as situações criadas por Israel ameaçam a todo o momento pegar fogo ao mundo atirando-nos para uma completamente incerta 4ª Guerra Mundial, que temos de evitar, na convicção de que, logo à partida, os EUA os acompanharão e que a própria EU não poderá deixar de segui-los.
Talvez seja uma ilusão.
Israel ganhou a 1ª guerra mundial; ganhou a 2ª também; mas a sua vitória na 3ª — a Guerra Fria — talvez não tenha sido tão clara assim, não obstante as aparências e o facto para muitos indiscutível de Israel ter saído dela, efectivamente, como a 1ª potência à escala mundial.
Parece um exagero e uma cegueira nossa?
Pois que é senão isso, ou seja, uma 1ª potência à escala mundial, aquela que a todo o momento impõe ao Ocidente que se bata por ela no terreno mais movediço de todos, o do Próximo e Médio Oriente, e que exige rendição incondicional às potências suas parceiras de “aliança” — a Alemanha, a França, a Itália, a Grã-Bretanha, a Igreja, etc., etc. — obrigando todos, sem contrapartidas da sua parte, a rogar-lhe perdões históricos e a prestar-lhe contas por tudo e mais alguma coisa?
Não terá Israel esticado demasiado a corda?
Não corre o risco de todos, definitivamente desiludidos, abandonarem Israel à sua sorte?
Para o evitar Israel terá de fazer a paz, avançando com o seu primeiro gesto de humildade e grandeza. Não parece capaz disso.
É que, repito, desta vez a vitória de Israel não foi, apesar das aparências, tão clara assim: porque ficou com o problema da Palestina a enfraquecê-lo cada vez mais e porque os seus actuais inimigos também beneficiaram da vitória da Guerra Fria, também estiverem com os seus vencedores.
Israel sabe, por isso, que se calhar pela primeira vez também, não sei em quantos séculos ou milénios, não têm os seus aliados, resignados ou não, que temer a hipóteses de que Israel se passe para o campo dos outros. Somos, de algum modo, todos reféns um dos outros.
Mas também será verdade que o Judaísmo mundial é um parceiro incontornável.
Não terá que recear a sua possível perda de peso relativo no campo ocidental.
Será sempre tratado com grande dignidade entre os parceiros a que está condenado: Democratas, Cristãos em geral, Católicos em especial, e Nacionalistas.
Só há que insistir: faça Israel o gesto de humildade e grandeza indispensável e terá a compreensão esclarecida de muitos nacionalistas.
É a questão judaica com os seus recentes desenvolvimentos e fundamentalmente em consequência da criação do Estado de Israel, há quase 55 anos.
Pela primeira vez desde há mais de cinquenta anos, o judaísmo mundial apresenta-se, perante a opinião pública universal, numa posição defensiva muito difícil.
Como sempre, também agora a questão judaica não deve ser tratada de âmbito leve. Nem pode, aliás.
Quer queiramos ou gostemos, quer não, o judaísmo mundial está tão poderosa e intimamente imbricado no mundo ocidental, a que pertencemos, que aquilo que lhe fosse fatal poderia ser-nos igualmente fatal e a todo esse mundo.
Os Judeus podem não ter sido os primeiros agentes principais do desencadear da Revolução Francesa. Aliás, só depois de profundas fracturas internas uma importante facção do judaísmo aderiu plenamente aos ideais da revolução, de resto não sem grandes lutas e traumas que ainda sobrevivem. Mas do que não há dúvidas é de terem estado eles entre os principais beneficiários da Revolução Francesa, uma vez que o antigo Regime, por toda a Europa continental, com a excepção da Holanda, e creio que do Estado Vaticano, lhes condicionava fortemente a liberdade de movimentos e os direitos religiosos, sociais e políticos. Com as sucessivas revoluções liberais, filhas da Revolução Francesa, nos diversos Estados europeus, vai-se de modo geral estendendo e alargando o clima de tolerância que por toda a parte consolida o poderio que os Judeus já antes tinham, devido à sua explosão demográfica e pelo seu poder económico, como pelas posições conquistadas nos domínios do saber e das profissões liberais ou da administração pública.
