2009/04/21
O Homem, o Militar, o Santo
Manuel Brás
No próximo dia 26 de Abril – data sugestiva – o Beato Nuno de Santa Maria, ou o Santo Condestável como também é conhecido entre nós, portugueses, será elevado à honra dos altares em Roma.
Trata-se de um reconhecimento desejado ao longo dos tempos por muitos portugueses, mesmo nos actuais tempos em que campeia a moleza e o anti-heroísmo, o Santo Condestável continua a ser uma referência para, como Homem, como Militar e como Santo, ao mesmo tempo que não deixa de ser profundamente incómodo, por essas mesmas razões, para alguns espíritos.
Um aspecto frequentemente esquecido quando se considera a demora na sua canonização é que não basta D. Nuno ter sido um herói militar, que foi, para ser santo. O ter sido herói militar, sem o qual, provavelmente, Portugal hoje não existiria, faz dele um herói nacional ímpar, mas não é por isso que ele é canonizado. Há muitos outros heróis militares e nacionais que não são canonizados.
D. Nuno Alvares Pereira é reconhecido santo porque viveu heroicamente as virtudes cristãs, em primeiro lugar a Fé, a Esperança e a Caridade, na sua vida profissional, militar, familiar, de relação com os outros, e depois quando se afastou do mundo para viver como frade carmelita. Podemos imaginar que o Santo Condestável foi muito competente no seu trabalho como chefe militar, aí terá vivido a caridade com os outros, terá sido humilde, desprendido, até da própria vida, terá vivido para o serviço dos outros, tal como em relação à sua família, a todos quantos com ele conviveram e, por fim, na Ordem do Carmo.
Diz-se que ele ao retirar-se do mundo para a Ordem do Carmo desprezou o mundo, mas talvez seja mais correcto pensar e dizer que desprezou as honras deste mundo, o que não é exactamente o mesmo. Como é que ele podia desprezar um mundo no qual tanto se envolveu, pelo qual lutou, e que sabia saído da mãos de Deus?
Sobra uma questão: porquê a demora?
É que para instruir e completar um processo de canonização fazem falta sinais de Deus, que existem, mas também faz falta o trabalho dos homens, reunir documentação sobre a vida do santo, de acordo com os vários passos, e esse trabalho não estava feito.
Alguns portugueses pensavam que bastava ser herói nacional para ser canonizado, sem mais, e estavam perplexos com a demora, atirando culpas ao lobby espanhol da Cúria Romana.
Como sucede noutros domínios da vida portuguesa, exige-se que as coisas apareçam feitas e que os outros façam aquilo que não nos dispomos a fazer.
Neste caso, o lobby espanhol foi a nossa incúria durante muitos anos.
http://www.patriarcado-lisboa.pt/documentacao/2009_Canonizacao_NAPereira.doc
No próximo dia 26 de Abril – data sugestiva – o Beato Nuno de Santa Maria, ou o Santo Condestável como também é conhecido entre nós, portugueses, será elevado à honra dos altares em Roma.
Trata-se de um reconhecimento desejado ao longo dos tempos por muitos portugueses, mesmo nos actuais tempos em que campeia a moleza e o anti-heroísmo, o Santo Condestável continua a ser uma referência para, como Homem, como Militar e como Santo, ao mesmo tempo que não deixa de ser profundamente incómodo, por essas mesmas razões, para alguns espíritos.
Um aspecto frequentemente esquecido quando se considera a demora na sua canonização é que não basta D. Nuno ter sido um herói militar, que foi, para ser santo. O ter sido herói militar, sem o qual, provavelmente, Portugal hoje não existiria, faz dele um herói nacional ímpar, mas não é por isso que ele é canonizado. Há muitos outros heróis militares e nacionais que não são canonizados.
D. Nuno Alvares Pereira é reconhecido santo porque viveu heroicamente as virtudes cristãs, em primeiro lugar a Fé, a Esperança e a Caridade, na sua vida profissional, militar, familiar, de relação com os outros, e depois quando se afastou do mundo para viver como frade carmelita. Podemos imaginar que o Santo Condestável foi muito competente no seu trabalho como chefe militar, aí terá vivido a caridade com os outros, terá sido humilde, desprendido, até da própria vida, terá vivido para o serviço dos outros, tal como em relação à sua família, a todos quantos com ele conviveram e, por fim, na Ordem do Carmo.
Diz-se que ele ao retirar-se do mundo para a Ordem do Carmo desprezou o mundo, mas talvez seja mais correcto pensar e dizer que desprezou as honras deste mundo, o que não é exactamente o mesmo. Como é que ele podia desprezar um mundo no qual tanto se envolveu, pelo qual lutou, e que sabia saído da mãos de Deus?
Sobra uma questão: porquê a demora?
É que para instruir e completar um processo de canonização fazem falta sinais de Deus, que existem, mas também faz falta o trabalho dos homens, reunir documentação sobre a vida do santo, de acordo com os vários passos, e esse trabalho não estava feito.
Alguns portugueses pensavam que bastava ser herói nacional para ser canonizado, sem mais, e estavam perplexos com a demora, atirando culpas ao lobby espanhol da Cúria Romana.
Como sucede noutros domínios da vida portuguesa, exige-se que as coisas apareçam feitas e que os outros façam aquilo que não nos dispomos a fazer.
Neste caso, o lobby espanhol foi a nossa incúria durante muitos anos.
http://www.patriarcado-lisboa.pt/documentacao/2009_Canonizacao_NAPereira.doc
Etiquetas: D. Nuno Álvares Pereira, Manuel Brás