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2007/06/25

Um acordo talvez inútil 


É notável o esforço de Merckel em alinhavar um acordo entre 27 partes, com que a Alemanha deixa a Presidência da UE.

Mas faz lembrar um dos últimos actos de bravura de um soldado prestes a perder a guerra. É sugestivo, pois ela, sendo alemã, deve saber bem o que é isso.

Em resumo, o que ficou acordado foi que o sistema de dupla maioria fica adiado para 2014, por pressão da Polónia, um Presidente da UE de longa duração, um Alto Representante para os Negócios Estrangeiros, deixando cair a figura do Ministro por pressão do Reino Unido, redução dos poderes de veto nacionais e maiores poderes para o Parlamento Europeu. Tudo isto a ser ratificado por cada “Estado-membro” em 2009. Vamos ver se com ou sem referendos.

Ora, é sabido como há um conjunto de Nações europeias que prezam a sua soberania, a sua liberdade e a sua independência, por enfrentarem um maior perigo de as perderem, como a Polónia, e não estão dispostas a aceitar um modelo em que são dirigidas exteriormente, desta vez por via administrativa, a partir de Berlim e de Bruxelas.

A Alemanha idealiza uma Europa à sua medida, tal como a França. Os ingleses, que topam de gingeira os tiques do “contenente” também se põem ao fresco e só estão para o que lhes interessa. E fazem muito bem.

Porquê esta divisão no seio das Nações europeias? Porque aquilo que, mais ou menos subrepticiamente, se pretende é uma união política baseada numa ditadura administrativa, cheia de regulamentos e directivas, com Central em Bruxelas. Precisamente aquilo que a Europa nunca foi. Na Europa existe união em muitas coisas, mas nunca na política. O que tem a Europa em comum? Qual é a sua matriz identitária? A cultura e muitas facetas da História: Jerusalém, Atenas e Roma, é o que une os europeus.

Querer passar por cima disto, senão mesmo negá-lo, à base de toneladas de regulamentos e de artigos constitucionais é um vulgar exercício de miopia política.

Os cinco pontos acordados para servir de base ao tratado, a fazer fé no significado das palavras, lesam a soberania e a independência políticas de muitos Estados. É por isso que já existem forças políticas a pugnar por referendos e a colocar obstáculos ao tratado.

Outra hipótese é as sociedades e os povos lesados pelo centralismo de Bruxelas ignorarem o tratado e viver como se não existisse.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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