Digamos que, com a Revolução Francesa e suas derivadas, os Judeus passaram a considerar-se à solta.
O poderio crescente daí derivado, com as leis liberais que logo aprendem a largamente usar em seu proveito, cria-lhes porém muitos novos inimigos, entre as populações dominantemente burguesas e populares dos países onde vivem, que se sentem vítimas supostas da tirania económica e social de que acusam os Judeus.
Não admira, por isso, que o séc. XIX venha a assistir à multiplicação das perseguições aos Judeus, com “progroms” sistemáticos mesmo, e até ao acirrar e generalização, em muitos casos, do anti-semitismo militante.
Tal se verifica, por exemplo, em França, mas especialmente nos Impérios e Países da Europa Central e Oriental. A tal ponto que é francamente aceitável considerar o peso que a questão judaica presumivelmente terá tido no desencadear da I Guerra Mundial, a de 1914-18.
A ponto de o Judaísmo mundial se poder considerar um dos grandes vencedores se não mesmo o grande vencedor da Grande Guerra.
Em primeiro lugar porque os grandes Impérios onde os sentimentos populares anti-judaicos eram mais acirrados (o Império Alemão e o Império Austro-Húngaro) saíram do rescaldo da Guerra derrotados e desmembrados; e, em segundo lugar, derrotada também a Turquia na Grande Guerra, os Ingleses abriram caminho à invasão pelos Judeus da Palestina que herdaram do Império Otomano.
Ficou assim possibilitada a concretização dos compromissos da Declaração Balfour assinada em 2 de Novembro de 1917, onde a Grã-Bretanha — logo apoiada pelos EUA — prometia aos sionistas todos os esforços para “o estabelecimento na Palestina do Lar Nacional para o povo judaico”.
Sob protectorado da Palestina, estabelecido pela Sociedade das Nações a favor da Grã-Bretanha, depois da vitória dos Aliados em 1918, os Judeus vão passar a instalar-se livremente como colonos na Palestina, em grande quantidade e ao ritmo dum verdadeiro delírio nacionalista. Preparavam-se assim, a partir do estádio de colónia de facto inglesa, mas povoada de judeus, para verem reconhecido mais tarde, à Palestina, quase completamente judaizada, o estatuto de estado independente. Mas só em 15.11.48, três anos e meio depois de finda a II Guerra Mundial (1939-45) e com a sabida violência que se seguiu contra os naturais palestinianos do território, expulsos do novo Estado de Israel sem dó nem piedade, pela força das armas.
Saiu deste modo bastante frustrada a tentativa de fazer passar a independência da Palestina, a favor dos Judeus, como o primeiro ou um dos primeiros actos do movimento de descolonização que se seguiria à nova vitória dos Aliados numa Guerra Mundial, a 2ª do séc. XX.
Não obstante esse precalço, pode também dizer-se, como da I Guerra Mundial, que os grandes vencedores ou um dos grandes vencedores da Segunda foram igualmente os Judeus.
Certo é que só essa vitória permitiu aos Aliados coroar com êxito e sem oposição no Mundo — senão a dos Árabes e a dos Palestinianos, algo imprevista — trinta e um anos depois da Declaração de Balfour, o processo inteiramente artificioso e altamente violento da criação do Estado de Israel, objectivo perseguido desde havia 50 anos.
Na verdade, mais que artificioso. Pois que se pretendeu insinuar como de descolonização um acto que foi um puro acto do mais meridiano colonialismo, bem à maneira do séc. XIX em África, até com o esmagamento do povo autóctone, os Palestinianos.
