<$BlogRSDUrl$>

2003/07/18

Nacionalismo, Imigração e Igreja 

Oitava clarificação — Agora trata-se da Igreja, absolutamente fundamental em tudo que se relaciona com Portugal, que se pode dizer ser essencialmente uma criação da Igreja e da monarquia visionária que tivemos.
Comecemos por um simples fait divers.
Em declarações para os MCS, creio que em Junho ou princípio de Julho,* o Bispo-Chefe dos capelães militares, nas Forças Armadas Portuguesas, teve a ousadia de vir tomar posição pública sobre as reduções das verbas para as FA, no novo orçamento rectificativo, apoiando expressamente a reacção generalizada das chefias militares e acompanhando-as no alerta que haviam lançado contra a inevitabilidade da redução do número de recrutas daí necessariamente decorrente.
Não é, evidentemente, pelo alerta contra a redução das verbas em si que nos devemos revoltar, mas com a consequência apontada que também consideramos altamente perigosa.
O que deve revoltar-nos é o desplante do Senhor Bispo que, ele mesmo poucos dias antes, tinha em entrevista ao “Público” explicado a função que entende ser a dos capelães militares no seio das F. A..
Para ele, o mal da redução do número dos recrutas não é o que todos poderíamos pensar, mas totalmente outro. De facto, para o Senhor Bispo, entendia-se claramente do seu arrazoado no “Público”, o papel dos capelães
não é o da assistência religiosa aos militares, como sempre foi e não pode deixar de ser, mas pura e simplesmente o papel de levarem o pacifismo ao espírito do pessoal e convencê-los, educá-los para a ideia de que a guerra é um mal sempre, que os militares têm de evitar, contra a própria natureza e funções das F.A. e das chefias.
Pode imaginar-se infiltração mais subversiva que a dos capelães militares, no próprio cerne das F.A., se todos agirem nelas com o espírito do seu Bispo?
O seu receio, quanto às reduções das verbas para as F.A., não será afinal senão o de não vir a ter recrutas a “catequizar” para a subversão?
Como é que as F.A. não correm com um tal infiltrado?
Penso que o Senhor Bispo se terá descuidado a denunciar tão imbecilmente o seu pensamento secreto. Já sabíamos que é um irresponsável. Mas continua dentro das F.A. E estas não têm, que se conheça, um gesto decidido para neutralizá-lo?
Acreditamos, até prova em contrário, que ele não exprimiu o pensamento da Igreja Católica Portuguesa, para a qual uma estúpida e irrealista mundialização, subjacente ao pensamento (?) do Senhor Bispo, não pode ser doutrinariamente aceitável.
Só por isso, e provisoriamente, consideremos o caso um mero “fait divers”, como comecei por dizer. O que o Bispo expressou não pode ser senão a ideia dele, malevolamente destrutiva.
Alerto, em qualquer caso, os nacionalistas para mais este dislate dum Bispo que já nos habituou a eles, mas nem por isso é menos perigoso, antes pelo contrário, porque desta vez feriu os interesses nacionais no mais vivo deles, as Forças Armadas.
Tudo aponta para que as tarefas e intervenções delas, ao longo do séc. XXI, venham a ser sempre mais delicadas e decisivas e sempre mais frequentes e mais exigentes do moral combatente empenhado dos seus elementos.
E vem-nos um Bispo-Capelão, aparentemente revestido da autoridade da Santa Igreja, denunciar e depreciar, no fundo, as virtudes militares que, em vez e ao contrário disso, é urgente e imperativo recuperar e ao máximo valorizar e prestigiar?
Percebem as chefias das F.A. os problemas que um tal Bispo pode vir a criar-lhes e criar a Portugal?
Desceram e descemos assim tanto?
Pois então, fora com Sua Exa Rev. ma! E já, que se faz tarde!
O problema mais sério que nos pode vir com a Igreja é porém outro na actualidade — a crer que aquilo que acabo de referir é um simples dislate, não merecedor, por isso, da atenção da Igreja nem das F.A. E esse problema mais sério parece-me ser o seguinte.
A respeito da imigração e dos imigrantes, têm as Autoridades da Igreja e, em especial, o próprio Santo Padre, defendido ultimamente posições que, levadas à letra, se afiguram corresponder à condenação de quaisquer restrições à imigração.
Levadas à letra, repito, isso significaria, parece, a exigência de se suprimirem todas as fronteiras, bem como a condenação, nesse aspecto pelo menos, dos nacionalismos potenciais limitadores da imigração.
Tudo em nome de uma fraternidade incondicional que nos obrigaria a todos a não pôr limites à entrada nos nossos Países de quaisquer seres humanos, nossos irmãos em Cristo, vindos de outros Países, fosse em que condições fosse.
Quer dizer que a Igreja nos negaria até mesmo o direito de legítima defesa contra a invasão de hordas indiscriminadas de imigrantes?
Julgo que a Igreja tem sentido a necessidade, ultimamente, de sublinhar os princípios de modo absoluto e idealista, esquecendo aspectos práticos e existenciais que não deixou, noutros documentos menos recentes, de considerar com equilíbrio.
Será para não provocar descontentamentos e críticas das Igrejas Ortodoxas, a que estão com certeza ligados muitos dos novos imigrantes da Europa de Leste?
A verdade é que a Igreja Católica já tem problemas de sobra com as Igrejas Ortodoxas, especialmente a russa e a ucraniana. Desejará a todo o custo evitar mais um?
Será, também, para evitar censuras da Igreja uniata, ucraniana, de obediência ao Papa, à qual pertencerão muitos dos Ucranianos que imigram para o Ocidente?
Será, simultaneamente, porque uma posição diferente, em relação ao problema, poria em risco a sua capacidade de apostolado e catequização entre os Africanos, dessa África que se tem dito representar a grande esperança de crescimento do Catolicismo no séc. XXI?
Poderá ser ainda que, com a imigração, mesmo clandestina, mas contínua e massiça para os EUA de latino-americanos das Américas, supostamente de maioria católica, a Igreja também não queira prejudicar o seu futuro neste grande País, os EUA, onde o crescimento demográfico relativo das populações de origem hispano-americanas pode tender a beneficiar o prestígio e força da própria Igreja?
Enfim, tenho razões para crer que não devemos ser pessimistas. Quero dizer que a Igreja não pode ter abandonado efectivamente a sua posição prudencial de sempre nesta matéria.
Ou seja, que os princípios invocados não são aqui de efeitos absolutos mas relativos, na medida em que se confrontam interesses e direitos igualmente legítimos, que podem mesmo ser opostos. Pelo que serão as circunstâncias que devem aconselhar políticas e regulamentações específicas que, nas suas ”casas”, só os respectivos governantes poderão em consciência decidir e aplicar, para evitar aos seus Países os males que entendam dever evitar, como legitimamente lhes compete, inteiramente responsáveis que são perante os Povos que os elegeram e perante Deus e as suas próprias consciências.
Isso, mesmo sem falar, repito, do direito de legítima defesa que estaria em causa, sempre que um País não pudesse fixar limites às hordas invasoras de imigrantes que o ameacem.
Ponto final nesta matéria que diz respeito, não esqueçamos, à soberania de cada Estado, a qual só admite as restrições que o Estado negoceie.
Ou a rendição sem luta.
Ou a guerra, em legítima defesa, não esqueçamos.

* De 2001

Etiquetas: , , ,


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional