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2012/04/27

Surpresa na França 

A primeira volta das presidenciais francesas foi mais um exemplo acabado de como as sondagens são politicamente manipuladas e enviesadas pela esquerda. Por vários motivos:
Hollande ia bater Sarkozy por maior diferença. A diferença foi apenas 2%.
Marine Le Pen ficaria pelos 13-14%. Teve 18%.
O candidato comunista era a grande figura destinada a retirar Marine Le Pen do 3º lugar. Não conseguiu, ficou pelos 11%.
As sondagens são assim. Pouco têm a ver com a realidade.

Para a 2ª volta, Sarkozy precisa de Marine Le Pen ou, pelo menos, de que ela convença os seus eleitores a votar em Sarkozy. E precisa também de Bayrou e do seu eleitorado. Só assim poderá ganhar a Hollande.

Mas, de quem Sarkozy está mais dependente é de Marine Le Pen. Como irá Sarkozy arrebanhar esses 18%? Irá ele negociar contrapartidas com Marine Le Pen de modo a garantir o seu apoio?

Qualquer mensagem de Marine Le Pen pode ser fatal para Sarkozy. Se Marine Le Pen der apoio explícito a Sarkozy, este tem a esquerda a berrar e a meter medo ao eleitorado, colando-o à "extrema-direita". Se Marine Le Pen apoiar publicamente Sarkozy podem dar-se duas situações bizarras: se Sarkozy ganhar, Le Pen poderá dizer que foi com os seus votos e pretenderá partilhar a vitória. Se perder, poderá dizer que nem com os seus votos Sarkozy conseguiu ganhar, ou seja, que o valor de Sarkozy foi "revisto em baixa". Sarkozy está tramado e tem que gerir muito bem os apoios que precisa.

O melhor talvez seja um apoio silencioso, com a contrapartida de uma "colaboração estratégica" no próximo governo. Se Sarkozy for o Presidente, claro está. Marine Le Pen tem ideias diferentes do vulgo político eurolandês, mas é uma pessoa respeitável.

A verdade é que a imigração já entrou na agenda política francesa para além do espectro político de Marine Le Pen, ao ponto de haver propostas para rever, ou reverter, o Tratado de Schengen, e fazer, de novo, funcionar as fronteiras.

De qualquer forma, e apesar da questão da imigração em França, pelo tipo de imigração que se trata (muito diferente do que sucede noutros países como Portugal, e à semelhança do que sucede no Reino Unido, Holanda e Bélgica) ser um caso sério, o principal problema da França não é a imigração, mas sim uma população crescentemente envelhecida, um sistema social cada vez mais insustentável do ponto de vista económico, uma natalidade baixa, uma coesão familiar debilitada, enfim, o declínio demográfico. A França, tal como Portugal, tem todos os indicadores de um país com dificuldades de sobrevivência. E disto, os imigrantes não têm culpa.

Manuel Brás

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