A ponto de o modelo inspirador da diplomacia aplicada poder perfeitamente ter sido a criação em 1891 (Conferência de Berlim) do Estado Livre do Congo, fruto exclusivo, ou quase, de pura estratégia de chancelarias convertidas, por altos interesses próprios de todos os participantes, mesmo Portugal, ao genial projecto de Leopoldo II da Bélgica.
No caso de Israel, o génio pessoal que tudo desencadeou modernamente foi o do Judeu Teodoro Herzl, criador pouco tempo a seguir à fundação do Estado Livre do Congo, com o Congresso de Basileia, em 1897, do Movimento Sionista Mundial cujo objectivo era precisamente a criação dum Estado Livre para os Judeus, em Sião ou Palestina, exactamente.
Agora Israel, acossado pelos Palestinianos e pelas forças árabes vindas do Líbano fronteiriço, começa a desesperar, sem encontrar saída para a situação criada ao longo destes anos.
É o Estado de Israel um Estado nacionalista?
Talvez mais que nenhum outro na actualidade.
Mas sofre o seu nacionalismo do pecado original da sua formação, ao surgir do abuso da violência imerecida contra uma nação — a palestiniana —tão legítima como Israel.
E, talvez antes de tudo, por precisamente a sua origem e a violência da sua criação poderem torná-lo um Estado para sempre minado, para sempre em perigo e para sempre fonte de perigos graves para outros Estados — seus vizinhos e não só —, pondo de facto ele próprio a sua própria viabilidade em questão, até ao fim dos tempos.
Pode, com realismo, admitir-se a viabilidade dum Estado que não tem outra saída senão a guerra, permanentemente ameaçando fazer perecer os Estados seus vizinhos?
Trata-se, mais que de um Estado, de um estado patológico que a qualquer momento pode pegar fogo ao mundo.
Podemos nós, os novos nacionalistas, considerar como um dos nossos um Estado agressor assim?
Israel teria, para tanto, de começar por fazer com os Palestinianos e Árabes seus vizinhos regionais um tratado de paz convincente e definitivo.
Sem isso, repito, as situações criadas por Israel ameaçam a todo o momento pegar fogo ao mundo atirando-nos para uma completamente incerta 4ª Guerra Mundial, que temos de evitar, na convicção de que, logo à partida, os EUA os acompanharão e que a própria EU não poderá deixar de segui-los.
Talvez seja uma ilusão.
Israel ganhou a 1ª guerra mundial; ganhou a 2ª também; mas a sua vitória na 3ª — a Guerra Fria — talvez não tenha sido tão clara assim, não obstante as aparências e o facto para muitos indiscutível de Israel ter saído dela, efectivamente, como a 1ª potência à escala mundial.
Parece um exagero e uma cegueira nossa?
Pois que é senão isso, ou seja, uma 1ª potência à escala mundial, aquela que a todo o momento impõe ao Ocidente que se bata por ela no terreno mais movediço de todos, o do Próximo e Médio Oriente, e que exige rendição incondicional às potências suas parceiras de “aliança” — a Alemanha, a França, a Itália, a Grã-Bretanha, a Igreja, etc., etc. — obrigando todos, sem contrapartidas da sua parte, a rogar-lhe perdões históricos e a prestar-lhe contas por tudo e mais alguma coisa?
Não terá Israel esticado demasiado a corda?
Não corre o risco de todos, definitivamente desiludidos, abandonarem Israel à sua sorte?
Para o evitar Israel terá de fazer a paz, avançando com o seu primeiro gesto de humildade e grandeza. Não parece capaz disso.
É que, repito, desta vez a vitória de Israel não foi, apesar das aparências, tão clara assim: porque ficou com o problema da Palestina a enfraquecê-lo cada vez mais e porque os seus actuais inimigos também beneficiaram da vitória da Guerra Fria, também estiverem com os seus vencedores.
Israel sabe, por isso, que se calhar pela primeira vez também, não sei em quantos séculos ou milénios, não têm os seus aliados, resignados ou não, que temer a hipóteses de que Israel se passe para o campo dos outros. Somos, de algum modo, todos reféns um dos outros.
