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2006/12/06

Os boatos… o concurso da RTP… e os bastidores salazaristas… 

No “Público” de três do corrente, Mário Mesquita dedicava o seu habitual artigo dos domingos ao “boato” de que o concurso “grandes portugueses” estaria “em pausa”, porque “os resultados obtidos por António de Oliveira Salazar teriam atingido proporções embaraçosas para os organizadores do programa .”

Embaraçosas, porquê?

Porque Salazar, diz M.M., porque Salazar foi um “ditador”, governando com a PIDE, com a censura prévia, com a tortura e pelo exílio (dos adversários, entende-se).

Não tira, porém, a conclusão mais óbvia, isto é, que os portugueses talvez considerem tudo isso relativamente secundário, na conjuntura, o que seria evidentemente desastroso.

Tira, porém, outra conclusão que não deixa de ser muito interessante e, politicamente mais útil.

Primeiro insinua que, a ser verdadeiro o boato, “talvez a sua imagem (de Salazar) ganhe outros contornos, enquanto sinal de desilusão com o regime democrático”.

A grande descoberta!

Mas porque não culpa M.M. os políticos e “estadistas” democráticos e suas políticas de verdadeiramente culpados dos sinais de desilusão com o regime democrático?

Salazar, culpado de tudo, também é culpado disso, das falências “democráticas” e republicanas, ou monárquicas que fossem?

Penso muito convictamente que, pelo contrário, o regime vigente deve o seu relativo sucesso, em continuidade e duração, sobretudo a Salazar, à seriedade e profundidade que introduziu nos hábitos e práticas dos portugueses, no seu dia-a-dia, ou seja, no seu modo de encararem a política e os fenómenos políticos em geral.

Os portugueses terão percebido isso e talvez, exactamente por isso, tenham votado em Salazar… pelo que lhe devem em compreensão da importância, dignidade e seriedade da política.

A ponto de até levarem a sério a maior parte desses políticos e políticas?

É paradoxal?

Nada, de facto, menos paradoxal.

O grande achado de M.M. não estava, porém, ainda por aí.

“Não apenas a esquerda democrática estará em causa” – diz M.M. – se a figura de Salazar “ressurge” através do concurso da RTP, mas também a “direita democrática, por não ter conseguido substituir-se à herança salazarenta”, apesar da figura de Francisco Sá Carneiro, como principal referência do centro-direita em Portugal, no séc. XX.

Mais bombasticamente ainda, M.M. termina como segue, para o caso de Sá Carneiro não vir a ficar à frente de Salazar, no concurso dos “grandes portugueses”.

“Se os concursos da RTP – escreve M.M. – vierem confirmar que o herói da direita autoritária prevalece, na opinião pública portuguesa, sobre o herói da direita democrática e moderada, a questão não é exclusiva de nenhum quadrante político, nem respeita apenas ao passado. Afecta todos os portugueses. Condiciona o futuro do regime democrático.”

O pavor deve ser realmente enorme, para M.M. assim ter perdido a cabeça, além da noção das proporções. A ponto de ter afirmado, linhas antes:

“A votação poderá reflectir o trabalho de bastidor de salazaristas convictos, mas (…) não é destituída de significado.”

Sim, M.M. tem de facto razões para tremer com os fantasmas “salazarista” assim tão organizados nos bastidores.

Só tem que apontá-los às Polícias.

A.C.R.

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