2006/10/10
Três Tabuleiros
A contenda que se aproxima a propósito do prometido referendo sobre a liberalização do aborto, que todos querem que decorra com moderação – esperem só por uma sondagem mais desfavorável ao “sim” e vão ver a “moderação” – surge num momento em que se questiona se o aborto é uma questão religiosa, ética ou política.
Creio que, em verdade, se pode dizer que é tudo isso.
É uma questão política pela simples razão de que são os políticos que fazem as leis, ao que se pode acrescentar que, eventualmente, é causa que fará parte integrante de alguma ideologia, passando a ser também ideológica.
É uma questão religiosa na medida em que entre 80 a 90% dos portugueses se identifica com uma mundividência cristã, independentemente se vive de forma mais ou menos coerente com isso: é outra questão. Podemos assim dizer, sem receio de errar, que Portugal é um país endemicamente cristão, que admite, como consequência, que Deus é o Criador e Senhor de toda a vida e que os homens e mulheres, em concreto, prestarão contas sobre a forma como lidam com esse dom. Creio que a aceitação deste pressuposto é pacífica entre os cristãos e dele decorre uma responsabilidade que ultrapassa a autoridade humana.
É para todos, crentes e não crentes, uma questão de ética e de direito natural, na medida em que para proteger um bem como a vida humana, que muitos têm como o mais precioso e anterior a todos, desde o ventre materno – da concepção –, à morte natural, bastam as categorias e a argumentação da razão natural que a todos assiste, independentemente da religião. É com base nestas comuns categorias da razão natural que pode assentar a argumentação entre crentes e não crentes, e entre crentes das várias religiões. É este o fundo comum, a razão natural humana, que sustenta, e de onde podem sair, entendimentos comuns sobre um assunto tão delicado e ameaçador para a nossa civilização.
É isto que os homens e mulheres dos diferentes grupos da sociedade civil têm em comum.
Creio que é por este motivo que D. José Policarpo considera que o aborto, do ponto de vista da sociedade civil, não é uma questão religiosa. Porque se o fosse, diria só respeito aos católicos e impediria que os não cristãos combatessem também pela defesa da vida.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
Creio que, em verdade, se pode dizer que é tudo isso.
É uma questão política pela simples razão de que são os políticos que fazem as leis, ao que se pode acrescentar que, eventualmente, é causa que fará parte integrante de alguma ideologia, passando a ser também ideológica.
É uma questão religiosa na medida em que entre 80 a 90% dos portugueses se identifica com uma mundividência cristã, independentemente se vive de forma mais ou menos coerente com isso: é outra questão. Podemos assim dizer, sem receio de errar, que Portugal é um país endemicamente cristão, que admite, como consequência, que Deus é o Criador e Senhor de toda a vida e que os homens e mulheres, em concreto, prestarão contas sobre a forma como lidam com esse dom. Creio que a aceitação deste pressuposto é pacífica entre os cristãos e dele decorre uma responsabilidade que ultrapassa a autoridade humana.
É para todos, crentes e não crentes, uma questão de ética e de direito natural, na medida em que para proteger um bem como a vida humana, que muitos têm como o mais precioso e anterior a todos, desde o ventre materno – da concepção –, à morte natural, bastam as categorias e a argumentação da razão natural que a todos assiste, independentemente da religião. É com base nestas comuns categorias da razão natural que pode assentar a argumentação entre crentes e não crentes, e entre crentes das várias religiões. É este o fundo comum, a razão natural humana, que sustenta, e de onde podem sair, entendimentos comuns sobre um assunto tão delicado e ameaçador para a nossa civilização.
É isto que os homens e mulheres dos diferentes grupos da sociedade civil têm em comum.
Creio que é por este motivo que D. José Policarpo considera que o aborto, do ponto de vista da sociedade civil, não é uma questão religiosa. Porque se o fosse, diria só respeito aos católicos e impediria que os não cristãos combatessem também pela defesa da vida.
Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Em Defesa da Vida, Manuel Brás