Mas também será verdade que o Judaísmo mundial é um parceiro incontornável.
Não terá que recear a sua possível perda de peso relativo no campo ocidental.
Será sempre tratado com grande dignidade entre os parceiros a que está condenado: Democratas, Cristãos em geral, Católicos em especial, e Nacionalistas.
Só há que insistir: faça Israel o gesto de humildade e grandeza indispensável e terá a compreensão esclarecida de muitos nacionalistas.
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, Em defesa do Ocidente, II Congresso Nacionalista Português, Um Nacionalismo Novo
2003/07/14
Racismo, Xenofobia e Belicismo
Sexta clarificação — Alguns nos considerarão por estas posições — como se fôssemos kamikases do nacionalismo — tentando acaso lançar-nos o anátema de que defenderíamos um nacionalismo radicalmente novo, sem qualquer filiação nos nacionalismos do passado. Na verdade, na verdade chegarão mesmo ao ponto de perguntar:
“Que resta então do nacionalismo?”
Resta-nos o verdadeiro nacionalismo, claro. Um nacionalismo intemporal, o menos condicionado possível pelo acessório e secundário.
Mas essa acusação de sermos nacionalistas radicalmente inovadores - - destruidores é uma acusação a exigir outro claro esclarecimento, para não ficarem dúvidas de que não vimos nem queremos trazer a confusão e o temor ao campo nacionalista, com isso prejudicando a causa de todos, o nacionalismo, e tornando a sua defesa e desenvolvimento mais problemáticos.
Ora, de facto, o que os novos nacionalistas que somos já compreendemos é que o nacionalismo tem sido frequentemente confundido com aspectos meramente secundários dele próprio ou da sua história dos últimos cem anos.
Por exemplo: o racismo, o culto da superioridade étnica, a xenofobia ou o belicismo, como a História demonstra, não são mais intrínsecos do nacionalismo que defendemos do que o são de quaisquer outros regimes ou sistemas políticos, sociais e religiosos, quer tenham sido meras utopias, quer tenham chegado a concretizar-se historicamente.
Portanto, não tem o novo nacionalismo que ter complexos, nem se considerar herdeiro ou responsável dos complexos ou erros dos outros.
Não tem, pois, naturalmente, que pedir desculpa pelos erros e eventuais crimes seja de quem for, tenham-se eles chamado nacionalistas ou não.
O essencial do novo nacionalismo é a defesa, valorização e consolidação das nações como as entidades forjadas na História mais aptas a resistirem vitoriosamente ao totalitarismo da mundialização. A vitória sobre a mundialização resultará dos esforços de cada nação por si, como dos entendimentos bilaterais e multilaterais entre elas, e nunca dum pretenso governo mundial, que facilmente se tornaria no instrumento dum ou de algumas superpotências mundiais e regionais ou dos movimentos internacionalistas anti-globalização.
Acreditamos nas vantagens dum mundo multipolar e rejeitamos qualquer projecto de mundo uni-polar.
Não vencemos os totalitarismos do séc. XX para nos entregarmos algemados ao totalitarismo que se prepara para dominar a humanidade do séc. XXI.
Observo que dizer “vencemos” o totalitarismo do séc. XX não é uma figura de retórica, mas uma realidade verificável.
A “guerra fria” foi verdadeiramente a III Grande Guerra ou II Guerra Mundial do séc. XX, terminada com a vitória sobre a URSS, símbolo e realização mais acabada, até hoje, dum projecto totalitário.
Essa vitória não foi apenas a vitória dos EUA e da NATO, portanto das chamadas democracias. Mas igualmente a vitória da penetração e irradiação das convicções religiosas cristãs, em especial católicas, que minaram o mundo concentracionário do império marxista-leninista-estalinista. Como a vitória também da implosão nacionalista desse mundo em que o internacionalismo e imperialismo comunistas não conseguiram esmagar os sentimentos nacionais de tantos velhos povos europeus, nunca completamente amordaçados.
