2006/05/02
O novo nacionalismo tem que ser monárquico?
Anti-monárquico e republicano?
Ou neutro em matéria de regime?
As questões põem-se porque durante muito tempo era quase um imperativo ser-se monárquico para ter legitimidade nacionalista.
Como oposição ao regime republicano que, em geral, os monárquicos haviam assumido, tinham-se eles também por a verdadeira elite politicamente formada ou, pelo menos, a mais bem formada e a única com uma verdadeira alternativa política e de governo.
Isto chegou a ser em grande parte a verdade e, por isso, quando o nacionalismo, isto é, a política ao serviço da nação, se foi tornando cada vez mais a bandeira política dominante da oposição ao regime republicano vigente, não admira que os monárquicos acreditassem no “óbvio”: isto é, que para ser nacionalista, não poderia ser-se, ao mesmo tempo, senão monárquico.
Na esteira deles, muitos aceitaram explícita ou implicitamente que o nacionalismo seria compatível só com a monarquia e o monarquismo, quando mais não fosse porque aparentemente a ideologia e objectivos monárquicos dariam mais força ao nacionalismo.
Havia, portanto, em tudo isto, mais uma espécie de pragmatismo, politicamente utilitário, do que verdadeira compreensão dos fenómenos políticos e da história do pensamento e movimentos sócio-políticos.
Alguns tentaram dar à questão uma razão de fundo ou mais profunda: o nacionalismo, como política ao serviço da nação, não poderia deixar de ser monárquico porque, na Europa, que era o que contava, todas as nações foram produtos de muitos séculos de vida em monarquia.
Os que assim raciocinassem condenavam à partida as suas próprias aspirações e convicções nacionalistas.
Porquê?
Porque num mundo tendencialmente cada vez mais “republicano”, desde há dois séculos e tal, acabaria por não haver lugar para o nacionalismo, o que contraria os factos, que revelam crescente número de Estados republicanos assumindo natureza de regimes políticos de carácter de facto nacionalista.
Digamos que, na verdade, muitas nações modernas nasceram republicanas e nem por isso menos nacionalistas que outras muito mais antigas, nascidas monárquicas.
Tenho de concluir que os novos nacionalistas estamos acima das questões de regime, pelo que o novo nacionalismo, como tal, rejeita preferências de regime.
Quero dizer que nenhum nacionalismo tem de estar ao serviço de qualquer restauracionismo na matéria, nem existirá para, como tal, abater seja que regime for. O que naturalmente não exclui que, na prática, não possa ou não tenha um nacionalista de pronunciar-se sobre qual regime, em certa fase da história, serve melhor ou deixou de servir o interesse nacional.
Mas só conjunturalmente.
A.C.R.
Como oposição ao regime republicano que, em geral, os monárquicos haviam assumido, tinham-se eles também por a verdadeira elite politicamente formada ou, pelo menos, a mais bem formada e a única com uma verdadeira alternativa política e de governo.
Isto chegou a ser em grande parte a verdade e, por isso, quando o nacionalismo, isto é, a política ao serviço da nação, se foi tornando cada vez mais a bandeira política dominante da oposição ao regime republicano vigente, não admira que os monárquicos acreditassem no “óbvio”: isto é, que para ser nacionalista, não poderia ser-se, ao mesmo tempo, senão monárquico.
Na esteira deles, muitos aceitaram explícita ou implicitamente que o nacionalismo seria compatível só com a monarquia e o monarquismo, quando mais não fosse porque aparentemente a ideologia e objectivos monárquicos dariam mais força ao nacionalismo.
Havia, portanto, em tudo isto, mais uma espécie de pragmatismo, politicamente utilitário, do que verdadeira compreensão dos fenómenos políticos e da história do pensamento e movimentos sócio-políticos.
Alguns tentaram dar à questão uma razão de fundo ou mais profunda: o nacionalismo, como política ao serviço da nação, não poderia deixar de ser monárquico porque, na Europa, que era o que contava, todas as nações foram produtos de muitos séculos de vida em monarquia.
Os que assim raciocinassem condenavam à partida as suas próprias aspirações e convicções nacionalistas.
Porquê?
Porque num mundo tendencialmente cada vez mais “republicano”, desde há dois séculos e tal, acabaria por não haver lugar para o nacionalismo, o que contraria os factos, que revelam crescente número de Estados republicanos assumindo natureza de regimes políticos de carácter de facto nacionalista.
Digamos que, na verdade, muitas nações modernas nasceram republicanas e nem por isso menos nacionalistas que outras muito mais antigas, nascidas monárquicas.
Tenho de concluir que os novos nacionalistas estamos acima das questões de regime, pelo que o novo nacionalismo, como tal, rejeita preferências de regime.
Quero dizer que nenhum nacionalismo tem de estar ao serviço de qualquer restauracionismo na matéria, nem existirá para, como tal, abater seja que regime for. O que naturalmente não exclui que, na prática, não possa ou não tenha um nacionalista de pronunciar-se sobre qual regime, em certa fase da história, serve melhor ou deixou de servir o interesse nacional.
Mas só conjunturalmente.
A.C.R.