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2008/06/27

Surto Inesperado de Proto-Fascismo (5) 

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O gerente hoteleiro da Quinta das Lágrimas foi surpreendido por uma visita de que nunca ouvira falar.

De facto, o recém-proclamado “Duce” dos camionistas de Portugal teve uma primeira noite maldita depois da sua proclamação.

Ele fizera um esforço desproporcionado às suas capacidades para perceber o que o seu “criador” pretendia dizer com as teorias do proto-fascismo expostas no artigo dum jornal que ele detestava, por considerá-lo “pretensioso e presumido”, mas por que agora tinha de passar a interessar-se. Isso segundo lhe diziam conselheiros de superior confiança, para quem o jornal era difícil de ler, mas era indispensável a quem quer que tivesse grandes responsabilidades e ambições políticas… Ou político-populistas, como também lhe explicavam, julgavam esses que para facilitar, mas complicando-lhe ainda mais o entendimento e enchendo-o, passo a passo, de cada vez mais e maiores dores de alma…

O “Duce” procurou o hoteleiro num hotel ou motel da A1, onde lhe garantiam que ele passaria a noite. Constava que a caminho de Sintra, onde o emérito hoteleiro e pensador político combinara encontrar-se com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para desenharem as linhas da sua anunciada colaboração futura com o Município lisboeta. Para quê?... Para participar na resolução de complicados problemas urbanísticos da capital que, se resolvidos a gosto do presidente e do governo, naturalmente o projectariam para um plano histórico nada menos que o equivalente moderno dum Marquês de Pombal, reconstrutor da Lisboa arrasada pelo Terramoto de 1755.

E o facto, achou o “Duce”, não se percebe por que carga de água, o facto é que o futuro “marquês de Pombal” o recebeu empolado, como se tivesse engolido já o próprio marquês.

Mas, enfim… o novo “Duce” já tinha, apesar de simples camionista-proprietário, o calo da vida bastante ou instintivo para não falar disso, que ainda não viera nos jornais, julgava ele e podia ser segredo de estado, tanto que, afinal, só o seu adjunto, o seu Duce-adjunto, aludira a tal muito pela rama e sem dar grande importância.

De facto, também a ele, Duce, vistas as coisas agora, na frente do seu criador em pessoa, que o recebia, como se havia muito se conhecessem, com a mais amável e mesmo simpática familiaridade, também a ele, “Duce”, tudo isso se lhe afigurasse também uma história sem nem grande nem pequena importância.

Como, de algum modo, se enganava redondamente!

Tanto ele, Duce propriamente dito, como aliás o seu Duce-Adjunto ou Duce-Impropriamente dito.

A.C.R.

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