A vitória foi, pois, a vitória duma frente de forças democráticas, católicas e nacionalistas, frente em que as forças nacionais não foram seguramente as menos importantes.
Uma conclusão me parece inevitável e que deve ser tomada explícita para ajudar os nacionalistas a libertarem-se do complexo de inferioridade e derrotismo que os tomou após aquilo que se chamou aqui “o eclipse do nacionalismo” a seguir a 1945.
Não tenho dúvidas de que o nacionalismo, vencedor a partir de 1991, data marcante da rendição incondicional do comunismo, pôde assumir-se de novo como uma grande ideia-força do futuro.
Daí a minha insistência na vertente futurista do novo nacionalismo.
Também na guerra de 1914-18 foi enorme o esforço das nações, como tal, pelo que, se umas tantas o pagaram com a derrota, foram ainda mais as que hauriram nos seus sentimentos nacionalistas as energias e condições para a vitória.
Donde resultou o gigantesco surto nacionalista que se seguiu, que os EUA adivinharam e quiseram contrariar com a, frustrada, iniciativa da SDN, Sociedade das Nações.
Da vitória das nações na “guerra fria” — mas igualmente entre as derrotadas, como não podia deixar de ser, sobretudo na Rússia — resultaria também um forte surto nacionalista.
Mas as analogias terminam aí.
Porque não podemos tentar levar à letra os modelos nacionalistas de há oitenta anos e copiá-los ou sequer inspirarmo-nos deles, em muitos aspectos, quando as circunstâncias históricas e os problemas contemporâneos, as mentalidades e exigências dos povos, o nível dos conhecimentos e as tecnologias, etc., apresentam abissais diferenças.
Copiar esses modelos seria duma ingenuidade imperdoável.
A profundidade das nossas energias e a nossa vitalidade nacionalista não saem por isso diminuídas nem têm nada a perder.
Não voltaremos a deixar-nos prender em nacionalismos ingénuos.
Com o passado remoto aprendemos sobretudo isso: não tornar a cometer os erros de ingenuidade e presunção de alguns nacionalismos de há 80 anos, de consequências trágicas, que durante quase cinquenta anos nos desacreditaram injustamente e nos ostracizaram por completo.
Mas curámo-nos de complexos e traumas.
O decisivo para superá-los aconteceu.
A vitória de 1991 deixou-nos desta vez do lado dos vencedores. Mas não basta. O nacionalismo que encarnamos tem de apresentar-se como novo e ser realmente novo.
Novo, luminosamente novo, de face resplandecente.
Desligado e tendo cortado com as ingenuidades do passado, não será por isso menos essencialmente forte o nosso nacionalismo.
A segunda enorme oportunidade que historicamente nos é dada em cem anos, não vamos falhá-la, temos de jurá-lo a nós próprios e entre nós.
Juramento sagrado! Em nome da nova mística que toma conta de nós, uma mística sem embriaguez, lúcida mas mais que lúcida, uma mística da própria lucidez e da própria Razão.
A sua primeira virtude — diria que a própria natureza dela — será o realismo lúcido. Nem por isso menos dominador. Teremos de ser efectivamente dominadores pela força da nossa determinação lúcida.
Uma determinação e lucidez que nos obrigarão a não escamotear nenhum dos grandes problemas que se nos apresentam ou apresentem, sejam eles os mais radicais e os mais fracturantes, digamo-lo sem temores.
Só por sermos nacionalistas. Isto é, carne e inteligência e sangue e alma e natureza com os nossos Povos. Só por essa co-naturalidade com os nossos povos, com eles identificados, não vamos falhar. Seremos os melhores, teremos de ser.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas da segurança interna e externa dos nossos Povos.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas da união dos povos, nações e Estados europeus.
Porque saberemos sempre de que lado estar, sem ilusões nem precipitações, na confrontação mundial de civilizações, interesses e ideologias que se desenha.
Porque saberemos enfrentar os problemas migratórios e demográficos.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas dos recursos para o desenvolvimento ambiental, económico e cultural.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas da adequada promoção e justa distribuição das riquezas criadas, através dos mecanismos da economia, da educação, da cultura e da mobilização social.
Porque, enfim, saberemos enfrentar e resolver os problemas das eventuais agressões de qualquer tipo às identidades nacionais legitimamente assumidas.
“Que resta então do nacionalismo?”
Resta-nos o verdadeiro nacionalismo, claro. Um nacionalismo intemporal, o menos condicionado possível pelo acessório e secundário.
Mas essa acusação de sermos nacionalistas radicalmente inovadores - - destruidores é uma acusação a exigir outro claro esclarecimento, para não ficarem dúvidas de que não vimos nem queremos trazer a confusão e o temor ao campo nacionalista, com isso prejudicando a causa de todos, o nacionalismo, e tornando a sua defesa e desenvolvimento mais problemáticos.
Ora, de facto, o que os novos nacionalistas que somos já compreendemos é que o nacionalismo tem sido frequentemente confundido com aspectos meramente secundários dele próprio ou da sua história dos últimos cem anos.
Por exemplo: o racismo, o culto da superioridade étnica, a xenofobia ou o belicismo, como a História demonstra, não são mais intrínsecos do nacionalismo que defendemos do que o são de quaisquer outros regimes ou sistemas políticos, sociais e religiosos, quer tenham sido meras utopias, quer tenham chegado a concretizar-se historicamente.
Portanto, não tem o novo nacionalismo que ter complexos, nem se considerar herdeiro ou responsável dos complexos ou erros dos outros.
Não tem, pois, naturalmente, que pedir desculpa pelos erros e eventuais crimes seja de quem for, tenham-se eles chamado nacionalistas ou não.
O essencial do novo nacionalismo é a defesa, valorização e consolidação das nações como as entidades forjadas na História mais aptas a resistirem vitoriosamente ao totalitarismo da mundialização. A vitória sobre a mundialização resultará dos esforços de cada nação por si, como dos entendimentos bilaterais e multilaterais entre elas, e nunca dum pretenso governo mundial, que facilmente se tornaria no instrumento dum ou de algumas superpotências mundiais e regionais ou dos movimentos internacionalistas anti-globalização.
Acreditamos nas vantagens dum mundo multipolar e rejeitamos qualquer projecto de mundo uni-polar.
Não vencemos os totalitarismos do séc. XX para nos entregarmos algemados ao totalitarismo que se prepara para dominar a humanidade do séc. XXI.
Observo que dizer “vencemos” o totalitarismo do séc. XX não é uma figura de retórica, mas uma realidade verificável.
A “guerra fria” foi verdadeiramente a III Grande Guerra ou II Guerra Mundial do séc. XX, terminada com a vitória sobre a URSS, símbolo e realização mais acabada, até hoje, dum projecto totalitário.
Essa vitória não foi apenas a vitória dos EUA e da NATO, portanto das chamadas democracias. Mas igualmente a vitória da penetração e irradiação das convicções religiosas cristãs, em especial católicas, que minaram o mundo concentracionário do império marxista-leninista-estalinista. Como a vitória também da implosão nacionalista desse mundo em que o internacionalismo e imperialismo comunistas não conseguiram esmagar os sentimentos nacionais de tantos velhos povos europeus, nunca completamente amordaçados.
A vitória foi, pois, a vitória duma frente de forças democráticas, católicas e nacionalistas, frente em que as forças nacionais não foram seguramente as menos importantes.
Uma conclusão me parece inevitável e que deve ser tomada explícita para ajudar os nacionalistas a libertarem-se do complexo de inferioridade e derrotismo que os tomou após aquilo que se chamou aqui “o eclipse do nacionalismo” a seguir a 1945.
Não tenho dúvidas de que o nacionalismo, vencedor a partir de 1991, data marcante da rendição incondicional do comunismo, pôde assumir-se de novo como uma grande ideia-força do futuro.
Daí a minha insistência na vertente futurista do novo nacionalismo.
Também na guerra de 1914-18 foi enorme o esforço das nações, como tal, pelo que, se umas tantas o pagaram com a derrota, foram ainda mais as que hauriram nos seus sentimentos nacionalistas as energias e condições para a vitória.
Donde resultou o gigantesco surto nacionalista que se seguiu, que os EUA adivinharam e quiseram contrariar com a, frustrada, iniciativa da SDN, Sociedade das Nações.
Da vitória das nações na “guerra fria” — mas igualmente entre as derrotadas, como não podia deixar de ser, sobretudo na Rússia — resultaria também um forte surto nacionalista.
Mas as analogias terminam aí.
Porque não podemos tentar levar à letra os modelos nacionalistas de há oitenta anos e copiá-los ou sequer inspirarmo-nos deles, em muitos aspectos, quando as circunstâncias históricas e os problemas contemporâneos, as mentalidades e exigências dos povos, o nível dos conhecimentos e as tecnologias, etc., apresentam abissais diferenças.
Copiar esses modelos seria duma ingenuidade imperdoável.
A profundidade das nossas energias e a nossa vitalidade nacionalista não saem por isso diminuídas nem têm nada a perder.
Não voltaremos a deixar-nos prender em nacionalismos ingénuos.
Com o passado remoto aprendemos sobretudo isso: não tornar a cometer os erros de ingenuidade e presunção de alguns nacionalismos de há 80 anos, de consequências trágicas, que durante quase cinquenta anos nos desacreditaram injustamente e nos ostracizaram por completo.
Mas curámo-nos de complexos e traumas.
O decisivo para superá-los aconteceu.
A vitória de 1991 deixou-nos desta vez do lado dos vencedores. Mas não basta. O nacionalismo que encarnamos tem de apresentar-se como novo e ser realmente novo.
Novo, luminosamente novo, de face resplandecente.
Desligado e tendo cortado com as ingenuidades do passado, não será por isso menos essencialmente forte o nosso nacionalismo.
A segunda enorme oportunidade que historicamente nos é dada em cem anos, não vamos falhá-la, temos de jurá-lo a nós próprios e entre nós.
Juramento sagrado! Em nome da nova mística que toma conta de nós, uma mística sem embriaguez, lúcida mas mais que lúcida, uma mística da própria lucidez e da própria Razão.
A sua primeira virtude — diria que a própria natureza dela — será o realismo lúcido. Nem por isso menos dominador. Teremos de ser efectivamente dominadores pela força da nossa determinação lúcida.
Uma determinação e lucidez que nos obrigarão a não escamotear nenhum dos grandes problemas que se nos apresentam ou apresentem, sejam eles os mais radicais e os mais fracturantes, digamo-lo sem temores.
Só por sermos nacionalistas. Isto é, carne e inteligência e sangue e alma e natureza com os nossos Povos. Só por essa co-naturalidade com os nossos povos, com eles identificados, não vamos falhar. Seremos os melhores, teremos de ser.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas da segurança interna e externa dos nossos Povos.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas da união dos povos, nações e Estados europeus.
Porque saberemos sempre de que lado estar, sem ilusões nem precipitações, na confrontação mundial de civilizações, interesses e ideologias que se desenha.
Porque saberemos enfrentar os problemas migratórios e demográficos.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas dos recursos para o desenvolvimento ambiental, económico e cultural.
Porque saberemos enfrentar e resolver os problemas da adequada promoção e justa distribuição das riquezas criadas, através dos mecanismos da economia, da educação, da cultura e da mobilização social.
Porque, enfim, saberemos enfrentar e resolver os problemas das eventuais agressões de qualquer tipo às identidades nacionais legitimamente assumidas.
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